Teofrasto
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Teofrasto (em grego Θεόφραστος) (372 a.C. - 287 a.C.) sucessor de Aristóteles na escola peripatética. Era oriundo de Eressos, em Lesbos. Nasceu no ano 372 a.C.. O seu nome original era Tirtamo, mas ficou conhecido pela alcunha de 'Teofrasto', que lhe foi posta por Aristóteles, segundo se diz, para indicar as suas qualidades de orador.
Depois de ter recebido uma primeira introdução à filosofia em Lesbos, de parte de um Leucipo ou Alcipo, foi para Atenas e conseguiu integrar-se como membro do círculo platónico. Depois da morte de Platão, ligou-se a Aristóteles e provavelmente acompanhou-o a Estagira. A amizade íntima de Teofrasto com Calistenes, o aluno e companheiro de Alexandre Magno, a menção no seu testamento a uma quinta sua em Estagira e os repetidos apontamentos sobre a cidade e os seus museus na História das Plantas são factos conducentes a esta conclusão.
Aristóteles, no seu testamento, nomeou-o como tutor dos seus filhos, legando-lhe a sua biblioteca e os originais dos seus trabalhos e designando-o como seu sucesor no Liceu, quando se mudou para Calcis. Eudemo de Rodes também alude a esta situação e diz-se que Aristoxeno ficou ressentido com esta decisão de Aristóteles.
Teofrasto presidiu à escola peripatética durante trinta e cinco anos e morreu em 287 a.C.. Sob a sua direcção, a escola floresceu admiravelmente — chegando a ter mais de 2000 estudantes — e quando morreu legou a sua casa com jardim e colunatas como lugar permanente de ensino.
Menandro foi um dos seus alunos. A sua popularidade manifestou-se no respeito que lhe tinham Filipe II da Macedónia, Cassandro e Ptolomeu I e pela improcedência de uma acusação de irreligiosidade que fora interposta contra ele. Foi honrado com um funeral público, e "a totalidade da população de Atenas honrou-o grandemente, seguindo o cortejo até à sepultura", segundo relata Diógenes Laercio.
Pelas listas dos antigos se conclui que as suas actividades se estenderam a todos os campos do conhecimento do seu tempo. O seus escritos diferem provavelmente pouco do tratamento Aristotélico dos mesmos temas, embora com detalhes suplementares. Influenciou o seu tempo como um grande divulgador da ciência. Os seus escritos mais importantes são dois volumosos tratados botânicos:
-
- Historia plantarum [História das plantas], em nove livros (originalmente dez).
- De causis plantarum [Sobre as causas das plantas], em seis livros (originalmente oito).
Estes tratados constituem a mais importante contribuição à ciência botânica de toda a antiguidade até ao Renascimento.
Tambén nos chegaram fragmentos de outra parte da sua obra, como uma História da física, um tratado Sobre as pedras, um trabalho Sobre as sensações [De sensibus] e um sobre Metafísica Airoptai, que provavelmente era parte de um tratado sistemático. Alguns fragmentos científicos mais pequenos foram compilados nas edições de J. G. Schneider (1818-21) e F. Wimmer (1842-62) e na edição de bolso Analecta Theophrastea.
A obra O carácter merece uma menção à parte. O trabalho consiste num panorama breve, vigoroso e mordaz dos tipos morais, que contém uma valiosa descrição da vida do seu tempo. Trata-se, definitivamente, da primeira tentativa de escrever uma sistematização dos escrito de una sistemática do carácter. O livro foi considerado por alguns especialistas como um trabalho independente; outros inclinam-se para o ponto de vista de que Teofrasto só terá escrito um rascunho, que foi recompilado e editado depois da sua morte; outros são da opinião que O carácter fazia parte de um trabalho sistemático mais amplo; mas o estilo do livro contradiz esta opinião. Teofrasto teve muitos imitadores nesta maneira de escrever, notavelmente Hall (1608), Sir Thomas Overbury (1614-16), o bispo John Earle (1628) e Jean de La Bruyère (1688), que chegou a traduzir O carácter.
Fonte: versão inicial procedente da ediçao de 1911 (clássica) da Encyclopædia Britannica (actualmente no domínio público).
