Óxido nítrico
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Fórmula estrutural | |
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Geral | |
Nome IUPAC | Monóxido de nitrogênio (monóxido de azoto em Portugal) |
Nomes comuns | Óxido nítrico |
Fórmula química | NO |
Aparência | gás incolor |
Número CAS | 10102-43-9 |
Físicas | |
Peso molecular | 30,0 um |
Ponto de fusão | 109 K (-164 °C) |
Ponto de ebulição | 121 K (-152 °C) |
Densidade | 1,3 ×10³ kg/m³ (líquido) |
Solubilidade | 0,0056 g em 100g de água |
Termoquímica | |
ΔfH0gás | 90 kJ/mol |
ΔfH0líquido | 87,7 kJ/mol |
S0gás | 211 J/mol·K |
Segurança | |
Símbolos de risco | |
![]() ![]() ![]() T O Xn Muito tóxido |
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Frases de Risco e Segurança | R: 8/26/34 S:9/17/26 |
Ingestão | Usado na medicina, mas as overdoses são prejudiciais. |
Inalação | Perigoso, pode ser fatal. |
Pele | Irritante. |
Olhos | Pode causar irritação |
Mais informações | Hazardous Chemical Database |
Unidades do SI são usadas quando possível. Salvo quando especificado o contrário, são considerados condições normais de temperatura e pressão. |
O óxido nítrico (também conhecido por monóxido de nitrogênio e monóxido de azoto), de fórmula química NO, é um gás solúvel, altamente lipofílico sintetizado pelas células endoteliais, macrófagos e certo grupo de neurônios do cérebro. É um importante sinalizador intracelular e extracelular, e actua induzindo a guanil ciclase, que produz guanosina monofosfato cíclico (GMP) que tem entre outros efeitos o relaxamento do músculo liso o que provoca, como acções biológicas, a vaso e a broncodilatação.
Índice |
[editar] Origem
A síntese de NO se realiza por ação de uma enzima, a óxido nítrico sintetase (NOS) a partir do aminoácido L-arginina que produz NO e L-citrulina, necessitando da presença de dois cofatores, o oxigénio e o fosfato dinucleótido adenina nicotinamida (NADPH).
O NO é produzido por uma ampla variedade de tipos celulares que incluem células epiteliais, nervosas, endoteliais e inflamatórias. Existem três formas de NOS, 2 denominadas constituitivas e dependentes do cálcio (cNOS), que são a endotelial e a neuronal, as quais sintetizam NO em condiçõs normais, e a independente do cálcio (iNOS), que não se expressa ou fá-lo em muita pouca quantidade em condições fisiológicas.
[editar] Produção e efeitos ambientais
A altas temperaturas o azoto molecular e o oxigênio podem combinar-se para formar óxido nítrico. A maior produção natural é no relâmpago. A atividade humana aumentou drasticamente a produção de óxido nítrico em câmaras de combustão. Uma proposta de conversor cataliticos nos automóveis reverte parcialmente esta reação.
O óxido nítrico no ar pode converter-se mais tarde em ácido nítrico, um dos implicados nas chuvas ácidas.
[editar] Aplicações Técnicas
É um intermediário no Processo Ostwald, que converte a amónia em ácido nítrico, através da passagem de amônia e ar em telas catalíticas de Platina (95%) /Rhódio (5%). A típica conversão química é de 99-90% por campanha de tela, com a formação de nitrogênio e óxido nitroso como reação secundária.
O óxido nítico poder ser usado para detectar radicais de superfície em polímeros. Bombardear a superfície do polímero com óxido nítrico resulta na incorporação do nitrogénio que pode ser quantificado por espectrocopia fotoelectrónica por Raios-X.
O óxido nítrico é incolor. Contudo, sua liberação na atmosfera é notada pela cor castanha. Em presença do oxigênio do ar, oxida-se rapidamente a dióxido de nitrogênio que dimeriza-se ao gás castanho tetróxido de nitrogênio, (N2O4).
Apesar da sua toxicidade, com efeitos semelhantes ao monóxido de carbono, dado o efeito da liberação na atmosfera, a experiência industrial tem demonstrado que é o NO2/N2O4 formado no ar, corrosivo, que provoca os danos da exposição (principalmente ataque ácido na mucosa do pulmão pela formação de ácido nítrico). Os primeiros sintomas da exposição leve é uma ligeira dor de garganta, 12 a 24h após a exposição.
[editar] Funções biológicas
Ver também: Factor relaxante derivado do Endotélio (EDRF) e Transdução de Sinal
No organismo, o óxido nítrico e sintetizado a partir da arginina e do oxigénio, pela enzima sintase do óxido nítrico(NOS).
O endotélio (a fina camada de células mais interna dos vasos sanguíneos) usa o óxido nítrico para comandar o relaxamento do músculo liso da parede do vaso, fazendo com que este dilate aumentando assim o fluxo sanguíneo e diminuindo a pressão arterial. Isto explica o uso da nitroglicerina, nitrato de amilo e outros derivados no tratamento da doença coronária: estes compostos são convertidos em óxido nítrico(por um processo não muito bem conhecido) que por sua vez dilata as artérias coronárias (vasos sanguíneos na parede do coração) aumentando assim a sua irrigação. O óxido nítrico também desempenha um papel importante na erecção do pénis, e explica o mecanismo do sildenafil ou Viagra, que envolve o mecanismo referido acima com o guanil ciclico (GMP). Os macrófagos, células do sistema imunitário, produzem óxido nítrico como composto nocivo para bactérias, devido à sua capacidade de formar espécies reactivas de azoto. Mas em certas circunstâncias isto pode trazer efeitos colaterais indesejáveis: uma sépsia generalizada pode levar a uma produção exagerada de óxido nítrico pelos macrófagos, que leva a uma vasodilatação generalizada podendo ser uma das causas da hipotensão (pressão arterial baixa)na sépsia.
O óxido nítrico tem também funções de neurotransmissor entre as células nervosas. Ao contrário dos outros neurotransmissores que funcionam geralmente no sentido da membrana pré-sináptica para a membrama pós-sináptica, o óxido nítrico (NO), por ser uma gás muito solúvel, pode actuar em todas as células adjacentes paracrinamente e autocrinamente, sem ser preciso estar envolvida uma sinapse física. Esta propriedade pensa-se que poderá estar envolvida na formação da memória.
A descoberta das funções do NO na década de 80 vieram surpreender e mexer com a comunidade científica. Foi nomeada "Molécula do Ano" em 1992 pela Science, foi fundada a Nitric Oxide Society e foi criada uma revista científica só para estudos relacionados com esta molécula. O Prémio Nobel em Fisiologia e Medicina em 1998 foi atribuído a Ferid Murad, a Robert F. Furchgott e a Louis Ignarro pela descoberta das propriedades sinalizadoras do óxido nítrico. Estima-se que cerca de 3,000 artigos científicos são publicados por ano sobre o papel fisiológico do óxido nítrico.
[editar] Ligações externas
- Nitric Oxide Society
- Nitric Oxide: Biology and Chemistry, peer reviewed scientific journal
- 1998 Nobel Prize in Physiology/Medicine for discovery of NO's role in cardiovascular regulation