Lenda da Ponta Furada

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A Lenda da Ponta Furada é uma lenda açoriana da ilha de São Jorge, que nos dá uma ideia de como a população das ilhas tentou explicar as formações geológicas que uma natureza vulcânica e indomável lhe apresentou na sua pureza basáltica e selvagem.

[editar] Lenda

Conta esta lenda, que há muitos, muitos anos, quando Deus ainda andava pelo mundo viveu alguns anos na ilha de São Jorge para os lados do norte. Um dia, diz a lenda, São José, o menino Jesus e a Virgem Maria meteram-se num batel a remos e foram navegando junto à costa e às grandes falésias da costa norte, algumas com mais de 600 metros de altitude.

Era um dia de sol e de mar manso e a viagem estava a correr bem. No entanto São José, prudente como era e conhecedor da costa norte, sabia que esta tinha muitas correntes e perigos escondidos e por isso procurava sempre estar o mais ao abrigo da terra que lhes era possível.

Depois de muitas horas a navegar São José já estava cansado de remar e foi quando chagaram junto ao local denominado Ponta do Garajau que se lhes deparou uma enorme formação de terra que entrava pelo mar dentro, descia desde as altas serras e mergulhava nas profundezas dos oceano.

São José que já estava muito cansado de remar horas a fio, conta a lenda, e com pressa de chegar à localidade do Toledo para descansar, não estava com predisposição para remar ao redor de tão grande formação.

Ficou durante algum tempo a pensar no que havia de fazer, no entanto, não pensou muito e confiando no poder Divino, conta a lenda, que levantou a mão, estendeu o dedo indicador e com ele tocou mais ao menos ao centro da grande formação geológica, e como se esta em vez de uma maciça rocha de basalto fosse feita de massa de pão de milho, logo o centro rochoso desta cedeu e deu origem a um buraco de grandes dimensões e ao nível da água, por onde São José a sua Família passaram no seu barco a remos.

São José, diz a lenda, ficou muito feliz e tomou o rumo do Toledo, onde chegou ainda antes do fim do dia. Era um dia de Verão e a Sagrada Família gostou tanto da paisagem, do ar fresco da montanha, dos campos floridos com belos bardos de hortênsias que resolveu fixar a sua residência para sempre no Toledo.

Rapidamente toda a população se afeiçoo à Sagrada Família ao ponto de terem resolvido construir uma ermida para a sua residência, tendo assim nascido a Ermida de São José do Toledo, sendo São José feito padroeiro do corato.

A formação geológica referenciada nesta lenda encontra-se na divisório das localidades do Toledo e de Santo António e segundo a lenda, a altura do buraco feito por São José é igual à altura da torre da igreja construída para guarida de São José.

A pedra empurrada por São José para abrir caminho para a sua passagem encontra-se no mar a algumas dezenas de metros do maciço rochosos que lhe deu origem formando um pequeno ilhéu que imerge ligeiramente acima das águas do mar.

Foi assim, que diz a lenda, nasceu a Ponta Furada, uma das mais estranhas e curiosas formações geológicas da ilha de são Jorge, que aguarda, no seu leito de mar, quem sabe outro passeio de São José e da Sagrada Família.