Leucemia
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Um aspirado de medula óssea de um paciente com leucemia linfocítica aguda. | |
CID-10 | C91.-C95. |
CID-9 | 208.9 |
CID-O: | 9800-9940 |
DiseasesDB | 7431 |
MeSH | D007938 |
A leucemia (do grego leukos λευκός, "branco"; aima αίμα, "sangue") é uma neoplasia maligna (cancro) que atinge o sangue mas que tem origem na medula óssea tendo causas desconhecidas mas que envolvem alterações gênicas como translocações e deleções. Ela tem como principal característica uma proliferação anormal de células da medula óssea, que originariam as células sanguíneas, e, a depender da linhagem dessas células terá-se o tipo de leucemia (mielóide ou linfóide).
Existem diversos tipos de leucemias, cada uma com características como prognóstico e tratamento diferentes, sendo, desta forma, o termo leucemia uma designação muito ampla. Os principais tipos de leucemia são:
- leucemia linfóide aguda: o tipo de leucemia mais freqüente na criança
- leucemia mielóide aguda: mais comum no adulto
- leucemia linfóide crônica: mais comum em idosos
- leucemia mielóide crônica: mais comum em idosos
Índice |
[editar] Classificação
Leucemia é um termo amplo que cobre um espectro de diversas doenças
Clinicamente e patologiamente a leucemia é dividida em formas aguda e crônica.
- A leucemia aguda é caracterizada pelo crescimento rápido de células imaturas do sangue. O tratamento deve ser imediato pela rápida progressão e acumulo de células malignas que invadem a circulação periférica e outros orgãos. Geralmente acomete crianças e adultos jovens.
- A leucemia crônica é caracterizada pelo aumento de células maduras mas anormais. Sua progressão pode demorar de meses a anos. Geralmente acomente pessoas mais velhas.
Além disso, as doenças são classificadas entre linfoblásticas ou leucemias linfóides, que indicam que uma mudança cancerosa ocorreu em um tipo de célula da medula óssea que geralmente toma forma de linfócitos, ou mielóides ou leucemias mielóides, que indicam que uma mudança cancerosa ocorreu em um tipo de célula da medula óssea que normalmente toma forma de hemácias, alguns tipos de leucócitos e plaquetas.
A combinação dessas duas classificações gera quatro doenças:
Tipo de célula | Aguda | Crônica |
---|---|---|
Leucemia linfocítica (ou "linfoblástica") |
Leucemia linfocítica aguda (LLA) | Leucemia linfocítica crônica (LLC) |
Leucemia mielóide (ou "não-linfocítica") |
Leucemia mielóide aguda (LMA) | Leucemia mielóide crônica (LMC) |
Dentro destas categorias principais, existem diversas subcategorias. Um dos tipos de leucemia classificado fora destas categorias inclui a leucemia de células pilosas.
Tipo | Ocorrência | Taxa de sobrevivência em 5-anos | Tratamento |
---|---|---|---|
Leucemia linfocítica aguda | Tipo mais comum de leucemia em crianças jovens. Este tipo também afeta adultos, especialmente com mais de 65 anos. | 85% em crianças e 50% em adultos[1] | Bone marrow and systemic disease control, prevention of spreading, e.g. to CNS |
Leucemia linfocítica crônica | Mais frequentemente afeta adultos acima de 55 anos. Às vezes ocorre em adultos jovens, mas quase nunca afeta crianças. ⅔ dos afetados são homens. | 75%[2] | Incurável |
Leucemia mielóide aguda | Ocorre mais comumente em adultos do que em crianças, sendo mais comuns em homens do que em mulheres. | 40% [3] | Bone marrow and systemic disease control, specific treatment of CNS, if involved |
Leucemia mielóide crônica | Ocorre principalmente em adultos. Um número muito pequeno de crianças também desenvolve esta doença. | 90% [4][5] | |
Leucemia de células pilosas | Cerca de 80% dos afetados são homens adultos. Não há caso relatados em crianças jovens. | 96% a 100% em dez anos[6] | Incurável, mas facilmente tratável |
[editar] Causas
Não existe uma causa única para todos os tipos de leucemias. Cada tipo de leucemia possui sua própria causa. Suspeita-se de ser causada por fatores diversos, dentre eles: herança genética, desencadeamento após contaminação por certos tipos de vírus, radiação, poluição, tratamento quimioterápico entre outros. Algumas vezes, pensa-se muito a respeito da baixa imunidade (onde células podem destruir células cancerígenas)ou alguma falha no sistema imunológico que fizesse com que alguma célula anormal não fosse destruída e se reproduzisse, dando início ao câncer. Não se pode determinar de forma exata como a leucemia se desencadeia em um indivíduo específico, mas é possível verificar através de seu próprio histórico a possível causa.
[editar] Sintomas
As manifestações clínicas da leucemia são secundárias à proliferação excessiva de células imaturas (blásticas) na medula óssea, que infiltram os tecidos do organismo, tais como: amígdalas, linfonodos (ínguas), pele, baço, rins, sistema nervoso central (SNC) e outros. A proliferação rápida das células leucêmicas faz com que estas vão ocupando cada vez mais a medula óssea, não deixando mais as células normais (hemácias, leucócitos e plaquetas) se reproduzirem normalmente e saírem da medula óssea, causando os sintomas.
- Síndrome anêmica: aparecem pela redução da produção dos eritrócitos pela medula óssea.
- Sonolência;
- Cansaço;
- Irritabilidade e fraqueza;
- Pouca fome, conseqüentemente, emagrecimento;
- Palpitações;
- Dores de cabeça;
- Tonturas;
- Desmaios;
- Em casos mais graves, palidez.
- Síndrome trompocitôpenica (hemorragias): aparecem pela redução de plaquetas que são de grande importância para a coagulação do sangue, pois evitam os sangramentos.
- Hematomas (manchas roxas) grandes que aparecem sem trauma algum;
- Hematomas (manchas roxas) que aparecem e reaparecem, sucessivamente, após pequeno trauma;
- Petéquias (pequenas pintinhas vermelhas de sangue que aparecem na pele);
- Petéquias dentro da boca;
- Epistaxe;
- Sangramento gengival;
- Menstruação excessiva;
- Algumas vezes, sangue nas fezes;
- Síndrome leucopênica (mais neutropênica):aparecem pela diminuição de leucócitos normais, principalmente os neutrófilos, que atuam na defesa do organismo contra infecções.
- Infecções freqüentes;
- Língua dolorida, machucada;
- Aftas, machucados freqüentes que aparecem e reaparecem dentro da boca ou no lábio;
- Febre;
- Algumas vezes, suor excessivo durante a noite e gânglios linfáticos saltados;
- Esplenomegalia e/ou Hepatomegalia (sensação de barriga cheia, lotada).
Ocasionalmente, também pode ocorrer:
- Infiltração das células leucêmias nos órgãos, tecidos e ossos causando:
- Dor nos ossos;
- Dor no esterno;
- Dor nas articulações;
- Problemas nos órgãos.
Esses sintomas geralmente aparecem em "tríade", ou seja, pelo menos, um sintoma de cada síndrome (anemia, plaquetopenia, leucopenia). Por exemplo, uma pessoa pode apresentar sonolência, manchas roxas e febre. Porém, existem casos raros em que a pessoa apresenta apenas uma anemia normocítica de difícil tratamento.
[editar] Diagnóstico laboratorial
- Hemograma: ao fazer um exame de rotina, pode-se notar um hemograma anormal sugestivo de leucemia com presença de células imaturas ou uma proliferação excessiva de células aparentemente maduras. O hemograma não serve para classificar a leucemia, mas geralmente é o primeiro exame a ser notado alguma alteração. Também se verifica se há presença de anemia e trombocitopenia.
- Mielograma: É um exame de grande importância para o diagnóstico, através da análise da morfologia das células e com o uso de provas citoquímicas. O mielograma é usado também para a avaliação da resposta ao tratamento, indicando se, morfologicamente, essas células leucêmicas foram erradicadas da medula óssea (remissão completa medular). Esse exame é feito sob anestesia local e consiste na aspiração da medula óssea seguida da confecção de esfregaços em lâminas de vidro, para exame ao microscópio. Os locais preferidos para a aspiração são a parte posterior do osso ilíaco (bacia) e o esterno (parte superior do peito). Durante o tratamento são feitos vários mielogramas.
- Punção lombar: A espinal medula é parte do sistema nervoso, que tem a forma de cordão, e por isso é chamada de cordão espinhal. A medula é forrada pelas meninges (três membranas). Entre as meninges circula um líquido claro denominado líquor. A punção lombar consiste na aspiração do líquor para exame citológico e também para injeção de quimioterapia com a finalidade de impedir o aparecimento (profilaxia) de células leucêmicas no SNC ou para destruí-las quando existir doença (meningite leucêmica) nesse local. É feita na maioria das vezes com anestesia local e poucas vezes com anestesia geral. Nesse último caso, é indicado em crianças que não cooperam com o exame.
- Citometria de fluxo: Pesquisa alguns marcadores de superfície das células imaturas. No caso de uma leucemia linfóide aguda é possível saber se a proliferação é de linfócito T ou B.
[editar] Tratamento
Como geralmente não se conhece a causa da leucemia, o tratamento tem o objetivo de destruir as células leucémicas, para que a medula óssea volte a produzir células normais. O grande progresso para obter cura total da leucemia foi conseguido com a associação de medicamentos (poliquimoterapia), controle das complicações infecciosas e hemorrágicas e prevenção ou combate da doença no sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Para alguns casos, é indicado o transplante de medula óssea.
O tratamento é feito em várias fases.
- A primeira tem a finalidade de atingir a remissão completa, ou seja, um estado de aparente normalidade que se obtém após a poliquimioterapia. Os quimioterápicos mais utilizados são a citarabina (100-200mg/m² por 7 dias) e a daunorrubicina (30-60mg/m² por 3 dias). Este esquema é conhecido como 7+3. Esse resultado é conseguido entre um e dois meses após o início do tratamento (fase de indução de remissão), quando os exames não mais evidenciam células leucêmicas. Isso ocorre quando os exames de sangue e da medula óssea (remissão morfológica) e o exame físico (remissão clínica) não demonstram mais anormalidades.
Entretanto, as pesquisas comprovam que ainda restam no organismo muitas células leucêmicas (doença residual), o que obriga a continuação do tratamento para não haver recaída da doença. Nas etapas seguintes, o tratamento varia de acordo com o tipo de leucemia (linfóide ou mielóide), podendo durar mais de dois anos nas linfóides e menos de um ano nas mielóides. São três fases:
- consolidação (tratamento intensivo com substâncias não empregadas anteriormente);
- reindução (repetição dos medicamentos usados na fase de indução da remissão) e
- manutenção (o tratamento é mais brando e contínuo por vários meses).
Por ser uma poliquimioterapia agressiva, pode ser necessária o internamento do paciente nos casos de infecção decorrente da queda dos glóbulos brancos normais pelo próprio tratamento.
[editar] Principais procedimentos médicos no tratamento da leucemia
- Cateter Venoso Central: Como o tratamento da leucemia aguda pode alcançar até três anos de duração e requer repetidas transfusões e internações, recomenda-se a implantação de um cateter de longa permanência em uma veia profunda, para facilitar a aplicação de medicamentos e derivados sangüíneos além das freqüentes coletas de sangue para exames, evitando com isso punções venosas repetidas e dolorosas.
- Transfusões: Durante o tratamento, principalmente na fase inicial, os pacientes recebem, quase diariamente, transfusões de hemáceas e de plaquetas, enquanto a medula óssea não recuperar a hematopoese (produção e maturação das células do sangue) normal.
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