Aleitamento
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Desde o nascimento e durante alguns meses o sistema digestivo do bebé produz sucos que lhe permitem fazerem a correcta digestão do leite materno. No entanto, não são capazes de digerir outros alimentos e por isso é necessário que durante os primeiros meses os bebés se alimentem apenas de leite, de preferência materno. Só a partir dos 4 meses é que o organismo do bebé começa a ser capaz de tolerar outros alimentos.
Índice |
[editar] O primeiro ano de vida
Ainda que se costume dizer que gordura é formosura e se ache que bebés gordinhos são bebés bonitos, isso não significa contudo que sejam saudáveis. Considera-se que um ganho de peso normal para os 6 primeiros meses seja de cerca de 500g por mês e entre os 6 e os 12 meses cerca de 400g por mês. Assim sendo, em condições normais, o peso do bebé duplica ao fim dos primeiros seis meses de vida e triplica ao fim de um ano. Cada vez mais e segundo as orientações da OMS para o Aleitamento Materno, a quantificação tão rigorosa deste ganho de peso não deve ser muito valorizado, especialmente junto dos pais. É de salientar que estes valores podem variar porque cada bebé tem o seu próprio ritmo de crescimento, sobretudo dependendo do tipo de alimentação que faz, devendo ser sempre um profissional de saúde, o enfermeiro, o médico de família ou o pediatra a avaliar se o ritmo é adequado ou não.
Os bebés alimentados com leite materno aumentam mais de peso durante os 2/3 primeiros meses e depois mais lentamente. Com leite artificial crescem mais devagar no início, acelerando o ritmo a partir dos 4 meses.
Durante o primeiro ano de vida o bebé sofre um crescimento muito rápido. Mas para isso é fundamental a ingestão de quantidades suficientes de calorias (fonte da nossa energia) e proteínas. Apesar do leite materno em exclusivo ser o mais recomendado como fonte de alimento para o bebé, existem situações que levam a que se tenha que adaptar outro tipo de alimentação.
[editar] Aleitamento artificial
A alimentação artificial é uma alternativa de sucesso à amamentação em certas circunstâncias, como:
- A mãe decide não amamentar;
- O horário laboral da mãe não lhe permite amamentar;
- É recomendado um leite especial devido às alergias da criança ou a necessidades nutricionais especiais;
- Proporciona suplemento às crianças cujas mães, ocasionalmente, não queiram amamentar;
- Complementa o leite materno quando a produção deste é insuficiente;
- A presença de lesões nos mamilos ou sensibilidade mamária (mamas muito doridas, rijas, quentes e vermelhas pela acumulação excessiva de leite nas mamas, o que dificulta a sua saída);
- A criança é adoptada;
- Quando a mãe tem uma infecção activa, como a tuberculose, ou o síndroma de imunodeficiência adquirida (AIDS).
Este tipo de alimentação não implica que a mãe tenha que deixar de amamentar o bebé, e não significa também que se irão introduzir alimentos sólidos na sua alimentação. A alimentação suplementar só poderá ser iniciada a partir de um mês de vida, para que o bebé não prefira o biberão à mama. O suplemento deve ser usado para completar uma mamada insuficiente ou para substituir até duas no máximo para manter a produção do leite materno, fornecendo apenas a quantidade necessária para que o bebé se sinta satisfeito.
Para ajudar a identificar se o bebé ainda tem fome, são sinais a ter em conta:
- O chupar sôfrego;
- O fazer esforços intensos para chupar; (quer dizer o mesmo)
- O ficar muito tempo a mamar;
- Em vez de adormecer depois de mamar, chora e chupa o polegar, parece cheio de fome após a refeição.
O aleitamento suplementar (até aos 4/6 meses) assegura um crescimento regular, uma alimentação satisfatória e fezes de consistência normal. (Carvalho, Fernando Manuel Monteiro de)
Os leites artificiais são recomendados com base nas necessidades alimentares da criança, as preferências dos pais, o custo, as necessidades de refrigeração e as capacidades dos pais para preparar cuidadosamente os leites.
Durante este tipo de alimentação é importante também que se promova a relação entre os pais e o bebé pelo que se aconselha que os pais devem assumir uma posição face a face com a criança, a olhar nos seus olhos, e a mantê-la próxima de si e segura. Este período é uma boa altura para ir falando com a criança, para cantar para ela ou simplesmente estar tranquila com o bebé. Este tipo de alimentação permite também que o pai e toda a família possa participar na alimentação do bebé.
[editar] Cuidados necessários
Relativamente aos cuidados a ter, os pais devem ter em atenção os seguintes pontos:
- Os biberões, tetinas, a água e o leite não precisam de ser esterilizados a não ser que a água não seja potável, no entanto necessitam de ser fervidos;
- Quando não se utiliza o leite todo, deve-se deitar fora o restante, porque uma vez aberto, a sua composição altera-se. Além disso, se voltar a ser aquecido o leite fermenta, para além de já ter acumulado na tetina microorganismos provenientes da boca do bebé.
- O leite deve ser dado a uma temperatura ambiente ou então pode ser aquecido até que fique morno quando testado na face interna do punho. Pode aquecer-se em banho maria, ou no microondas, mas deve ter-se o cuidado de agitar bem o biberão antes de testar a temperatura do leite no punho;
- Se o leite está frio, aqueça-o colocando o biberão num pouco de água quente; (diz o mesmo que o anterior)
- O biberão nunca deve ser apoiado com uma almofada ou qualquer outro objecto e deixado com a criança. E porquê? Porque o bebé poderá asfixiar e este comportamento priva a criança de uma interacção importante durante a alimentação;
- Para alimentar o bebé, deve-se colocar a tetina na boca, sobre a língua, devendo apoiá-la contra o palato (céu da boca), e o leite deve cair gota a gota;
- Segure o biberão de modo a manter a tetina sempre cheia de leite, de modo a evitar a entrada de ar durante a mamada, mesmo assim deve-se colocar a criança a arrotar pelo menos a meio da ingestão;
- A criança que adormece rapidamente, volta a cabeça para o lado ou que pára de mamar, normalmente indica-nos que mamou o suficiente.
- Quando terminar de mamar, o bebé deve ser posto a "arrotar", para que possa eliminar algum ar que tenha engolido durante a mamada, pois se não o fizer, pode ficar com gases e cólicas e a digestão pode tornar-se mais difícil.
[editar] Tipos de alimentação artificial
[editar] Leite artificial
- Existe sob três formas: pronto a usar, concentrado e em pó. O leite em pó é solúvel na água e não necessita de refrigeração. Os pré-preparados e os leites condensados vêm normalmente em recipientes de uso múltiplo que necessitam de refrigeração depois de abertos.
- Na preparação do leite, as proporções indicadas não devem ser alteradas e é muito importante que o leite seja diluído correctamente, pois ao diluir-se uma quantidade de leite maior do que a recomendada, pode provocar-se uma desidratação no bebé, e se a quantidade for menos do que a recomendada o bebé pode não ficar bem alimentado.
[editar] Leite de vaca não modificado
- Os pais não devem alimentar os bebés com leite de vaca enquanto o bebé não tiver, pelo menos, um ano de idade. E porquê? Porque este leite é de mais difícil digestão, permite uma absorção pobre das gorduras e tem baixa concentração de ferro. Para além disso contém proteínas que podem ser demasiado agressivas para o intestino do bebé.
- Não se deve dar leite magro a crianças com menos de um ano de idade, porque para além de também ser derivado do leite de vaca, é pobre em calorias, o que contraria o processo de crescimento do bebé; É também inadequado a prática da diluição do leite de vaca integral (líquido ou pó), apesar de constar como orientação nutricional em publicações desatualizadas e antigas.
Deve-se então contactar um médico, preferencialmente, um PEDIATRA, ou um nutricionista ou um enfermeiro do bebê no sentido de este orientar os pais para o tipo de leite que devem adquirir. Geralmente, a indicação correta remete as Fórmulas Infantis, que são produtos modificados visando atender as necessidades nutricionais do Lactente (bebê). É importante ressaltar que, assim como o aleitamento materno, o uso das Fórmulas Infantis deve ser mantida até os 12 meses ou mais, conforme indicação do Profissional de Saúde.
[editar] Horários
É frequente surgir uma famosa dúvida comum ao aleitamento materno em exclusivo, à alimentação suplementar e ao aleitamento artificial: será que se deve alimentar apenas os bebés quando eles pedem, ou tentar-lhes impor um horário? O horário deve ser livre, ou seja, gerido consoante a fome que o bebé manifesta. No primeiro mês de vida os recém-nascidos precisam de ser alimentados durante o dia de 1:30 em 1:30, de 2 em 2 ou de 3 em 3 horas. À noite os intervalos de tempo podem variar entre 3 a 5 horas. Nos meses seguintes a maioria dos bebés estabelece um padrão próprio que é o de acordar de 3 em 3 horas ou de 4 em 4 para se alimentarem, dormindo o resto do tempo. Pode acontecer que a criança fique a dormir mais horas que o habitual e por vezes aumente estes intervalos de tempo entre as refeições. Nestas situações, se o bebé comeu bem na última vez que foi alimentado e tem dificuldade em acordar, pode dormir mais 30 minutos para além do horário habitual, porque a amamentação é mais eficaz quando o bebé está desperto e com vontade de comer. (Bobak)
[editar] Substituição por alimentos
A OMS (Organização Mundial de Saúde) preconiza o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses, podendo depois começar a introduzir gradualmente a água e alimentos sólidos pois por esta altura o bebé já exige um maior conteúdo calórico na sua alimentação.
A introdução de novos alimentos antes dos 5/6 meses de idade não é aconselhável, pois para os bebés o leite materno é o ideal para a sua alimentação, e o leite artificial o alimento mais aproximado do materno que podem ter. Pode também contribuir para a obesidade do bebé, que não quer dizer que o bebé é mais saudável por aumentar tanto de peso, ou até para o aparecimento de alergias, pois o seu sistema imunitário, as suas defesas, ainda não estão suficientemente fortes. Quando tiver um ano de idade é capaz de ingerir todos os alimentos sólidos, a menos que ocorra alguma intolerância alimentar. Aos 5/6 meses o aparelho digestivo do bebé já está suficientemente desenvolvido para receber os alimentos sólidos e as crianças começam a precisar de mais calorias e nutrientes que o leite oferece.
É importante que os pais tenham consciência que eles mesmo podem preparar a alimentação dos seus filhos e que não é necessário alimentos infantis preparados comercialmente. A alimentação deverá ser rica em calorias, ferro e vitaminas D e Vitamina C em quantidades suficientes. (Sorensen Tutti)
No entanto, deverá ser o médico, preferencialmente, o PEDIATRA, ou o nutricionista ou o enfermeiro de saúde infantil a aconselhar quando introduzir os alimentos sólidos. O calendário para essa introdução e o tipo de alimentos a utilizar será discutido durante as consultas de vigilância de saúde do bebé, com estes profissionais. Para mais esclarecimentos poderão recorrer aos conselhos dos profissionais da Associação Ajuda de Mãe. (bobak)
[editar] Frequência
Inicialmente deve começar-se por oferecer ao bebé uma ingestão de alimentos sólidos por dia, a meio da manhã ou da tarde. Passadas algumas semanas, aumenta-se a frequência para 2 vezes por dia. Um mês após este início começa a dar-se entre a amamentação e os biberões, pois o bebé terá mais apetite nessa altura.
Uma forma de familiarizar o bebé com os novos alimentos será dar estes ao bebé para que ele os possa manipular e tomar conhecimento da sua textura e consistência.
[editar] Quantidade
De início deve dar-se alimentos sólidos ao bebé em pequenas quantidades, como 1 a 2 colheres de sobremesa de comida, até ele se habituar ao gosto. Depois, aumente gradualmente a quantidade para 4 a 6 colheres de sopa de comida. Deve ter-se sempre em conta que não é aconselhável obrigar o bebé a ingerir a comida e deve dar-se tempo para que ele se habitue à colher, uma vez que está habituado à mama.
[editar] Alguns exemplos de alimentação
[editar] Papas
Geralmente, as papas de cereais são o primeiro passo para a introdução dos alimentos sólidos, salientando a importância dos hidratos de carbono na alimentação do bebé. As papas mais conhecidas, como a Cerelac e o Nestum, são muito ricas em amido, que é um nutriente que nos fornece muita energia. É conveniente começar com uma papa láctea de preparação instantânea, à base de cereais. Como medida preventiva de problemas intestinais, aconselha-se nos primeiros meses a introdução de cereais sem glúten, que é uma substância existente em alguns cereais, como o trigo, centeio, aveia e cevada. Entre os cereais que não contêm glúten estão o milho e o arroz. Algumas marcas, como a Nutriben comercializam papas sem glúten, devidamente assinaladas nas embalagens.
[editar] Vegetais
De uma forma geral, a partir dos 5/6 meses inicia-se a introdução dos vegetais sob a forma de puré (sopa), podendo utilizar inicialmente uma batata, uma cebola e uma cenoura, pois são os vegetais melhor tolerados.
Não se deverá acrescentar sal, e só depois dos legumes cozinhados e de estar fora do lume é que se introduz uma colher de sobremesa de azeite, que não deverá ir a lume, pois as gorduras expostas a altas temperaturas sofrem transformações químicas que as tornam mais nocivas para a saúde. Se o bebé não apresentar nenhuma reacção alérgica a esta base, semana a semana será acrescentado mais um vegetal de cada vez, para que caso ocorra alguma reacção alérgica se possa identificar qual a sua origem.
Assim sendo, introduz-se depois o nabo, o alho francês, a alface, a abóbora, espinafres e os restantes vegetais.
[editar] Fruta
A fruta também poderá ser introduzida por esta altura, gradualmente, começando por se cozer uma maça ou uma pêra, até se pode misturar posteriormente bolacha maria de forma a se fazer uma papa. Posteriormente pode introduzir-se a banana, o pêssego e os alperces. As últimas peças de fruta a serem introduzidas deverão ser as laranjas, tangerinas e frutos vermelhos, como os morangos, pois causam facilmente alergias. (Nestlé Tutti)
[editar] Carne, peixe e ovos
Entre o 5º e o 6º mês deverá introduzir-se a carne (de carneiro, vaca e frango), altura em que a criança pode também começar a comer pão. Por volta do 8º mês deve introduzir-se o peixe, alternando com as refeições em que a carne está presente. É também nesta altura que se introduz o ovo (apenas a gema), de preferência cozida, oferecendo-se pequenas quantidades e aumentando gradualmente até se atingir uma gema inteira. A clara do ovo deverá ser introduzida cerca dos 12 meses. É importante salientar que, quer com o peixe, quer com a carne, deve começar-se por dar apenas o caldo onde estes foram cozinhados. Se for bem tolerado pelo bebé pode então, no dia seguinte, dar-se a carne e o peixe. (Nestlé Tutti)
[editar] Subnutrição
[editar] Causas
Infelizmente, por vezes deparamo-nos perante situações de desequilíbrios calóricos/alimentares, às quais os pais devem estar atentos para as prevenir. As causas mais comuns dessa situação são:
- Leites de elevado ou baixo teor calórico/muito ou pouco gordos;
- Erro na compreensão do choro, interpretado como fome ou não sendo percebido como tal;
- Alimentação com excesso de nutrientes sólidos, com consequente excesso de calorias;
- Ambiente gerador de stress, o que diminuirá o apetite;
- Anorexia (falta de apetite) crónica relacionada com doença ou com terapia medicamentosa;
- Perda excessiva de calorias por vómitos ou diarreia. (Sorensen)
É importante também se estar atento a um possível desequilíbrio hídrico do bebé, a nível dos líquidos, uma vez que o organismo de um lactente produz mais calor, há uma maior perda de líquidos por transpiração invisível, o que pode acarretar consequências graves para o bem estar do bebé. Pode começar a dar-se água ao bebé assim que este deixe de se alimentar exclusivamente de leite materno. A água deve ser fervida. É desaconselhado dar chá, a não ser um chá próprio para bebés, da marca Milupa®, à venda nas farmácias. Assim, os pais devem estar atentos a alguns sinais de desidratação, de perda exagerada de líquidos, como:
- O turgor cutâneo (elasticidade da pele) avaliado no abdómen;
- A fontanela deprimida;
- Sinais de sede; quais são
- Alterações a nível do peso;
- Jacto urinário menor.
[editar] Ver também