Dulcídio Wanderley Boschilia

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Dulcídio Wanderley Boschilia (1938 — São Paulo, 14 de maio de 1998) foi um árbitro de futebol e policial.

[editar] Carreira

Controvertido, recebia muitas críticas, mas era considerado imparcial pela maioria dos clubes^[1] (mesmo sem nunca ter negado ser são-paulino)^[2] e sempre era lembrado para jogos que envolviam um clima tenso.^[3] "Falam que sou são-paulino porque um dia carreguei a bandeira do São Paulo no estádio", contou, em 1987. "Tenho simpatia pelo São Paulo, mas não passa disso. Fora de campo, posso ter minhas preferências, mas lá dentro não: sou árbitro."^[4]

Durante boa parte de sua carreira, ia aos estádios armado, embora não entrasse em campo com as pistolas.^[5] Começou a carreira de árbitro profissional em 1964, depois de ser goleiro em um time de várzea. Nessa época, quase foi levado por José Poy para o São Paulo.^[3] Quando era policial, apitou partidas de futebol na Casa de Detenção, em São Paulo, algumas vezes envolvendo detentos que ele tinha prendido, mas era respeitado por eles apesar disso. "Até me cumprimentavam", contou, em 1986. "Diziam que eu era gente. Isso, na linguagem da bandidagem, falando de um tira, é altamente significativo."^[6] Apesar de ter passado pelo DOI-CODI na época da ditadura militar, não participou de torturas.^[5]

Em 1973, um caso curioso: um repórter da revista Placar flagrou um bandeirinha aplicando laquê nos longos cabelos de Dulcídio. "Tem que usar", defendeu-se o juiz. "Senão os cabelos atrapalham a visão."^[7]

Apitou as decisões dos Campeonatos Brasileiros de 1975 e 1988, além das decisões dos Campeonatos Paulistas de 1974, 1975, 1977, 1981, 1983, 1986 e 1987.

Nessa última, em que o São Paulo foi campeão em cima do Corinthians, apitou apesar de ter sofrido um grave acidente de carro dezoito dias antes, na Rodovia Castelo Branco, quando faleceu sua segunda esposa, Berenice Bialski. Ele foi aplaudido pela torcida antes de a partida começar. Ao final, desmaiou de dor ao ser abraçado por um amigo justamente na costela fissurada no acidente. "Eu tinha duas opções: encarar a realidade ou me entregar", disse, após o jogo.^[8] Ele dedicou sua arbitragem nessa final, além da esposa falecida, aos preparadores físicos do Corinthians, que em apenas dez dias ajudaram-no a se recuperar do acidente.^[4] Rui Rei reclamara que o árbitro só estaria marcando faltas contra o time campineiro, ao que Dulcídio respondeu: "Não agita que eu te coloco para fora."^[9] O jogador seguiu reclamando e o árbitro, tão nervoso que deixou um dos cartões cair no chão, mostrou-lhe primeiro o cartão amarelo e depois o vermelho. Também foi suspenso por 120 dias por agredir o zagueiro ponte-pretano Polozzi, que depois confirmaria que não foi Dulcídio que o agrediu.^[5]

Seu grande sonho era fazer parte do quadro de árbitros da Fifa, mas morreu sem realizá-lo, apesar de ter sido cogitado para assumir uma das vagas em 1986.^[3]

Referências