Serra do Caraça
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Caraça é o nome de um trecho da Serra do Espinhaço localizado no município de Santa Bárbara, no estado de Minas Gerais, Brasil.
Dizem que a Serra lembra o rosto de um gigante deitado, daí a origem do nome Caraça (grande cara). Uma crista rochosa e nua, forma imenso anfiteatro alongado, com os três picos do morro da Trindade, o da Conceição; ao sul, as serras da Olaria e da Canjerana, a Serra do Inficionado, o morro do Sol, a Serra do Carapuça. Anfiteatro de quatro quilômetros de largura, terreno em leves ondulações florestadas. As águas da bacia descem em belas cascatas das montanhas e se coletam nos ribeirão do Caraça, águas intensamente ferruginosas, havendo dois lagos, o Tanque Grande, rodeado de bosques, e o Tanquinho de São Luís.
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[editar] História da Serra do Caraça
Os primeiros registros sobre a serra do Caraça datam de 1700. Nesta ano, a serra foi concedida em sesmaria ao Padre Filipe de Siqueira Távora, e aos mineiros Domingos Borges e a Antônio Bueno e Francisco Bueno que, com seus outros irmãos, vieram catar ouro em suas encostas.
[editar] A Ermida do Caraça
Na segunda metade do século XVIII, um misterioso personagem, conhecido como Irmão Lourenço de Nossa Senhora, se instala na Serra, tendo como objetivo a fundação de um eremitério, visando o fortalecimento da vida religiosa no interior da capitania. Supõe-se que o misterioso religioso, irmão leigo da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, fosse um refugiado político português ligado à famosa "Revolta dos Távoras", tentativa de assassinato do rei D. José I de Portugal, reprimida a ferro e fogo pelo Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o célebre Marquês de Pombal.
O certo é que em pouco tempo, Irmão Lourenço conseguiu, não sem a ajuda do governo colonial, edificar um monastério e uma igreja em estilo barroco, concluída em 1779, bem como reunir em torno de si uma comunidade religiosa que chegou a contar com 12 eremitas. Desde então o Caraça tornou-se lugar de peregrinação. Irmão Lourenço morre em 1819, deixando sua fundação em herança ao Rei Dom João VI.
[editar] O Colégio do Caraça
D. João VI entrega as terras e o eremitério à Congregação da Missão (Padres Lazaristas), cujos primeiros membros - Padres Leandro Rebelo Peixoto e Castro e Antônio Ferreira Viçoso - chegaram ao Brasil em 1820. De imediato, os padres transformam o eremitério em Colégio.
Aqui começa a época de glória da Serra do Caraça. O Colégio, com períodos de pleno desenvolvimento, mas igualmente com fases de decadência, se torna referência do ensino para a elite de todo o Brasil. Dois futuros presidentes da República aí fazem seus estudos - Afonso Pena e Artur Bernardes - e outros tantos ex-alunos se tornaram governadores de estado, senadores e deputados, altas autoridades eclesiásticas.
No século XIX, o colégio foi visitado pelos Imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II, cujas impressões ainda podem ser vistas no Museu do Colégio ou ainda na Bibloteca.
Na segunda metade do século XIX, a velha Igreja do Irmão Lourenço, que se tornara demasiado pequena para o número de alunos do Colégio é substituída por outra, mais ampla, em estilo neogótico. Nela se pode contemplar a gigantesca e magnífica tela com o tema da "Última Ceia" do pintor mineiro Mestre Manuel da Costa Ataíde. Aí se encontram igualmente o corpo embalsamado de São Pio Mártir, um soldado romano martirizado, belos vitrais de procedência francesa e o órgão de tubos instalado pelo padre Luís Boavida, marceneiro e músico.
No início de século XX, o Colégio é transformado em "Escola Apostólica" (seminário) da Congregação da Missão. O Santuário foi tombado pelo IPHAN em 1955, conforme o Livro Histórico - Inscrição: 309, 27.01.1955 e Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico - Inscrição 015-A , 27.01.1955.
O Colégio funcionou até 1968, quando um incêndio destruiu parte das instalações destinadas aos alunos. Tal sinistro destruiu igualmente parte do precioso acervo da Biblioteca.
O prédio queimado foi magnificamente restaurado, aí sendo alojados um curioso museu da vida colegial e a preciosa biblioteca, que conta no seu acervo com obras únicas dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX. Acredita-se que o primeiro homem a chegar ao Caraça foi o Irmão Lourenço, no ano de 1770. Lá ele ergueu um altar, que nove anos depois se transformou na Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Esta foi a primeira igreja em estilo neogótico do Brasil. Após a sua morte, D. João VI ofereceu as terras do Caraça aos padres lazarenta portugueses. São eles que fundaram o Colégio Caraça. A escola se caracterizou por sua seriedade e disciplina. Grande parte da elite intelectual do país passou pelo Colégio, inclusive cinco presidentes brasileiros. Em 1968 um incêndio pôs fim ao funcionamento do Colégio. Atualmente as ruínas do incêndio foram transformadas em pousada e centro cultural.
[editar] Parque Natural do Caraça
Por volta de 1978, a Congregação da Missão assinou um convênio com a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza e, em 1982, com o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Florestas (atual Ibama), quando o território pertencente ao antigo colégio recebeu a designação de Parque natural. Esse acordo, entretanto, durou apenas cerca de cinco anos, retornando à responsabilidade de seus proprietários.
Este território território foi transformado em Reserva Particular do Patrimônio Natural através do Decreto 98.914, de 31/01/1990, e atrai pesquisadores de todo país dada a surpreendente variedade de vida animal e vegetal da região.
O atual parque compreende uma área de 11.233 hectares onde convivem os ecossistemas da Mata Atlântica e do Cerrado, caracterizando-se como uma área de transição. A sua altitude varia entre os 720 e os 2.070 metros acima do nível do mar, com destaque para o chamado Pico do Sol, considerado como ponto mais alto da região e da serra do Espinhaço. Segundo alguns geólogos, a serra do Caraça apresenta a mais antiga superfície de aplainamento não fossilizado do país.
Entre as espécies estudadas no parque, foram identificadas mais de duzentas espécies de orquídeas, além de exemplares de candeias, macaúba, angico, ipê-amarelo, entre outros. Essa diversidade vegetal provê suporte a uma fauna também variada, onde convivem pelo menos 274 espécies de aves (beija-flores,seriemas, tucano-de-peito-amarelo e outras) e 65 espécies de mamíferos como sagüis, sauás, quatis, suçuaranas, raposas, antas, pacas, o tamanduá-mirim e o lobo-guará, entre outros. O Instituto Butantã catalogou mais de 50 espécies de aranhas. Vários tipos de besouros que compõem 500 espécies, 200 das quais nativas ou encontradas no Caraça pela primeira vez.
Entre as atrações do Parque destacam-se ainda quedas d'água, rios, lagos e grutas, acedidas por trilhas.
As dependências mais antigas do Santuário do Caraça comportam atualmente agradável hospedaria.
[editar] Turismo ecológico
Cercado pela Serra do Caraça, o Parque oferece diversas atrações ligadas à natureza, como caminhadas e banhos em piscinas naturais. À noite, é comum encontrar com o lobo-guará, que está parcialmente domesticado pelos padres do santuário. Para entrar ne Parque é preciso pagar uma taxa.
[editar] Atrações
- Pico do Inficionado:
Essa caminhada exige um pouco de condicionamento físico, pois são 9,5 km de caminhada entre pedregulhos e subidas fortes. O cume fica a 2.032 m de altitude e oferece uma linda vista da região.
Essa trilha também exige bom preparo físico. São 10 km só de ida até o ponto mais alto do Pico do Sol. A altitude alcança 2.068 m. Do alto pode se ver boa parte da Serra do Espinhaço. Nesse passeio pode-se observar a junção da Mata Atlântica e do Cerrado.
- Cascatona:
São 6 km de caminhada até a Cascatona. Essa cachoeira tem 70 m de altura e termina numa piscina natural ideal para banho.
- Cascatinha:
A Cascatinha fica a , aproximadamente, 2 km da Igreja do Parque e é um dos lugares prediletos dos visitantes para banho. São várias quedas formando piscinas naturais de extrema beleza.
- Gruta do Centenário:
Essa gruta é considerada a maior do mundo de quartzito. São 3.400 m de galeria, que devem ser visitadas com um guia local.
- Atividades Noturnas:
Após o jantar, os padres e visitantes reúnem-se em frente à igreja para uma certo ritual, que já ocorre há anos. Os padres alimentam os lobos-guarás com pedaços de carne. Eles demoram um pouco para chegar, mas todas as noites comparecem. Os mais corajosos podem dar a comida para o lobo.