Torre
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O termo Torre, do latim turris, designa uma estrutura alta, de arquitectura ou engenharia, em que a altura é bastante superior à largura apresentando uma demarcada verticalidade. Pode ser edificada para diversos fins (como defesa, comemoração ou optimização de espaço) e a sua morfologia tem apresentado algumas variantes ao longo do tempo em que, do mesmo modo, variam os materiais de construção (madeira, pedra, ferro, betão, etc.). De um modo geral pode ser edificada como estrutura auto-portante independente ou como parte integrante de um edifício e a sua planta pode variar formalmente; circular, quadrangular ou poligonal.
Índice |
[editar] Evolução
Já na antiguidade se edificavam torres e o zigurate babilónico é um desses primeiros exemplos de construções em altura, a par com outras tipologias desenvolvidas por outras civilizações, como o minarete islâmico de função religiosa presente na mesquita ou o Farol de Alexandria com funções de observação e vigilância.
Mais a oriente o templo indiano possui também uma torre sobre a ala principal de colocação da representação da divindade em pé. Esta torre, denominada Sikhara, pode ser circular, quadrangular ou octogonal e pode mesmo ser substituída por uma cúpula achatada, caso a divindade no seu interior seja representada na posição sentada (de Ioga).
O pagode, também muito presente a oriente, refere-se à edificação chinesa e japonesa composta por diversos níveis em altura (em número ímpar), em que se sobrepoem vários telhados de beirais curvos e prolongados que retrocedem em largura até ao topo. A planta é de forma variável (quadrangular ou poligonoal) e a estrutura pode ser construída em madeira ou mármore com decorações escultóricas e sinetas. Também se pode referir à edificação religiosa indiana stupa que do mesmo modo é composta por diversos níveis e reduz a sua largura progressivamente em direcção ao topo.
Edificavam-se também na antiguidade torres integradas nas muralhas defensivas ladeando as portas de acesso à povoação ou cidade e que, durante o período grego, passam a ser dispostas a distâncias regulares entre si apresentando uma planta circular ou semi-circular.
A Idade Média assume a torre com um elemento arquitectónico de extrema importância funcional e simbólica e as suas dimensões variam até à monumentalidade de pesadas construções em pedra. Podem ser para vigia e observação colocadas na área envolvente de uma determinada povoação de modo a assegurar a sua defesa (Torre de vigia, também Guarita no baluarte), ou servirem de habitação (Torre medieval). Mais tarde o seu carácter defensivo é acentuado e a torre passa a fazer parte integrante do castelo distribuindo-se por pontos estratégicos ao longo das muralhas. No interior do recinto situa-se a torre principal que evolui até se tornar na habitação defensiva do senhor feudal, com planta quadrangular e interior em madeira (Torre de menagem). O castelo possui também ainda uma torre forte que serve de atalaia (Torre albarrã, ou Torre do haver, caso ali se guarde o tesouro real).
Com o fim do feudalismo a cidade e o poder burguês vão-se apoderar da torre como elemento simbólico da independência administrativa, aplicando-a a palácios comunais e câmaras municipais (Torre comunal). Esta aplicação vai ter especial impacto a norte da Europa (França, Bélgica, Holanda) no final da Idade Média, em que as instituições governativas da cidade apresentam uma torre esguia de proporções exacerbadas em comparação com os edifícios em que estão integradas.
[editar] A torre eclesiástica
A nível eclesiástico a torre da Idade Média torna-se também num dos elementos principais da caracterização da arquitectura religiosa em igrejas e catedrais. Mas a torre campanário da igreja cristã (também Torre sineira) surge já na Itália do século VII permanecendo geralmente como elemento independente no sul da Europa e agregado ao edifício no norte.
Durante o estilo românico as torres da igreja são essencialmente simples, de planta quadrangular ou circular, decoradas com bandas horizontais de arcadas cegas e com coroamento em cone ou pirâmide octogonal.
No estilo gótico, a torre ajuda ao verticalismo acentuado da arquitectura gótica não só concorrendo em altura com as torres da catedrais de cidades vizinhas, como também estabelecendo a ligação entre a terra e o céu. A torre adquire uma extrema leveza e trabalho escultórico intrincado (traceria) especialmente nas catedrais francesas.
No mínimo, a igreja exibe uma torre, mas é comum encontrarem-se duas torres gémeas a ladear a fachada principal a oeste, que raramente apresenta três, como é caso disso a westwerk, fachada com uma torre central ladeada de duas mais pequenas. Também pode ser edificada uma torre sobre o coro (Torre de coro), sobre o cruzeiro (Torre de cruzeiro ou Torre-lanterna) ou sobre os braços do transepto (mais raro).
As variações estilísticas são grandes e variam consoante os movimentos artísticos. No Renascimento, por exemplo, as ordens arquitectónicas de influência clássica são adaptadas à morfologia da torre e no barroco o coroamento assume uma forma volumétrica que combina curvas côncavas com convexas em forma de cebola (Torre bulbosa). Outros coroamentos são também usuais em torres, como em pirâmide, cone, cúpula ou sem coroamento (campanário).
[editar] Tipologias da actualidade
Na actualidade a torre responde também a diversas necessidades funcionais e comemorativas. Podem ser orientadas à optimização do espaço, como no caso dos arranha-céus, podem ser torres panorâmicas ao serviço do turismo, reservatórios de água ou cereais, podem estar ao serviço do controlo aéreo (Torre de controle) e também suportar antenas de modo a, por exemplo, facilitar a transmissão de ondas rádio, podem ainda albergar sinos ou relógios, entre outros.
[editar] Torres famosas
[editar] Ver também
[editar] Fontes bibliográficas
- CALADO, Margarida, PAIS DA SILVA, Jorge Henrique, Dicionário de Termos da Arte e Arquitectura, Editorial Presença, Liboa, 2005, ISBN 20130007
- KOEPF, Hans; BINDING, Günther (Überarbeitung), Bildwörterbuch der Architektur, Alfred Kröner Verlag, Stuttgart, 1999, ISBN 3-520-19403-1