Defesa civil
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A Defesa Civil (no Brasil) é o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social.
Em Portugal, a organização que promove a prevenção e assistência designa-se Protecção Civil. Na doutrina deste país, o termo Defesa Civil representa um conceito mais alargado, abrangendo todas as componentes não-militares da Defesa Nacional, incluindo não só a Protecção Civil, mas também a Segurança Interna, a Defesa Económica, a Defesa Cultural, a Segurança Ambiental e outras.
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[editar] Agente de Defesa Civil
Cabe aos agentes de Defesa Civil, profissional ou voluntário, o socorro e assistência às populações atingidas por catástrofes ou eventos dos mais diversos, sejam causados por eventos naturais ou não.
[editar] Pré-História
Não se tem notícia do início do uso deste mecanismo de defesa na História da humanidade. Apesar de muito se ter falado e escrito, as informações são contraditórias.
A família humana, acredita-se, tem vários milhões de anos, e a espécie humana remonta de centenas de milhares de anos.
No início da sua existência sobre o planeta os humanos sobreviviam pela coleta e caça de alimentos.
Eram nômades, perambulando sempre atrás de alimento e água. Armavam acampamentos e ao rarear os meios de subsistência iam-se para outras paragens.
Acredita-se que os homens caçavam e as mulheres coletavam, esta divisão e as atribuições de responsabilidade entre ambos era eqüidistante. Provavelmente os grupos eram compostos por parentes consangüíneos e chegavam à dezenas de indivíduos. A caça era somente para a obtenção de alimento e nunca esporte.
Os meninos na adolescência caçavam pequenos mamíferos e pássaros através do uso de arcos e flechas além de pequenas armadilhas. Os machos adultos já utilizavam técnicas de aproximação furtiva e ataque combinado para o abate da presa.
Os caçadores ao observar os rastros dos animais sabiam o que eram, a quantidade e outros dados necessários para efetuar a observação e o planejamento do ataque. Neste ponto é importante para a sobrevivência do bando o trabalho em equipe e principalmente a comunicação.
Pode-se dizer que a cultura pré-histórica foi baseada em parte pela habilidade de observação, comunicação e ataque combinado através do trabalho em equipe dos componentes do bando.
Logo, a caça passou a ser a garantia por muitas de gerações da defesa dos humanos da morte por inanição.
Pode-se deduzir que bons caçadores com o passar do tempo acabariam por se transformar futuramente em bons guerreiros.
[editar] Comunidades
Pela própria pré disposição humana à caça, à coleta de alimentos e ao trabalho em grupo, iniciou-se provavelmente o sentimento de comunidade. Esta tinha a necessidade da proteção dos indivíduos e da prole para poder sobreviver.
No início os humanos revezavam-se ao cuidar dos aglomerados contra agentes que causavam danos à comunidade, estabelecendo-se estrategicamente de forma a proteger-se de ataques de animais e de situações de risco.
Sempre havia alguém em guarda, em algum local estratégico. Isto é biológico, muitos animais agem desta forma para proteger a espécie de ataques, de inundações, incêndios entre outros perigos.
Nas culturas silvículas, principalmente nas regiões mais afastadas na Selva Amazônica, interior do Brasil, muitas nações indígenas ainda usam deste artifício para proteger as aldeias, segundo Roger Fouts em "O Parente Mais Próximo", Editora Objetiva 1988, os chimpanzés também possuem mecanismos de defesa e vigilância em suas comunidades.
[editar] O provável início das guerras das defesas do grupo
Acredita-se que os conflitos entre grupos sempre existiram, desde fases muito anteriores à pré humana, principalmente quando a escassez de alimentos forçava a grupos atacarem-se mutuamente, havendo inclusive, o fenômeno da antropofagia, como detectado em alguns grupos silvículas nas américas (Neste caso, há que se separar a antropofagia por necessidade alimentícia, protéica, da ritualística), havendo muitas vezes a necessidade de uma atenção maior na prevenção à ataques.
Com o advento do uso de armas para a caça, estas também começaram a ser usadas nos conflitos entre grupos que muitas vezes disputavam território, desta forma, os seres humanos inventaram provavelmente a guerra armada, logo, iniciou-se um ciclo de catástrofes não naturais que punham a sobrevivência do grupo em xeque.
[editar] Paliçadas e palafitas
Em virtude de uma defesa mais eficiente provavelmente surgiram as paliçadas, palafitas, e outros artifícios para a proteção da comunidade. Sempre quando se tinha uma comunidade, haviam aqueles que eram os responsáveis para dar o alarme em caso de algum tipo de calamidade, seja natural, ou não. Estas ações foram observadas nas populações indígenas Xavantes, Jurunas e Caiabis, cuja cultura tecnológica estava ainda na era pré histórica, em 1950 pelos indigenistas Villas Boas, no interior da Amazônia.
[editar] O início da fixação ao solo e a elitização da defesa da comunidade
Uma vez que os humanos deixaram a vida nômade, surgiram as aldeias, vilas e cidades, tendo a defesa do grupo se desenvolvido de tal forma, que acabou se tornando um sistema de ataque e defesa distanciando-se desta forma da população, pois, começou a servir a quem detinha o poder.
Desta forma, a população como um todo começou a deixar de ser protegida. A comunidade foi distanciada pelos detentores do poder através daqueles que deveriam os protetores desta.
[editar] Diferenças culturais de defesa civil
No Ocidente ao contrário do Oriente, a população começou a ser deixada à sua própria sorte, não tendo do poder público uma proteção adequada.
[editar] Oriente
No caso do Império Chinês, haviam sistemas bem delineados de defesa civil, as cidades eram planejadas de forma a proteger os colonos em caso de guerra, e, em caso de calamidades públicas os imperadores chineses e sua administração tinham uma completa rede de informação e socorro à população comum.
[editar] Ocidente
Já no ocidente não era bem assim, nas Grécia e Roma antigas, a população externa ao aglomerado urbano, era relevada a sua própria sorte, pois, com as cidades cercadas por muralhas, uma vez fechadas, em caso de ataques ou catástrofes, somente eram abertas após a cessação do perigo, o envio de ajuda era muito escasso.
[editar] Surgimento de metodologias de defesa da população
Quanto mais avançarmos no tempo, mais estamos sujeitos à catástrofes naturais e artificiais, desta forma, surgiu modernamente um sistema humano de defesa civil desvinculado das forças armadas, porém vinculado ao poder público, pois é responsabilidade do Estado a proteção da população.
[editar] Invenção dos sistemas de defesa contra incêndios
Na Idade Média, devido ao aumento dos aglomerados humanos, às condições precárias de circulação, de construções interligadas e de grande quantidade de material inflamável, cidadãos se organizaram para o combate a incêndios. Acredita-se que foram os franceses os primeiros a se organizar desta forma.
À medida em que a humanidade se desenvolveu, aumentando desta forma a complexidade social, aumentaram também as possibilidades de calamidades públicas devido ao aumento demográfico.
[editar] A moderna defesa civil
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, os ataques atingiam indistintamente a população e os exércitos, pois os grandes complexos industriais estavam inseridos nas grandes cidades. Logo, com taxa de urbanização elevada conseqüentemente a densidade demográfica também seria elevada
O povo seria atingido de forma mais direta pelos grandes bombardeios, que não mensuravam alvos e sim a destruição em massa, logo a diminuição do moral, não somente da tropa, mas de toda uma nação.
[editar] 2ª Guerra Mundial
No caso do Japão (bombas atômicas) e Alemanha, os norte-americanos e seus aliados lançavam de seus aviões bombas poderosas o suficiente para destruir quarteirões inteiros e abrigos subterrâneos, onde se protegiam mulheres e crianças. A população civil era estrategicamente visada para reduzir o moral dos exércitos inimigos. A defesa civil teve papel importante no socorro às vítimas, principalmente no Japão.
[editar] O exemplo oriental
O sistema de defesa civil dos orientais é muito mais antigo e eficaz do que do ocidente.
Devido alto grau de organização e mobilização dos japoneses, o ataque norte-americano a Hiroshima e Nagasaki, foi absorvido por toda a comunidade que reagiu rapidamente e com precisão, apesar dos imensos estragos e impacto físico e psicológico.
[editar] Bombas atômicas
Quando das explosões das bombas atômicas no Japão, de um total de 500.000 pessoas, aproximadamente 200.000 foram evacuadas, em torno 150.000 morreram, 80.000 só em Hiroshima, mais de 100.000 ficaram feridas em ambas cidades.
Em dez dias as indústrias japonesas da região atingida estavam trabalhando com 70% de sua capacidade.
[editar] Alemanha
Na Alemanha, após os bombardeios gigantes, a população ficou paralisada. Não havia uma defesa civil eficiente e organizada, apesar da máquina de guerra alemã ser invejável.
Portanto, uma defesa civil organizada e treinada é de suma importância para a mobilização de toda uma população em casos de emergências e calamidades públicas, formando assim, uma rede de ajuda e socorro.
[editar] Brasil
Com a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, e principalmente, após o afundamento, na costa brasileira, dos navios de passageiros Arara e Itagiba, totalizando 56 vítimas, o Governo Federal Brasileiro, em 1942, criou o primeiro esboço Defesa Civil.
Estabeleceu o Serviço de Defesa Passiva Antiaérea, criou a obrigatoriedade do ensino da defesa passiva em todos estabelecimentos de ensino, oficiais ou particulares, existentes no Brasil.
Em 1943, a denominação de Defesa Passiva Antiaérea foi alterada para Serviço de Defesa Civil, sob a supervisão da Diretoria Nacional do Serviço da Defesa Civil, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, extinto em 1946.
Foram criadas as Diretorias Regionais de Defesa Civil nos Estados, Territórios e Distrito Federal.
[editar] Década de 60 no Brasil
Como conseqüência de uma grande enchente em 1966, foi criado, no então Estado da Guanabara, um grupo de trabalho cuja finalidade era estudar a mobilização de diversos órgãos estaduais em casos de catástrofes.
Foi elaborado na época um plano diretor de Defesa Civil do Estado da Guanabara, este definia atribuições para cada órgão componente do Sistema Estadual de Defesa Civil.
Foi publicado um decreto estadual em 18 de novembro 1966 que aprovou aquele plano. Foram criadas também as primeiras Coordenadorias Regionais de Defesa Civil – REDEC no Brasil.
[editar] A criação da defesa civil estadual na Guanabara
No dia 19 de dezembro de 1966 foi organizada no na Guanabara, a primeira defesa civil estadual do Brasil.
[editar] Ministério do Interior
Em 1967 foi criado o Ministério do Interior cuja competência era assistir as populações atingidas por calamidades públicas em todo território nacional.
Também foi instituído para o Ministério do Interior um Fundo Especial para Calamidades Públicas (FUNCAPO).
Também se criou um Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas (GEACAP), cuja função era prestar assistência e defesa permanente contra calamidades públicas.
[editar] Organização
A organização sistêmica da defesa civil no Brasil, se deu pela criação do Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), em 1988, sendo reorganizado em agosto de 1993 e atualizado em 2005.
O Sistema Nacional de Defesa Civil, tem atualmente um Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), um grupo de apoio a desastres que tem a finalidade de fortalecer os órgãos de Defesa Civil locais.
[editar] Estado de São Paulo - Brasil
No estado de São Paulo a Defesa Civil surgiu após a calamidade de Caraguatatuba em 1967 dos incêndios dos Edifícios Andraus (1972) e Joelma (1974). Isto ocorreu porque nestes desastres muitas vidas se perderam devida falta de coordenação dos órgãos públicos e integração com as comunidades.
A comunidade paulista então percebeu a necessidade da criação de um órgão que, ao mesmo tempo, pudesse prevenir a ocorrência destes eventos ou, na impossibilidade da prevenção, pudesse minimizar seus efeitos.
O sistema estadual paulista de Defesa Civil foi reorganizado em 1995 pelo governador Mário Covas. Possui uma Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC) (órgão Central do Sistema de Defesa Civil Estadual), subordinada diretamente ao Governador do Estado e dirigida pelo Coordenador Estadual de Defesa Civil.
As Coordenadorias Regionais de Defesa Civil (REDEC) atuam no interior do Estado e na Região Metropolitana tendo como principal atribuição a formação, a orientação e o apoio às Coordenadorias Municipais de Defesa Civil (COMDEC) em todos os Municípios.
A Defesa Civil do Estado de São Paulo, nos seus mais de 30 anos de existência, evoluiu através da experiência adquirida nos diversos eventos calamitosos em que participou, coordenando ações, suplementando e apoiando Municípios e munícipes em seus momentos mais difíceis. Cabe ressaltar ainda o apoio a outros países, no caso, Indonésia e Sri Lanka, com campanha de arrecadação de donativos ao vitimados pelo Tsunami ocorrido em dezembro de 2004.
[editar] As ocorrências de maior destaque no Estado de São Paulo
- 1983 - Inundações do Vale do Ribeira, Rio Paraná e São Paulo, que atingiram 86 municípios, causando 32 mortos e mais de 65.500 desabrigados;
- 1984 - Incêndio de Vila Socó, em Cubatão, com 93 mortos e 1.500 desabrigados;
- 1985/1986 - Grande Estiagem que afetou 199 municípios, com o desenvolvimento de programas que atenderam mais de 316.000 pessoas;
- 1985/1986 - Fenômeno "Buraco de Cajamar", que atingiu 480 residências desabrigando 2.400 pessoas;
- 1987 - Inundações em 24 municípios da Região Metropolitana de São Paulo, que deixou 53 vítimas fatais e mais de 21.000 desabrigados;
- 1995 - Explosão de depósito clandestino de fogos de artifício no Bairro de Pirituba, em São Paulo, que provocou 15 mortes e deixou 24 pessoas feridas;
- 1996 - Desabamento de parte do Shopping de Osasco, com 37 mortos e 380 feridos;
- 1996 - Queda do avião Fokker 100 da TAM em São Paulo, com 99 vítimas fatais;
- 1997 - Enchentes no Vale do Ribeira, que deixaram 4 mortos e mais de 15.400 pessoas desabrigadas;
- 1998 - Novamente enchentes no Vale do Ribeira, com mais de 6.400 desabrigados;
- 1998 - Desabamento do teto da Igreja Universal do Reino de Deus, em Osasco, com 24 mortos e 539 feridos;
- 1998 - Acidente rodoviário do Município de Araras, onde o choque de caminhões de combustível com ônibus de romeiros deixou 54 vítimas fatais e 39 feridos;
- 2000 - Enchentes e escorregamentos de terra no Vale do Paraíba, que causaram 11 vítimas fatais e mais de 6.500 pessoas desabrigadas.
- 2005 - Organização da campanha que resultou na arrecadação 423 toneladas de donativos para as vítimas do tsunami na Ásia. Observando que foram destinadas a Indonésia (221 toneladas) e Sri Lanka (202 toneladas), respectivamente;
- 2007 - Queda do avião Airbus A320 da TAM em São Paulo, com 199 vítimas fatais.
- 14/03/2007 - O prédio da defesa civil da cidade de Guaratinguetá recebe o seu nome de Wilson Clementoni Osório, um dos fundadores da defesa civil.
[editar] Fases da Defesa Civil
Entre as principais ações da Defesa Civil podem ser destacadas:
- Prevenção: medidas adotadas visando a não ocorrência de desastres ou a preparação da população para os inevitáveis;
- Socorro: quando todo o esforço é feito no sentido de se evitar perdas humanas ou patrimoniais na área atingida por desastres;
- Assistência: criação de condições de abrigo, alimentação e atenção médica às vítimas;
- Recuperação: investimentos que objetivam o retorno, no menor tempo possível, das condições de vida comunitária existentes antes dos eventos.
[editar] Aprendizado
Toda experiência adquirida durante desastres mostra a importância das ações preventivas, o que deve ser feito através da realização de:
- Cursos;
- Publicação de matérias técnicas e informativas;
- Realização de eventos;
- Desenvolvimento de Planos Preventivos diversos;
- Desenvolvimento de Planos de Contingência;
- Planos Preventivos para Defesa Civil Específicos para desabamentos;
- Planos Preventivos de Defesa Civil para Enchentes;
- Plano Preventivo de Defesa Civil para acidentes dos mais diversos (Químicos, radioativos, etc);
- Treinamentos e palestras em comunidades e Escolas;
- Demonstraçãos públicas de equipamentos e de ações através de simulações para cativar a população, desta forma angariar novos voluntários.
[editar] Ligações externas
- Secretaria Nacional de Defesa Civil - Brasil
- Defesa Civil do Distrito Federal - Brasil
- Defesa Civil do Estado do Paraná - Brasil
- Defesa Civil do Estado de São Paulo - Brasil
- Defesa Civil de Barueri - SP
[editar] Ver também
- Protecção Civil - termo que designa a defesa civil em Portugal