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Facção Exército Vermelho - Wikipédia, a enciclopédia livre

Facção Exército Vermelho

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Procurados: Andreas Baader, Ulrike Meinhof e Gudrun Ensslin em cartaz da época, distribuído pelas autoridades dos EEUU.
Procurados: Andreas Baader, Ulrike Meinhof e Gudrun Ensslin em cartaz da época, distribuído pelas autoridades dos EEUU.
Logo da RAF
Logo da RAF

A Facção Exército Vermelho (em alemão, Rote Armee Fraktion ou RAF), também conhecida como Baader-Meinhof, foi uma organização terrorista alemã de extrema esquerda, fundada em 1970, na antiga Alemanha Ocidental, e dissolvida em 1998. Recebeu a alcunha Baader-Meinhof, depois que Andreas Baader escapou da polícia graças à ajuda de uma jornalista de esquerda, Ulrike Meinhof.

Ulrike Meinhof, em 1964
Ulrike Meinhof, em 1964

Índice

[editar] Origens

As raízes da Facção Exército Vermelho podem ser encontradas no movimento estudantil alemão dos anos 1960.

Inicialmente centrados na crítica à instituição universitária, os estudantes alemães da época viraram as suas atenções para eventos internacionais, como a Guerra do Vietname, a pobreza no Terceiro Mundo ou a questão da energia nuclear. Os estudantes criticavam igualmente aquilo que lhes parecia ser a relutância da sociedade alemã em confrontar-se com o seu passado nazi. Para alguns, o Estado que vigorava na República Federal da Alemanha era uma continuação do Estado nazista.

A 2 de Junho de 1967 o do Irã realizou uma visita oficial à cidade de Berlim. O movimento estudantil aproveitou a ocasião para efectuar uma manifestação de protesto contra as violações de direitos humanos que aconteciam no Irã, denunciando a aparente indiferença que o xá e a sua esposa demonstravam perante as classes mais desfavorecidas de seu país. Na noite de 2 de Junho os manifestantes concentraram-se junto à Casa de Ópera de Berlim, onde o xá deveria comparecer a um espectáculo.

A manifestação revelou-se um fracasso, já que o xá não se apercebeu da presença das multidões. Diante da presença de manifestantes contra o xá e de partidários do xá, a manifestação rapidamente desembocou no caos. Em consequência, um jovem estudante, Benno Ohnesorg, seria baleado por um policial e acabaria por falecer.

Entre os manifestantes encontrava-se Gudrun Ensslin, uma estudante de doutoramento da Universidade Livre de Berlim que, indignada com a morte de Ohnesorg, declarou que a única forma de responder à violência seria com violência. No Verão do mesmo ano, Gudrun Ensslin conhece Andreas Baader, que se tornaria o seu namorado. Juntos estariam na origem da Facção Exército Vermelho.

Em Março de 1968 Gudrun Ensslin e Andreas Baader decidem passar à luta armada. Ajudados por Horst Söhnlein e Thorwald Proll, viajam até Frankfurt, onde decidem colocar bombas em dois estabelecimentos comerciais. Ninguém saiu ferido nos incêndios que se seguiram, mas os prejuízos materiais foram estimados nos dois milhões de marcos. Num telefonema à Agência de Notícias da Alemanha, Gudrun afirmou tratar-se de um acto de vingança política.

Detidos a 4 de Abril de 1968, os quatro foram julgados e condenados cada um a três anos de prisão em Outubro do mesmo ano. Em Junho de 1969 os quatro incendiários foram libertados da prisão devido à apresentação de um recurso judicial. Quando o Tribunal Federal ordenou o regresso dos condenados à prisão, estes decidiram escapar. Söhnlein decide acatar a ordem, mas os outros três fogem para Paris, com a ajuda da irmã de Thorwald Proll, Astrid , refugiando-se no apartamento de Régis Debray.

De regresso à Alemanha Ocidental, Baader e Ensslin procuraram recrutar militantes para as suas ideias; entre eles estavam Horst Mahler, um advogado que tinha defendido Baader durante o julgamento relativo aos crimes de Frankfurt e Ulrike Meinhof, jornalista de esquerda. Ao mesmo tempo procuraram adquirir armas que serviriam para assaltar bancos. Numa tentativa de conseguir armas num cemitério perto do Muro de Berlim, seguindo uma informação falsa dada por um trabalhador de uma fábrica (na realidade um agente da polícia), Baader é detido.

Gudrun Ensslin procurou então convencer Ulrike Meinhof a participar num plano cujo objectivo era libertar Andreas Baader da prisão. No dia 14 de Maio de 1970 Ulrike Meinhof encontrou-se com Baader no Instituto para as Questões Sociais, com a alegada justificativa de estar a escrever um livro sobre a juventude alemã. Enquanto a jornalista conversava com Baader na biblioteca da instituição, vigiada por um guarda, duas cúmplices ajudaram Gudrun Ensslin (armada e com uma máscara) e um simpatizante a entrar no edifício. Estes rapidamente libertaram Baader, tendo, no processo, disparado sobre o guarda e um funcionário da instituição.

No dia seguinte surgiram pelo país cartazes com a fotografia de Baader e Meinhof nos quais se solicitavam informações sobre o paradeiro de ambos. A imprensa conservadora referiu-se ao grupo de fugitivos como o "Grupo Baader-Meinhof" e esta passaria a ser a designação popular pela qual o grupo seria conhecido.

Em finais de Maio os fugitivos publicaram no jornal anarquista 833 um comunicado que anunciava a criação da Rote Armee Fraktion. Julga-se que o comunicado tenha sido escrito por Ulrike Meinhof.

[editar] O período 1970-1972

Antes de proceder às suas acções armadas, os membros da Facção Exército Vermelho realizaram um treinamento na Jordânia, sob orientação da Frente Popular para a Libertação da Palestina. De regresso à Alemanha, em Agosto de 1970, os militantes planearam assaltos a quatro bancos para arrecadar dinheiro e armas, actos executados em Setembro do mesmo ano. Também foram realizados ataques contra edificios militares dos Estados Unidos, postos policiais e edifícios do império jornalístico de Axel Springer, além da tentativa de assassinato de um juiz. Novos recrutas uniram-se à organização: Jan-Carl Raspe, Marianne Herzog e Ali Jansen.

Em manifesto escrito por Meinhof, aparece pela primeira vez o nome RAF, com a estrela vermelha e a metralhadora Heckler&Koch MP5. Depois de uma intensa investigação, Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Ulrike Meinhof, Holger Meins e Jan-Carl Raspe são novamente detidos, em junho de 1972, permanecendo encarcerados na prisão de segurança máxima de Stuttgart - Stammheim - construída expressamente para abrigá-los em celas isoladas, sem contato entre eles, enquanto as visitas familiares só eram permitidas a cada duas semanas. Ainda assim, Ensslin concebeu um "circuito de informação", definindo um apelido para cada um dos membros do grupo. Assim, mediante cartas que faziam circular através de seus advogados, conseguiram permanecer em contato.

A prisão de Stammheim
A prisão de Stammheim

[editar] Após 1972

Para protestar contra as condições em que se encontravam, iniciaram várias greves de fome coordenadas; finalmente receberam alimentação forçada. Meins, no entanto, morreu em 9 de novembro de 1974, pesando apenas 60 kg. Depois de vários protestos públicos, as condições do grupo foram melhoradas pelas autoridades.

Em 21 de maio de 1975, começou o julgamento de Baader, Ensslin, Meinhof e Raspe, conhecido como o "Julgamento de Stammheim".

Em 9 de maio de 1976, quando se festejava o dia das mães na Alemanha, Ulrike Meinhof foi encontrada morta em sua cela, enforcada com uma toalha. A investigação concluiu que se tratara de suicídio, conclusão bastante contestada.

Finalmente, em 28 de abril de 1977, os três acusados sobreviventes foram declarados culpados de vários assassinatos, tentativas de assassinato e de formação de organização terrorista. Foram sentenciados a prisão perpétua.

Em 13 de outubro o vôo LH181 da Lufthansa, que ia de Palma de Maiorca para Frankfurt, foi seqüestrado por um grupo árabe. O vôo foi desviado, seguindo para Dubai, (Emiratos Árabes Unidos) via Larnaca, (Chipre), e de lá para Oman, onde o comandante Jürgen Schumann foi mortom, em 16 de outubro. De lá, o avião decolou novamente, conduzido pelo co-piloto Jürgen Vietor, com destino a Mogadíscio, Somália.

Os nomes de Baader, Ensslin e Raspe constavam da lista de 13 presos cuja libertação era exigida pelos seqüestradores que, todavia, acabaram mortos por um comando de soldados alemães, especializado na luta antiterrorista, que invadiu o aparelho no aeroporto de Mogadíscio e libertou todos os passageiros.

Em 18 de outubro de 1977, Baader e Rasper foram encontrados mortos, com um ferimentos a bala. O Ministério da Justiça de Baden-Württemberg, onde fica o presídio, informou que ambos se havia suicidado com tiros de pistola e que Esslin se enforcara na cela. Acrescentou que a outra presa, Irmgard Moeller, de 30 anos, também tentara o suicídio, cortando as veias do pulso e do pescoço, sendo hospitalizada em estado grave. O porta-voz do Ministério não informou contudo, como o grupo havia conseguido as pistolas, de uso exclusivo das Forças Armadas da Alemanha.

Irmgard Möller, embora ferida, sobreviveu. Foi liberada da prisão em 1994.

[editar] Reacção estatal

Em resposta aos ataques, as autoridades da República Federal Alemã aprovaram uma série de medidas legislativas que, na sua visão, ajudariam a combater a actividade da Facção Exército Vermelho.

A 28 de Maio de 1972 o chanceler Willy Brandt e a Conferência de Presidentes dos Estados assinaram um decreto através do qual os funcionários públicos deveriam jurar fidelidade à Constituição da República Federal Alemã.

A 1 de Janeiro de 1975 entraram em vigor as chamadas "leis Baader-Meinhof", que autorizavam os tribunais a excluirem advogados que defendessem um cliente sobre o qual pesassem suspeitas de associação criminosa.

A 30 de Setembro de 1977 o parlamento aprovou a "Lei de Interruptação dos Contactos" que permitia que um juiz decretasse a interdição de contactos entre revolucionários condenados.

Sepultura de Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan Carl Raspe
Sepultura de Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan Carl Raspe

[editar] Ligações externas


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