Gaetano Bresci
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| Gaetano Bresci | |
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| Gaetano Bresci, Anarquista, Tecelão e Regicida. | |
| Nascimento | 11 de Novembro de 1869 Coiano di Prato |
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| Falecimento | 22 de Maio de 1901 Ilha de Santo Estêvão |
Gaetano Bresci (Coiano di Prato, 11 de novembro de 1869 — Ilha de Santo Estêvão, 22 de maio de 1901) foi um anarquista ítalo-americano condenado a servidão perpétua e morto pelo assassinato do Rei Umberto I da Itália. Até os dias de hoje segue sendo considerado um herói por muitos anarquistas e republicanos.
Índice |
[editar] Militância
Bresci nasceu na localidade de Coiano di Prato, na Toscana e emigrou da Itália para os Estados Unidos, fazendo, aí, sua vida como tecelão em Paterson, Nova Jérsei, local este de uma grande colônia de emigrados italianos. Foi um dos fundadores do jornal La Questione Sociale (A Questão Social) publicado em língua italiana.
De acordo com Emma Goldman:
| “ | ...ele era um habilidoso tecelão, considerado soberbo por seus empregadores, um homem que trabalhava duro, mas seu salário se resumia em apenas quinze dólares semanais. Tinha uma mulher e uma criança para cuidar; e ainda assim ele fazia questão de doar semanalmente contribuições para o Jornal. Ele até mesmo juntou cento e cinquenta dólares e imprestou ao grupo do periódico crítico La Questione Sociale. Nas noites de Domingo em que tinha folga ajudava no trabalho de escritório e na propaganda do jornal. Era amado e respeitado por sua devoção por todos os membros de seu grupo. | ” |
[editar] O motivo: um crime de Estado
Em 1898, a mais de trinta anos da anexação da Lombardia ao Reino da Itália, a situação econômica era muito séria. Nesses trinta anos de emigração aproximadamente 519 mil lombardos emigraram para Milão. Lá o custo da farinha e do pão subira devido a demanda mas, indiferente a isto, a Casa de Sabóia impôs pesadas taxas a estes produtos, levando muitos à fome e ao desespero. Nesse contexto, multidões se insurgiram, pilhando moinhos, fornos e padarias.
Emma Goldman registra também:
| “ | Em Milão, uma multidão desarmada de manifestantes marchou até o palácio, onde foi cercada por uma força militar italiana sob o comando do general Fiorenzo Bava-Beccaris. O povo ignorou a ordem de dispersar e, diante dessa recusa, o general deu sinal de abrir fogo para os mosqueteiros e canhões, resultando em um banho de sangue, um massacre dos manifestantes. Noventa pessoas morreram, entre elas estava a irmã de Bresci. | ” |
O número total de mortos no massacre de Milão nunca foi realmente estabelecido, mas provavelmente ultrapassou em muito uma centena, sendo o número de feridos muito superior. Entre as vítimas desse incidente encontravam-se também moradores de rua e desempregados que esperavam em uma fila para receber sopa dos frades locais.
[editar] O assassinato de Humberto I
Pelo cumprimento de seus deveres e por sua "corajosa defesa da casa real" Baca-Becaris seria condecorado pouco tempo depois pelo Rei Humberto I. Diante da afronta e em memória aos mortos de Milão, especialmente de sua irmã Bresci encheu-se de revolta e determinação em assassinar o rei cujo governo se mostrava truculento e desumano com as classes populares já há décadas.
Vinte anos antes, em Nápoles no dia 18 de Novembro de 1878, Humberto I já havia sido alvo de um atentado do anarquista Giovanni Passannante que durante uma parada militar, este ataque no entanto fora frustrado, Umberto desviara da faca do anarquista ao mesmo tempo em que este era duramente atacado pela guarda real. Bresci estava decidido a terminar o trabalho de Passannante, assim que o jornal devolveu o empréstimo, sem dizer o motivo aos seus companheiros viajou para a Itália.
Em uma visita do rei Humberto I a Monza em 29 de Julho de 1900, Gaetano Bresci atirou em seu peito três vezes consecutivas quando o monarca ainda estava sobre sua carruagem e no momento em que havia mandado que parassem para que pudesse ver a premiação esportiva dos atletas do Clube Fortes e Livres. Bresci não resistiu a prisão; deixou-se ser capturado pelo carabinieri Andrea Braggio. Este mesmo carabiniere salvou-o ao protegê-lo de uma tentativa de linchamento da furiosa multidão de presentes.
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«"Não matei Umberto. Eu matei o Rei. Eu matei um princípio"»
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(frase pronunciada por Bresci imediatamente após o assassinato, em resposta as acusações da multidão.)
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[editar] Captura e julgamento
Levado a julgamento pelo regicídio, Bresci foi defendido pelo advogado anarquista Francesco Saverio Merlino após a recusa de Filippo Turati. Por seu crime foi sentenciado a morte, em Milão em 29 de agosto de 1900. mais tarde a sentença seria comutada para trabalhos forçados por toda a vida pelo Rei Victor Emmanuel III, sucessor de Umberto I. Este foi o único caso registrado na história em que um rei da Itália comutou uma penalidade.
Às 12:00 do dia 23 de Janeiro de 1901, depois de ser transladado por mar em um navio de guerra, Bresci foi trancafiado em seu destino final: uma cela de três por três metros, desprovida de qualquer mobília, especialmente construída para ele na prisão da Ilha de Santo Stefano, próxima a Ventotene, lugar para onde muitos outros anarquistas já haviam sido mandados por décadas.
Em menos de um ano Gaetano Bresci foi encontrado morto na prisão. Apesar de ter sido oficialmente anunciado que Bresci teria cometido suicídio, é grande a possibilidade de que ele tenha sido executado por seus guardas.
[editar] A reação
Todos os amigos e parentes de Bresci foram presos e acusados numa tentativa de demonstrar que Bresci não havia atuado individualmente, mas sim tomado parte em uma vasta conspiração anarquista internacional. A polícia de Paterson foi mobilizada para demonstra a existência de tal conspiração, mas acabou não encontrando quaisquer evidências. Posteriormente apesar de nenhuma evidência apontar para a ação de outros anarquistas, estes sofreram ataques dos Conservadores, sendo que alguns trabalhadores foram presos no Jornal sem qualquer reação. Na Itália muitos anarquistas foram presos e condenados por apologia ao regicídio. De fato, em homenagem a Bresci foram devotadas festas e brindes, tanto na Itália como em Paterson.
[editar] Curiosidades
- Gaetano Bresci e o Rei Vítor Emanuel III da Casa de Sabóia, filho de Humberto I, nasceram no mesmo dia: 11 de Novembro de 1869.
- Na cidade de Carrara existe monumento dedicado a Bresci, uma estátua em mármore de Carrara. O trabalho é do escultor milanês Carlo Sergio Signori (que permaneceu inacabada por causa de sua morte).
- Na cidade de Prato foi dedicada em 1976, uma estrada ao anarquista companheiro. Ela encontra-se perto da Piazza del Mercato Nuovo.
- Bresci costumava carregar sempre consigo uma câmera (que de fato era extremamente cara na época), um modismo americano de seu tempo. A máquina fotográfica o acompanhou no dia em que ele matou Umberto I.
- Bresci se distinguia do 'imigrante italiano comum' por falar o inglês corretamente, possuía uma câmera, um pequeno luxo para a época, e costumava interagir muito com a comunidade americana, diferente de muitos imigrantes italianos (especialmente aqueles que primeiro chegaram aos Estados Unidos), que por várias razões se reuniam em guetos em Little Italy.
- Bresci era muito popular com as mulheres por ser considerado muito desenvolto e elegante, ainda mais se comparado ao homem americano mediano de seu tempo.
- Bresci teve uma filha chamada por sua esposa de Gaetanina. Ao seu tempo ela também foi uma anarquista e, depois da morte de seu pai continuou lutando por uma vida melhor para os trabalhadores.
- Ascanio Celestini dedicou a Bresci uma canção (transmitida no programa de entrrevistas de Serena Dandini em 8 de Fevereiro de 2007) que fala de um matador que entra "como um ladrão na casa do ladrão" - que é o patrão - para matá-lo.
[editar] Biografia
- Francesco Saverio Merlino. Gaetano Bresci defense of the Court of Assizes of Milan. Bologna, Casa Editrice La Controcorrente, 1912.
- Ugoberto Alfassio Grimaldi. Il re "buono" . Milano, Feltrinelli, 1970.
- Cesare Gildo Silipo. Un re: Umberto 1, un generale: Bava Beccaris Fiorenzo, un anarchico: Gaetano Bresci .
- Giuseppe Galzerano. Gaetano Bresci: vita, attentato, processo, carcere e morte dell'anarchico che giustiziò Umberto I . Casalvelino Scalo, Galzerano, 2001.
- Arrigo Petacco. L'anarchico che venne dall'America. Arrigo Petacco. Storia di Gaetano Bresci e del complotto per uccidere Umberto I . Milano, Oscar Mondadori, 2001. ISBN 88-044-9087-X.
[editar] Veja também
[editar] Ligações externas
- Página sobre Gaetano Bresci na Enciclopédia Anarquista (em inglês).
- Ascanio Celestini canta La casa del ladro (em homenagem a Gaetano Bresci).
