O Suicídio
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Suicídio foi um dos pilares no campo da sociologia. Escrito pelo sociologista francês Émile Durkheim e publicado em 1897, foi um estudo de caso de um suicídio, uma publicação única em sua época que trouxe um exemplo de como uma monografia sociológica deveria ser escrita.
Índice |
[editar] Integração social
Muitos estudos contemporâneos sobre o suicídio focavam em características individuais. Durkheim estudou as conexões entre os indivíduos e a sociedade. Ele acreditava que se pudesse demonstrar o quanto um ato individual é o resultado do meio social que o cerca, teria uma prova da utilidade da sociologia. Neste livro, Durkheim desenvolveu o conceito de anomia. Ele explora as diferentes taxas de suicídio entre protestantes e católicos, explicando que o forte controle social entre os católicos resulta em menores índices de suicídio.
De acordo com Durkheim, os indivíduos têm um certo nível de integração com os seus grupos, o que ele chama de integração social. Níveis anormalmente baixos ou altos de integração social poderiam resultar num aumento das taxas de suicídio:
- níveis baixos porque baixa integração social resulta numa sociedade desorganizada, levando os indivíduos a se voltar para o suicídio como uma última alternativa;
- níveis altos porque as pessoas preferem destruir a si próprias do que viver sob grande controle da sociedade.
O trabalho de Durkheim influenciou os proponentes da Teoria do Controle, e é freqüentemente mencionado como um estudo sociológico clássico.
[editar] Taxas de suicídio
Durkheim concluiu que:
- taxas de suicídio são maiores entre os viúvos, solteiros e divorciados do que entre os casados;
- são maiores entre pessoas que não têm filhos;
- são maiores entre protestantes que entre católicos.
As razões para estas diferenças entre as taxas de suicídio incluem:
- mais importante, a interpretação da morte. Devido a pequenas diferenças entre protestantes e católicos — especificamente porque o suicídio é um pecado mortal entre os católicos e protestantes ;, um suicida numa comunidade católica (mesmo esclarecendo os motivos numa nota de suicídio) é visto primariamente como um pecador;
- comunidades católicas tendem a ser um pouco mais integradas que as protestantes, com laços familiares mais próximos. Quebéc, no Canadá, é um dramático paradoxo a esta afirmação: a taxa de suicídio per capita entre os oficialmente católicos é alarmante, principalmente entre os jovens, e é atribuída à rápida decadência da prática religiosa comunitária. De forma similar, pessoas casadas e/ou com filhos são menos propensas a cometer suicídio. Elas simplesmente têm mais motivos para viver.
De acordo com Durkheim, o meio social católico tem níveis de integração sociais normais, enquanto o meio protestante tem níveis baixos. Durkheim então definiu o suicídio como o ato de muitas relações sociais e concluiu que o suicídio pode ser causado por vínculos sociais fracos. Durkheim acreditava que o vínculo social era composto de dois fatores: a integração social (ligação a outros indivíduos dentro da sociedade) e a regulação social (ligação com as normas da sociedade). Ele acreditava também que taxas de suicídio pode aumentar em extremos de ambos os fatores.
[editar] Tipos de suicídio
Durkheim diferenciou quatro tipos de suicídio:
[editar] Suicídio egoísta
O egoísmo é um estado onde os laços entre o indivíduo e os outros na sociedade são fracos. Uma vez que o indivíduo está fracamente ligado à sociedade, terminar sua vida terá pouco impacto no resto da sociedade. Em outras palavras, existem poucos laços sociais para impedir que o indivíduo se mate. Esta foi a causa vista por Durkheim entre divorciados.
[editar] Suicídio altruísta
O altruísmo e o oposto do egoísmo, onde um indivíduo está extremamente ligado à sociedade, de forma que não tem vida própria. Indivíduos que cometem suicídio baseado no altruísmo morrem porque acreditam que sua morte pode trazer uma espécie de benefício para a sociedade. Em outras palavras, quando um indivíduo está tão fortemente ligado à sociedade, ele cometerá suicídio independentemente de sua própria hesitação se as normas da sociedade o levarem a tal.
Durkheim viu isto ocorrer de duas formas diferentes:
- onde indivíduos se vêem sem importância ou oprimidos pela sociedade e preferem cometer suicídio. Ele viu isto acontecer em sociedades "primitivas" ou "antigas", mas também em regimentos militares muito tradicionais, como guardas imperiais ou de elite, na sociedade contemporânea;
- onde indivíduos vêem o mundo social sem importância e sacrificariam a si próprios por um grande ideal. Durkheim viu isto acontecer em religiões orientais, como o Sati no Hinduísmo. Alguns sociologistas contemporâneos têm usado esta análise para explicar os kamikazes e os homens-bomba.
[editar] Suicídio por anomia
A anomia é um estado onde existe uma fraca regulação social entre as normas da sociedade e o indivíduo, mais freqüentemente trazidas por mudanças dramáticas nas circunstâncias econômicas e/ou sociais. Este tipo de suicídio acontece quando as normas sociais e leis que governam a sociedade não correspondem com os objetivos de vida do indivíduo. Uma vez que o indivíduo não se identifica com as normas da sociedade, o suicídio passa a ser uma alternativa de escape. Durkheim viu esta explicação para os suicidas protestantes.
[editar] Suicídio fatalista
O fatalismo é o estado oposto à anomia, onde a regulação social é completamente instilada no indivíduo; não há esperança de mudança contra a disciplina opressiva da sociedade. A única forma do indivíduo ficar livre de tal estado é cometer suicídio. Durkheim viu esta razão nos escravos que cometeram suicídio na antigüidade, mas viu uma relevância mínima na sociedade moderna.