A Ilustre Casa de Ramires
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A Ilustre Casa de Ramires é um romance realista da terceira fase do escritor português Eça de Queiroz. Publicado em 1900, representa sua maturidade intelectual e o apogeu de seu estilo como escritor, onde a crítica corrosiva e a ironia cáustica que haviam marcado a segunda etapa de sua produção – fase de adesão ao naturalismo – cedem lugar a uma postura de maior esperança nos valores humanos e abrem espaço para um certo otimismo.
A história aparente narra a vida de Ramires, sua chegada à política e as tradições familiares portuguesa, mas fica evidente a analogia que Eça faz com a história portuguesa, suas mudanças políticas e sua tradição. A personagem Gouveia chega a afirmar, nas últimas linhas da obra, que seu amigo Gonçalo se parece com Portugal.
Escrita e publicada em meio a instabilidade política da monarquia e sob a humilhação do Ultimato inglês, o autor sugere um retorno ao colonialismo e à aristocracia como saída para Portugal.
A representação proposta por Eça é construída a partir de Gonçalo Mendes Ramires, um fidalgo, morador da pequena Vila Clara que ambiciona participar da política. Quando um amigo de Ramires convida-o para publicar um romance nos Annaes da Literatura, vê sua grande chance de ter o nome reconhecido e ingressar finalmente na política. Dessa forma o protagonista de Eça se torna também ele autor de uma novela, uma novela história que se passaria no Século XIII e teria como personagem um ancestral seu, Tructesindo Ramires, fiel cavalheiro do D. Sancho I e que se vê em meio a briga entre D. Afonso II e suas irmãs, depois da morte do Rei, em 1211. Porém, toda a narrativa de Gonçalo não passa de uma versão em prosa, frouxa e mal elaborada de um poema escrito anos atrás por um tio e publicado num jornal de província. Seus talentos literários não passam da mal dissimulada cópia, como sua estrutura moral não passa de um jogo hábil entre interesse e conveniência social.
A presença destas duas histórias paralelas fazem de Ilustre Casa um romance de formação, ou seja, um romance sobre a arte de escrever. E Eça sugere que a escrita é um trabalho árduo, duro, de muito esforço, pois narra seu Ramires cansado após horas de produção em um gabinete fechado. Ou pressionado pelo editor e sem as páginas concluídas. Esta concepção, tão oposta aos românticos, será no Século XX estudada e aplicada em diversas oficinas literárias.
[editar] As quatro histórias
Eça de Queiroz trabalha seu romance com o paralelismo, ou seja, há mais de um conflito ao mesmo tempo. Vejamos quais são eles a partir de um trecho da obra, em que se encontram:
Gonçalo remata o capítulo (1) ... A eleição encalhada como uma barca no lodo (2), a irmã de certo com o outro no Mirante (3), até a prima desatendendo seu tímido pedido de uma conversa (4).
(História 1) Gonçalo escreve uma novela; motivação da história
(História 2) Desejo de Gonçalo entrar na política –> Eleições para deputado
(História 3) O casamento da irmã e seu romance com Cavalleiro (motivo do ódio por AC)
(História 4) A possibilidade de um casamento com rica e bela viúva