Lei da evolução
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Atenção: este é um verbete sobre Doutrina Espírita.
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[editar] Conceituação Espírita
Lei da Evolução é o nome utilizado com mais freqüência hoje em dia pelos adeptos e estudiosos do espiritismo para se referir à Lei do Progresso, uma das dez "Leis Morais" a que alude Allan Kardec na Parte Terceira de O Livro dos Espíritos.
Segundo esse princípio, tudo o que existe está em contínua evolução, o Universo, os mundos e os seres, tanto os animados quanto os inanimados, isoladamente ou em conjunto.
"Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação, porquanto nada na Natureza permanece estacionário."[1]
A Lei da Evolução é intimamente relacionada à Lei de causa e efeito e à Lei da Reencarnação, sendo essencial o entendimento das três leis para compreensão do todo.
[editar] A Evolução do Espírito e a Pluralidade das Existências
A Doutrina Espírita chama de "Espírito" ao "princípio inteligente" após alcançar o reino hominal, isto é, após atingir a consciência moral. O mito do paraíso perdido, constante do livro bíblico "A Gênese", pode ser intepretado como a perda da ingenuidade moral.
"As almas que animavam os humanóides viviam no Éden da ingenuidade. Não tendo ainda adquirido a consciência moral, isto é, sendo incapazes de discernir entre o certo e o errado, não eram responsáveis pelos seus atos, não sendo, portanto, submetidas a expiações. Quando essas almas provaram do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, isto é, quando sua consciência tornou-se madura e se tornaram Espíritos, elas foram expulsas do Éden da ingenuidade e passaram a comer “o pão com o suor do seu rosto”, isto é, tornaram-se responsáveis pelos seus atos, submetendo-se, a partir de então, à Lei da Causalidade".[2]
A Lei da Evolução, aplicada ao Espírito, diz que, através de sucessivas encarnações, o mesmo auto-aperfeiçoa-se gradativamente nas dimensões intelectual e moral, deixando sua condição inicial de "simplicidade e ignorância" para se elevar à condição de pureza espiritual.
[editar] Evolução e Causalidade
Ensina a Doutrina Espírita que "O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus; o mal, tudo o que lhe é contrário. Assim, fazer o bem é proceder de acordo com a lei de Deus. Fazer o mal é infringi-la."[3] .
Sendo o Espírito dotado de livre-arbítrio[4] sobre suas ações e sendo ele responsável pelos seus atos, sempre que o indivíduo (espírito encarnado) pratica uma ação contra a lei de Deus, ele pratica o mal, devendo, portanto, reparar, em oportunidade futura, o mal que cometeu, o que fará tendo que repetir em piores condições experiência relacionada àquela onde ele errou, o que é chamado de expiação. Se, por outro lado, ele pratica uma ação conforme à lei de Deus, ele pratica o bem, nada tendo a reparar e credenciando-se a novas experiências que são chamadas de provas. Tal é a expressão da Lei de Causa e Efeito.
[editar] Evolução e as Diferentes Categorias de Mundos Habitados
A evolução dos mundos habitados[5] ocorre no mesmo ritmo da dos seres que habitam em cada um deles. Os mundos habitados, segundo o Espiritismo, podem ser classificados do seguinte modo:
- Mundos Primitivos: destinados às primeiras encarnações do Espírito. São os mundos formados há menos tempo. Neles se encontram todos os seres nas suas fases iniciais de progresso.
- Mundos de expiação e provas, onde domina o mal entre os Espíritos. Nesses mundos, algumas espécies animais já demonstram um certo grau de raciocínio e consciência. A exploração dos animais pelo ser humano e o desrespeito à natureza são preponderantes.
- Mundos de regeneração, nos quais os Espíritos que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta. As demais espécies de seres vivos estão mais evoluídas e poucos são os seres humanos que as exploram para o trabalho ou para deles se alimentarem. É maior, também, o respeito pela natureza em geral.
- Mundos ditosos, onde o bem sobrepuja o mal. Nesses mundos a exploração das espécies animais pelo ser humano e o desrespeito pela natureza são reduzidos.
- Mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem. Todos os outros seres, nestes mundos, encontram-se no seu estágio final de desenvolvimento antes de passarem para o reino seguinte na escala evolutiva. Reinando somente o bem nesses mundos, a harmonia entre todos os seres é total.
A Terra pertence, ainda, à categoria de mundo de expiação e provas. É inegável, no entanto, que o mal, sob uma perspectiva histórica, vem diminuindo de forma sistemática e que já se pode dizer que as iniciativas voltadas para o bem são, pelo menos, tão numerosas quanto as voltadas para o mal. Pode-se concluir, portanto, que a Terra está entrando em uma fase de transição para mundo de regeneração. Mensagens espirituais que vem sendo recebidas no movimento espírita desde o final do século XX têm confirmado tal percepção.
[editar] Paralelos com o Budismo
Para o Budismo, há seis tipos de existência: Deuses, Semideuses, Humanos, Animais, Fantasmas famintos e Seres do Inferno; o renascimento em formas superiores ou inferiores seria determinado pelos bons ou maus atos, ou karma, produzido durante vidas anteriores.
Nas diversas vertentes do Budismo não existe a idéia de um Plano Espiritual onde vivem os espíritos desencarnados, como existe no Espiritismo. Para elas, a alma transita continuamente entre os diversos reinos acima, cada um com suas características distintas.
Outra diferença entre o Budismo e o Espiritismo é com respeito à questão da evolução entre os reinos. Para o Espiritismo, os reinos possuem fases progressivas de aprendizado. Assim, quem já reencarna como ser humano, nada mais tem a aprender como animal. Para o Budismo, por outro lado, alguns humanos podem precisar viver existências como animais em função de seu karma.
[editar] A Evolução nos Reinos da Natureza
As ciências que estudam o comportamento animal, tanto a Etologia, quanto a Psicologia Comparativa surgiram no século XX, após, portanto, Kardec ter escrito a Codificação. Assim sendo, para se ter uma melhor compreensão de como o princípio inteligente evolui através dos reinos da natureza, é recomendável um estudo das obras que constam de uma bibliografia não exaustiva sobre o assunto que consta ao final deste artigo.
É importante observar, para compreensão dessas obras, que, para o Espiritismo, a humanidade está em um reino à parte dos demais animais, reino este que é chamado de hominal, como visto mais acima, uma vez que somente o ser humano possui a consciência moral.
[editar] Quadro demonstrativo
No quadro ao lado pode-se ter uma idéia de como se procede a Evolução do Espírito, através das sucessivas reencarnações.
Por este quadro vê-se que, quando mais próximo do grau zero, menos evoluído será o indivíduo, ao passo que aquele que mais se aproximar de 10 será uma pessoa com alto grau de conhecimento e amor, ou seja, de sabedoria e, depois dele, terá atingido um grau comumente chamado de angelitude, o que na "escala espírita[6] correponde ao estágio de Espírito Puro.
Referências
- ↑ Item 19 do Capítulo III de O Evangelho segundo o Espiritismo
- ↑ Trecho do artigo Adão e Eva, que faz uma interpretação do mito sob a luz do Espiritismo.
- ↑ Resposta à questão 630 de O Livro dos Espíritos, que foi: "Como se pode distinguir o bem do mal?"
- ↑ O livre-arbítrio faz parte da Lei da Liberdade, uma das Leis Morais, sendo tratado em O Livro dos Espíritos da questão 843 à 850.
- ↑ A progressão dos mundos e as diferentes categorias e mundos habitados são assuntos tratados no Capítulo III de O Evangelho Segundo o Espiritismo
- ↑ Questões 100 a 113 do Livro 2, Capítulo I de O Livro dos Espíritos.
[editar] Bibliografia
[editar] Geral
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB
- id. O Evangelho Segundo o Espirtismo. FEB
- id. A Gênese, os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. FEB
[editar] Evolução nos Reinos da Natureza
- ANDRÉA DOS SANTOS, Jorge. Impulsos Criativos da Evolução. 3.ed. Rio de Janeiro: Societo Lorenz.
- BOZZANO, Ernesto. Os Animais têm Alma? Lachâtre.
- CIAMPONI, Durval. A Evolução do Princípio Inteligente. FEESP.
- KHÜL, Eurípedes. Animais, Nossos Irmãos. PETIT. ISBN 8572530258
- BENEDETI, Marcel. A Espiritualidade dos Animais. Mundo Maior.
- MARTINS, Celso. A Alma dos Animais. DPL Editora.
- NETO, Paulo. Alma dos Animais: Estágio Anterior à Alma Humana? GEEET.
- PRADA, Irvênia. A Questão Espiritual dos Animais. Editora FE.
- SCHUTEL, Cairbar de Souza. Gênese da Alma. Editora O Clarim.
- XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos. Ditado pelo Espírito André Luiz. 13.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993.