Ruhollah Khomeini
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ayatollah Ruhollah Khomeini, em persa روح الله موسوی خمینی, Rūḥollāh Mūsavī Khomeynī, (Khomein, 17 de Maio de 1900 — Teerã, 3 de Junho de 1989) foi um aiatolá xiita iraniano e o líder espiritual e político da Revolução Iraniana de 1979 que depôs Mohammad Reza Pahlevi, na altura o Xá do Irã. É considerado o fundador do moderno estado xiita e governou o Irã desde a deposição do Xá até à sua morte em 1989.
Índice |
[editar] A religião, a agitação política
Nascido Ruhollah Mousavi (em persa روحالله موسوی), recebeu o estatuto de aiatolá (perito em religião/direito) nos anos 50. Em 1964 ele foi para o exílio, após o seu criticismo reiterado do governo do Xá Mohammad Reza Pahlavi,sendo que este governava de forma corrupta e despótica. Ele fugiu para o Iraque, onde permaneceu até ser forçado a sair em 1978, altura em que ele foi para viver para Neauphle-le-Château em França. De acordo com Alexandre de Marenches (na altura chefe do "Service de Documentation Extérieure et de Contre-Espionnage", os Serviços secretos franceses), a França teria nesta altura proposto ao Xá um "arranjo de um acidente fatal de Khomeini". O Xá declinou este assassínio, argumentando que isto faria dele um mártir.
[editar] Revolução islâmica no Irã
Em 1925, um oficial do exercito persa, Reza Pahlevi, ganha fama ao sufocar uma revolta no norte, iniciada pelos comunistas. Pahlevi aproveitou seu posicionamento e instaurou uma ditadura, ao fazer com que o parlamento o nomeasse Xá da Pérsia. Em 1941 – em plena Segunda guerra mundial – o Xá se inclinava para o regime nazista. Ante esta situação, tropas britânicas e soviéticas invadem o país, para não perder a principal fonte de abastecimento de petróleo. Reza Pahlevi se exila na ilha Mauricio e abdica em favor de seu filho Mohamed Reza Pahlevi.
Este último, ao terminar a guerra se encontra com a direção do principal país exportador de petróleo do mundo, mas apesar de que esta situação geraria riquezas para o Irã, o nível de vida do povo não melhorava. Ao retirar as tropas estrangeiras de território iraniano, graças às pressões sociais, obrigam ao novo Xá a nomear um primeiro-ministro: Mohamed Mossadeg.
Mohamed Mossadeg era um nacionalista, contrário à idéia de uma ingerência estrangeira na vida iraniana, e muito próximo à hierarquia islâmica xiita. Em sua gestão se nacionalizou o petróleo (1953) e fez abdicar o Xá Reza Pahlevi. E assim, como Grã-Bretanha junto aos EUA promove um levantamento militar, que depõe finalmente Mossadeg, devolvendo o governo ao corrupto Xá.
Desta forma começa um novo período no Irã, caracterizado por um monarca que quer converter a seu país em uma potência econômica e militar na região. Mas embora alguns avanços, seu governo se destacou por sua política de subordinação ao Ocidente e pelos métodos despóticos utilizados contra os dissidentes.
A esta situação se somou a inflação, a escassez de trabalho e os abusos dos direitos humanos. O sistema ocidental que queria impor o Xá Reza Pahlevi não funcionou, o mal-estar popular foi crescendo até chegar à revolução. O líder religioso Ruhollah Khomeini por suas características pessoais, impôs-se como o líder indiscutível da revolução iraniana.
Em 16 de Janeiro, o Xá Reza Pahlevi abandona o país; em 10 de Fevereiro de 1979 volta Khomeini do seu exílio na França, dirige a revolução islâmica, deixa sem efeito o regime imperial e proclama a República Islâmica do Irã; devido ao asilo que outorgou os Estados Unidos ao Xá – justificando-se em motivos de saúde – em Novembro se produz a expulsão da embaixada americana em Teerã e a seu pessoal como reféns - um total de 53 –, isto foi utilizado para pressionar e assim liberar recursos iranianos congelados – aproximadamente 23 bilhões de dólares - em contas nos Estados Unidos; em Agosto se anulam acordos de compras de armas aos EUA; a sua vez se interrompe o fornecimento de petróleo para esse país, e em Dezembro se dita uma nova constituição Teocrática. Desta maneira os EUA perdem o seu principal aliado no Golfo Pérsico.
Diferente do diz a mídia ocidental sobre o atual Irã, com a revolução, o índice de mulheres na Assembléia cresceu de 0%, na época do despótico Xá, para 4,1%, enquanto países como Brasil (8,8%), EUA (16,3%) e Inglaterra (19,7%)[1], que deveriam ter uma participação maior das mulheres nos parlamentos, não a tem. Em 25 anos de República Islâmica, a porcentagem da presença feminina já atinge quase a metade daquela de certas nações ocidentais.
A Sharia, Lei Islâmica, foi adotada como se manda o Corão, as religiões existentes no pais tinham seus próprios tribunais, governados por suas próprias leis.
Os cristãos armênios, cristãos assírios, cristãos caldeus, zoroastras e judeus têm representantes na Assembléia do país. No entanto, manifesta-se um preconceito muito forte contra os homossexuais, já que a homossexualidade é considerado no Irã um crime que acarreta pena de morte.
[editar] Crise dos reféns
Nos primeiros anos da revolução, entre 1979 e 1981, os seguidores de Khomeini mantiveram presos, por 444 dias, um evento conhecido como a crise iraniana dos reféns, 52 americanos na embaixada americana de Teerã. Khomeini afirmou, em 23 de fevereiro de 1980, que o Parlamento iraniano decidiria o destino dos reféns da embaixada americana. O presidente Jimmy Carter tentou salvar os reféns, mas a missão falhou quando os helicópteros enviados tiveram de enfrentar condições adversas de tempo do deserto em Tabas. Alguns iranianos consideraram isto um milagre. Muitos comentadores apontam este fracasso como a principal causa da perda de Carter nas eleições seguintes, ganhas por Ronald Reagan. Documentários televisivos mostraram mesmo que houve uma negociação entre Reagan e o Irã para alongar a crise até às eleições. Pouco depois deste ser eleito o problema foi "milagrosamente" resolvido. Os reféns voltaram aos EUA e Reagan marcou pontos na agenda internacional. Alegam que o Irã recebeu uma compensação em forma de armamento.
[editar] Guerra Irã-Iraque
Ante o temor de que esta revolução se expandisse na região e em outros Estados islâmicos, os países ocidentais passaram a apoiar o regime de Saddam Hussein e o guia para uma guerra com o Irã. Assim, em 21 de Setembro de 1980, o exercito iraquiano realiza um ataque na fronteira com o Irã. A justificativa do Iraque se apoiava em uma velha disputa fronteiriça pela zona do Shatt Al–Arab, mas o verdadeiro objetivo era debilitar o regime iraniano e desta forma não permitir o avanço da ‘Revolução Islâmica’.
Destaque-se que Hussein era patrocinado e financiado pelo Ocidente e alguns países Árabes da região. No caso da Europa, certas empresas proveram a Hussein das bactérias químicas, que este não duvidou em utilizar, principalmente contra aldeias Curdas. A Guerra durou de 1980 a 1988 e produziu no lado iraniano a morte de 300.000 pessoas, deixando um saldo de centenas de milhares de pessoas com seqüelas.
[editar] Falecimento
Khomeini morreu no hospital, onze dias depois de uma operação feita para tentar parar uma hemorragia interna. Diz-se que uma multidão de mais de um milhão de iranianos reuniu-se à volta do local de enterro, que era suposto não ser conhecido à altura.
[editar] Referências
[editar] Ligações externas