Flávio Josefo
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Flávio Josefo, Flávio José (em latim "Flavius Josephus") , nascido Yosef Ben-Matityahu (c. Jerusalém 37 ou 38[1] – Roma c. 100 ou 103) foi um historiador judeu, romanizado.
A sua obra é fonte primária para o estudo da Primeira Rebelião Judaica (66-70[2]), e que culminou com a destruição de Jerusalém e do Templo de Salomão, com a separação definitiva do Cristianismo do Judaismo e com a origem da Dinastia Flaviana, que reinou de 69 a 96.
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[editar] Biografia
As informações de que dispomos sobre a sua vida provêm da sua auto-biografia. Teria nascido em Yirushalayim (Jerusalém) em uma família de cohanim onde teria recebido uma educação sólida na Torá. A sua mãe descendia da família real dos Hasmoneus. Aos treze anos de idade iniciou o seu aprendizado sobre três das quatro seitas judaicas: saduceus, fariseus e essênios optando aos dezenove anos de idade por aderir ao farisaísmo[3].
Em 64, contando com vinte e seis anos de idade, seguiu numa embaixada a Roma onde obteve, por intermédio da imperatriz Popeia Sabina, a libertação de alguns sacerdotes hebreus condenados pelo procônsul romano Félix.
Ao regressar à Judéia, Jerusalém encontrava-se à beira da revolta. Josefo procurou dissuadir os líderes mas os seus esforços foram inúteis, tendo os revoltosos tomado a Fortaleza Antónia (66). Josefo, com receio de ser acusado de partidário dos Romanos refigiou-se no Templo. Entretanto, após a morte de Manaém e dos principais líderes da revolta, uniu-se aos sacerdotes do San’hedrin (Sinédrio) que, naquele momento, aguardavam a chegada das tropas de Cássio para sufocar a revolta, o que não se concretizou pela derrota destas.
Foi enviado pelo Sinédrio para a Galiléia, que não se revoltara totalmente. À sua chegada, relatou a Jerusalém que os Galileus estavam prestes a marchar sobre Séforis, cidade leal a Roma. Foi designado então, pelo Sinédrio, para governar militarmente a província, que fez fortificar. Defrontou-se com a oposição dos extremistas liderados por João de Giscala, que o acusavam de tender à contemporização.
Enfrentou as forças de Plácido, enviadas por Géstio Galo para a região. Em 67 as tropas de Vespasiano tomaram Jotápata, e Josefo, com quarenta homens, escondeu-se em uma cisterna. Com a descoberta do esconderijo, foi-lhes proposto que se rendessem, em troca, das próprias vidas. Os judeus preferiram a morte à rendição, e passaram a tirar as sortes para que um matasse o outro até que todos tivessem morrido. Em circunstâncias não bem esclarecidas, restaram apenas Josefo e mais um homem, a quem convenceu a entregarem-se aos Romanos. Ao se entregar, Josefo predisse que Vespasiano tornar-se-ia imperador, o que aconteceu em pouco tempo, e fez com que este libertasse Josefo.
No cerco de 70 a Jerusalém, Josefo fez discursos incitando os revoltosos ao arrependimento, sem que fosse ouvido. Indo para Roma, após a queda de Jerusalém, foi bem aceite, tendo assumido o nome romano de seu protetor Flávio Vespasiano, e recebido a cidadania romana, e uma grande extensão de terras na Judéia. As horarias prosseguiram sob o reinado de Tito e de Domiciano.
[editar] Obra
Escreveu um relato da Grande Revolta Judaica, dirigida à comunidade judaica da Mesopotâmia, em língua aramaica. Escreveu, depois, em grego, outra obra de cariz histórico que abarcava o período que vai dos Macabeus até à queda de Jerusalém. Este livro, a "Guerra Judaica", foi publicado em 79. A maior parte do livro é directamente inspirada na sua própria vida e experiência militar e administrativa.
As Antiguidades Judaicas (escritas cerca de 94 em grego) é a história dos Judeus desde a criação do Génesis até à irrupção da guerra da década de 60. Acrescentou, no final, um apêndice autobiográfico onde defendeu a sua posição colaboracionista em relação aos invasores romanos. O seu relato, ainda que com um paralelismo evidente em relação ao Antigo Testamento, não é idêntico ao das escrituras sagradas. Há quem defenda que estas diferenças se devam à possibilidade de Josefo ter tido acesso a documentos antigos (que remontariam até à época de Neemias) que teriam sobrevivido à destruição do templo. A maior parte dos académicos não dá crédito a tal suposição. Neste livro encontra-se o famoso Testimonium Flavianum, uma das referências mais antigas à Jesus mas considerada uma interpolação fraudulenta posterior por grande parte dos estudiosos.
Contra Ápion é outra obra importante deste autor, onde o Judaísmo é defendido como religião e filosofia realmente clássica, em contraponto às tradições mais recentes dos gregos. O livro serve para expor e refutar algumas alegações anti-semíticas de Ápion, bem como mitos antigos, como os de Maneton.
Sua última obra, foi uma autobiografia, que nos revela o nome do adversário ("Justo, filho de Pistos, de Tiberíade"), ao qual essa obra vem responder e as censuras que lhe faz Josefo. Essa obra é cheia de lacunas, confusa e hipertrofiada. E ela traz sobre a vida de Josefo informações preciosas, que não encontramos em nenhum outro historiador da antiguidade.
Notas
- ↑ Nas suas próprias palavras: "...eu tenho o meu nascimento no primeiro ano do reinado do imperador Caio César." (JOSEFO, Flávio. Autobiografia.)
- ↑ Algumas fortificações dos rebeldes zelotas resistiram mais algum tempo, como Macheron, Herodium e, por último, Massada (73) (JOSEFO, Flávio. Guerra dos Judeus.)
- ↑ Em sua obra, Josefo atribui aos Zelotas, a quarta seita, a responsabilidade por ter incitado a revolta contra os Romanos, que conduziu à destruição de Jerusalém e do Templo.
[editar] Ligações externas
- (en) Project Gutenberg - Catálogo de Flávio Josefo
- (en) Obras de Flávio Josefo na Christian Classics Ethereal Library
- (pt) Flávio Josefo: Traidor ou Traído? Revista Morashá