Thatcherismo

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O Thatcherismo é o sistema de pensamento político adotado no governo (1979-1990) da primeira-ministra Margaret Thatcher. Thatcher destacou-se dentre os primeiro-ministros britânicos conservadores por ser altamente ideológica: conta-se que certa vez, numa reunião do "Gabinete Paralelo" (Shadow Cabinet) atirou sobre a mesa um exemplar do livro The Constitution of Liberty de Friedrich Hayek dizendo: "-É nisso que acredito." Provocou a desestatização da economia da Grã-Bretanha com as privatizações e serviu de modelo para várias administrações das economias latino-americanas na década de 1990, inclusive do Brasil, sob influência do Consenso de Washington, com o discurso político da modernidade. Margaret Thatcher era uma ativa defensora do liberalismo econômico.

Índice 1 Descrição 2 Custos Sociais 3 Referências 4 Bibliografia

[editar] Descrição

O "Thatcherismo" se caracteriza pela redução da intervenção do Estado na economia, e pela exaltação quase religiosa das virtudes dos livre-mercados, e dos méritos da "ordem espontânea" tal como defendida por Hayek, de quem era grande admiradora, e por uma política econômica monetarista, tal como defendida pela Escola de Chicago; pela defesa das privatizações de empresas estatais, pela redução dos impostos diretos (ou distributivos, como o imposto sobre a renda e os impostos sobre as propriedades) e pelo aumento dos impostos indiretos (ou regressivos, como os impostos sobre o consumo), pelo combate aos sindicatos de trabalhadores, pela eliminação do salário mínimo, e pela redução do Estado do bem-estar social. O "Thatcherismo" se compara à "Reaganomia" (Reagonomics) dos Estados Unidos, à "Rogernomia" (Rogernomics) na Nova Zelândia e ao "Racionalismo Econômico" na Austrália. Thatcher pregava a supremacia do individualismo sobre o coletivismo, tendo a auto-ajuda como seu mantra.

Pensadores intimamente relacionados com o "Thatcherismo" incluem, dentre outros, Keith Joseph, Enoch Powell, Friedrich Hayek e Milton Friedman. ^[1]

Friedman disse uma vez: "uma coisa que as pessoas não reconhecem é que Margaret Thatcher não é, em termos de crença, uma política do Partido Conservador Britânico. Ela é um liberal do século XIX." ^[2]

Alguns consideram que as idéias de Thatcher eram mais ideológicas do que propriamente econômicas, e que suas ações marcaram um ponto de virada em políticas econômicas que foi ditado mais por razões meramente de poder e de interesses políticos que, na realidade, por razões de ordem econômica. ^[3]

Mais do que ditada por alguma lógica específica do capitalismo, essa reviravolta (das polticas econômicas) se constituiu em reduções voluntárias de gastos sociais, no aumento de impostos para os contribuintes de renda mais baixa e na redução de impostos para os contribuintes de renda mais alta. É por essa razão que, em meados dos anos 80 na Grã-Bretanha, os que se encontravam no decil superior das faixas de renda possuiam mais da metade da riqueza do país (Giddens 1993, 233). Tentar justificar isso através de "objetivos" econômicos se constituiria numa ideologia. O que realmente estava em jogo aqui eram interesses e poderes políticos. ^[3]

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[editar] Custos Sociais

Os críticos de Margaret Thatcher mencionam que os sucessos de sua política econômica só foram obtidos graças ao pagamento de pesados custos sociais pela maioria da população britânica. A produção industrial caiu severamente durante seu governo, provocando um significativo aumento do desemprego, que triplicou no período, atingindo a marca de 3 milhões de pessoas ^[4]. Quando Thacther foi derrotada em 1990 durante os tumultos ^[5] provocados pela criação do imposto regressivo ^[6], chamado poll tax (impostos regressivos são concebidos de forma que os de renda mais baixa paguem mais, os de renda mais alta paguem menos), 28% das crianças da Grã-Bretanha estavam abaixo da linha de pobreza, número que continuou aumentando até atingir um pico de 30% no governo conservador de John Major, que a sucedeu. ^{[7] [8]}

Embora seja considerada a responsável por ter reativado a economia britânica, Thatcher também é considerada responsável por ter provocado a duplicação da sua taxa de pobreza. A pobreza das crianças britânicas, em 1997, era a maior da Europa.^[8]

Durante o governo Thatcher a renda dos que estavam no decil superior cresceu pelo menos cinco vezes mais do que a renda dos que estavam no decil inferior; a desigualdade cresceu em um terço ^[9]. Em consequência, o Coeficiente de Gini da Grã-Bretanha deteriorou-se substancial e continuamente, passando de 0,25 em 1979 para 0,34 em 1990. Esta siginificativa piora no Coeficiente de Gini não pôde ainda ser corrigida pelos governos que a sucederam. ^[10]

Ver artigo principal: Margaret Thatcher

[editar] Referências

1. ↑ Simon Heffer, Like the Roman: The Life of Enoch Powell (Phoenix, 1999), p. 958.
2. ↑ The Observer, 29 September 1982
3. ↑ ^{3,0 3,1} Drago, Sreco and Leskosek, Vesna. Social Inequality and Social Capital; Ljubljana: Institute for Contemporary and Political Studies, 2003, p. 37
4. ↑ 1982: UK unemployment tops three million BBC News 26/01/1982
5. ↑ 1990: Violence flares in poll tax demonstration BBC News 31/03/1990
6. ↑ IMPOSTO REGRESSIVO – Diz-se do imposto em que a alíquota diminui à proporção que os valores sobre os quais incide são maiores.
7. ↑ NELSON, Emily and WHALEN, Jeanne. Modelo britânico reduz a pobreza infantil. The Wall Street Journal Americas, in O Estado de S. Paulo, Economia, p. B6, 1/1/2007.
8. ↑ ^{8,0 8,1} NELSON, Emily and WHALEN, Jeanne. With U.S. Methods, Britain Posts Gains In Fighting Poverty, The Wall Street Journal Online, December 22, 2006 , p. 1
9. ↑ The Modernisation of Britain’s Tax and Benefit System, Number Four.
10. ↑ Shephard, Andrew. Income Inequality under the Labour Government, Briefing Note No. 33, Institute for Fiscal Studies, 2003, p. 4

[editar] Bibliografia

• Andrew Gamble, The Free Economy and the Strong State: The Politics of Thatcherism (Palgrave Macmillan, 1994).
• Sir Ian Gilmour, Dancing with Dogma: Thatcherite Britain in the Eighties (Simon & Schuster, 1992).
• Stuart Hall and Martin Jacques (1983), The Politics of Thatcherism (London: Lawrence and Wishart).
• Bob Jessop et al (1988), Thatcherism: A Tale of Two Nations (Cambridge: Polity).
• Dennis Kavanagh, Thatcherism and British Politics: The End of Consensus? (Oxford University Press, 1990).
• Shirley Robin Letwin, The Anatomy of Thatcherism (Flamingo, 1992).
• Kenneth Minogue and Michael Biddiss, Thatcherism: Personality and Politics (Palgrave Macmillan, 1987).
• Robert Skidelsky (ed.), Thatcherism (Blackwell, 1989).
• Peter Hennessy, 'The Prime Minister: The Job and Its Holders Since 1945' (Penguin Books, 2000)