São Pedro
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São Pedro | |
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São Pedro, por Peter Paul Rubens | |
Nascimento | no Século I a.C. em Betsaida, Galiléia |
Falecimento | aproximadamente 67 em Roma |
Venerado pela | Toda a Cristandade |
Principal templo | Basílica de São Pedro, Vaticano |
Festa litúrgica | 29 de junho |
Atribuições | duas chaves, cruz invertida, rede de pescador |
Padroeiro: | dos Papas e dos pescadores |
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Pedro (século I a.C., Betsaida, Galiléia — cerca de 67 d.C., Roma)[1] foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, como está escrito no Novo Testamento e, mais especificamente, nos quatro Evangelhos. É considerado o primeiro Papa pela Igreja Católica.
Índice |
[editar] Nome e importância
Segundo a Bíblia, seu nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos Atos dos Apóstolos e na Segunda Epístola de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original, Simeão. Cristo mudou seu nome para כיפא, Kepha, que em aramaico significa "pedra", "rocha", nome este que foi traduzido para o grego como Πέτρος, Petros, através da palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra" ou "rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus, também através da palavra petra, de mesmo significado.
Pedro é considerado o "príncipe dos apóstolos" e o fundador, junto com São Paulo, da Igreja de Roma (a Santa Sé), sendo-lhe reconhecido ainda o título de primeiro Papa (um tanto anacronicamente, posto que tal designação só começaria a ser usada cerca de dois séculos mais tarde – Pedro foi o primeiro Bispo de Roma); essa circunstância é importante, pois daí se tira a primazia do Papa sobre toda a Igreja.
[editar] Dados biográficos
Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum.
Segundo o relato no Evangelho de São Lucas,[2] Pedro teria conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com São Tiago e João, seus sócios, concedeu-lhe o lugar na barca que foi afastada um pouco da margem.
No final da pregação, Jesus disse a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro prostou-se perante Jesus e disse para que se afastasse dele, já que é um pecador. Jesus encorajou-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornará "pescador de homens".
O apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado em Antioquia, tornou-se o primeiro Bispo de Roma. Depois de solto da prisão em Jerusalém, o apóstolo viajou até Roma e aí ficou até ser expulso com os judeus e cristãos pelo imperador Cláudio, época em que voltou a Jerusalém e participou da reunião de apóstolos sobre os rituais judeus no chamado Concílio de Jerusalém. Após esta reunião, ficou em Antioquia (como o seu companheiro de ministério, Paulo, afirma em sua carta aos gálatas) e, depois de passar por várias cidades, foi mártir em Roma entre 64 e 67 d.C.
[editar] O primado de Pedro
Toda a primeira parte do Evangelho gira em torno da pergunta: quem é Jesus? Simão foi o primeiro dos discípulos a responder essa pergunta: Jesus é o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro.
Encontramos o relato do evento no Evangelho de São Mateus, 16:13-19: Jesus pergunta aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?".
Simão Pedro, respondendo, disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus respondeu-lhe: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue que te revelaram isso, e sim Meu Pai que está nos céus. Também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja ,[3] e as portas do Hades[4] nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus. E o que desligares na terra será desligado[5] nos céus” (Mt 16, 16:19)
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O Evangelho de João[6], bem como o de Lucas[7], também falam a respeito do primado de Pedro dever ser exercido particularmente na ordem da Fé, e que Cristo o torna chefe: Jesus disse a Simão (Pedro): "Simão, filho de João, tu Me amas mais do que estes? "Ele lhe respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Meus cordeiros". Segunda vez disse-lhe: "Simão filho de João, tu Me amas? - "Sim, Senhor”, disse ele, “tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta Minhas ovelhas". Pela terceira vez lhe disse: "Simão filho de João, tu Me amas? Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu Me amas?” e lhe disse: "Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo". Jesus lhe disse: "Apascenta Minhas ovelhas.[8]
Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; Eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos.[9]
Mais do que em Mt 16, 17:19 esse texto é mais claro no que se refere ao primado que Cristo confere a Pedro no próprio seio dos apóstolos; um papel de direção na Fé.
[editar] O apóstolo Pedro o primeiro Bispo de Roma
A comunidade de Roma foi fundada e evangelizada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade, como veremos abaixo, a comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé) tem o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses); o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo de Roma, assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio episcopal. A sucessão "petrina" começa com São Lino, em 67, e atualmente é exercida pelo papa Bento XVI.
Que o apóstolo Pedro exerceu seu ministério em Roma informa ele próprio ao concluir sua primeira epístola: “A [Igreja] que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, meu filho.”[10]
Trata-se da Igreja de Roma.[11] Assim também interpretaram todos os autores desde a antiguidade, como veremos abaixo, como sendo Roma Imperial (decadente). O termo não pode referir-se à Babilônia sobre o Eufrates, que jazia em ruínas ou a Nova Babilônia (Selêucia) sobre o Tigre, ou a Babilônia Egípcia cerca de Mênfis, tampouco a Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a única cidade que é chamada Babilônia pela antiga literatura Cristã.[12]
- Assim nos refere o bispo Dionísio de Corinto, ano 170 d.C., extrato de uma de suas cartas aos romanos:
"Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente".[13]
- Gaio, presbítero romano', ano 199:
"Nós aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de Filipe. Possuímos os troféus dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Vai à Via Óstia e lá encontrareis o troféu de Paulo; vai ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro".
Gaio dirigia-se nos seguintes termos a um grupo de hereges: "Posso mostrar-vos os troféus (túmulos) dos Apóstolos. Caso queirais ir ao Vaticano ou à Via Ostiense, lá encontrareis os troféus daqueles que fundaram esta Igreja".[14]
- Orígenes (185-253 d.C.) responsável pela escola catequética em Alexandria afirma:
"Pedro, ao ser martirizado em Roma, pediu e obteve fosse crucificado de cabeça para baixo"[15]
"Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo".[16]
"Para a maior e mais antiga a mais famosa Igreja, fundada pelos dois mais gloriosos Apóstolos, Pedro e Paulo." e depois "Os bem-aventurados Apóstolos portanto, fundando e instituindo a Igreja, entregaram a Lino o cargo de administrá-la como bispo; a este sucedeu Anacleto; depois dele, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, Clemente recebeu o episcopado." "Mateus, achando-se entre os hebreus, escreveu o Evangelho na língua deles, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja".[17]
- Formado como jurista Tertuliano (155-222 d.C.) fala da morte de Pedro em Roma:
"A Igreja também dos romanos publica - isto é, demonstra por instrumentos públicos e provas - que Clemente foi ordenado por Pedro."
"Feliz Igreja, na qual os Apóstolos verteram seu sangue por sua doutrina integral!" - e falando da Igreja Romana, "onde a paixão de Pedro se fez como a paixão do Senhor."
"Nero foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé. Pedro então, segundo a promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na Cruz".[18]
- Eusébio (263-340 d.C.) Bispo de Cesáreia, escreveu muitas obras de teologia, exegese, apologética, mas a sua obra mais importante foi a História Eclesiástica, onde ele narra a história da Igreja das origens até 303. Refere-se ao ministério exercido por Pedro:
"Pedro, de nacionalidade galiléia, o primeiro pontífice dos cristãos, tendo inicialmente fundado a Igreja de Antioquia, se dirige a Roma, onde, pregando o Evangelho, continua vinte e cinco anos Bispo da mesma cidade."
- Epifânio (315-403 d.C.), Bispo de Constância (também foi Bispo de Salamina e Metropolita do Chipre) fala da sucessão dos Bispos de Roma:
"A sucessão de Bispos em Roma é nesta ordem: Pedro e Paulo, Lino, Cleto, Clemente etc..."[19]
- Doroteu[20]: "Lino foi Bispo de Roma após o seu primeiro guia, Pedro."
- Optato de Milévio: " Você não pode negar que sabe que na cidade de Roma a cadeira episcopal foi primeiro investida por Pedro, na qual Pedro, cabeça dos Apóstolos, a ocupou."[21]
- Cipriano (martirizado no ano 258 d.C.), Bispo de Cartago (norte da África), escreveu a obra "A Unidade da Igreja" (De Ecclesiae Unitate), onde diz:
"A cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a unidade sacerdotal".[22]
- Santo Agostinho (354-430 d.C.): "A Pedro sucedeu Lino".[23]
[editar] Os textos escritos pelo apóstolo
O Novo Testamento inclui duas epístolas cuja autoria é atribuída a Pedro: A "Primeira epístola de São Pedro e a Segunda epístola de São Pedro.
[editar] São Pedro, segundo a arqueologia
A partir dos anos 50 intensificaram-se as escavações no subsolo da Basílica de São Pedro, lugar tradicionalmente reconhecido como provável túmulo do apóstolo e próximo de seu martírio no muro central do Circo de Nero. Após extenuantes e cuidadosos trabalhos, inclusive com remoção de toneladas de terra que datava do corte da Colina Vaticana para a terraplanagem da construção da primeira basílica na época de Constantino, a equipe chefiada pela arqueóloga italiana Margherita Guarducci encontrou o que seria uma necrópole atribuída a São Pedro, inclusive uma parede repleta de grafitos com a expressão Petrós Ení, que, em grego, significa "Pedro está aqui".
Também foram encontrados, em um nicho, fragmentos de ossos de um homem robusto e idoso, entre 60-70 anos, envoltos em restos de tecido púrpura com fios de ouro que se acredita, com muita probabilidade, serem de São Pedro. A data real do martírio, de acordo com um cruzamento de datas feito pela arqueóloga, seria 13 de outubro de 64 d.C. e não 29 de junho, data em que se comemorava o traslado dos restos mortais de São Pedro e São Paulo para a estada dos mesmos nas Catacumbas de São Sebastião durante a perseguição do imperador romano Valeriano em 257 d.C.
[editar] Referências
- ↑ segundo a tradição bíblica
- ↑ 5:1-11
- ↑ O termo semítico que traduz o termo grego εκκλησία, ekklesia é assembléia, freqüentemente encontra-se no Antigo Testamento para designar a comunidade do povo eleito (cf. Dt 4,40 etc. ; At 7,38), que Cristo institui seu chefe.
- ↑ Hades (hebraico Sheol), cujas “portas” personificadas evocam as potências do Mal que Cristo garante que jamais prevalecerão contra Sua Igreja. Cristo para designar todo o poder do Mal usou o termo “portas”, da mesma forma o Reino de Deus tem portas, na seqüência Pedro recebe suas chaves. É por esta razão que Pedro é, geralmente representado com chaves na mão e como porteiro do Paraíso.
- ↑ Cabe a Pedro abrir ou fechar o acesso ao Reino dos Céus, por meio da Igreja. “Ligar” e “desligar” são dois termos técnicos da linguagem rabínica que referem-se primeiramente ao domínio disciplinar da excomunhão, também referem-se as decisões doutrinais ou jurídicas. Responsável por administrar a comunidade em matéria de Fé e de moral.
- ↑ 21, 15:17
- ↑ 22,31
- ↑ Jô 21, 15:17
- ↑ Lc 22, 31:32
- ↑ I Epístola de Pedro 5,13
- ↑ cf. Ap. 14,8 ; 16,19 ; 17,5
- ↑ Apoc., xvii, 5; xviii, 10; "Oracula Sibyl.", V, versos 143 e 159, ed. Geffcken, Leipzig, 1902, 111
- ↑ fragmento conservado na História Eclesiástica de Eusébio, II,25,8
- ↑ em Eusébio, Hist. ecl. 1125, 7
- ↑ Com. in Genes., t. 3
- ↑ fragmento conservado na "História Eclesiástica" de Eusébio, III,1
- ↑ L. 3, c. 1, n. 1, v. 4
- ↑ Scorp. c. 15
- ↑ ii. 27 - Sales, St. Francis de, The Catholic Controverse, Tan Books and Publishers Inc., USA, 1989, págs. 280-282
- ↑ in Syn.
- ↑ de Sch. Don.
- ↑ Epístola 55,14
- ↑ Ep. 53, ad. Gen.
[editar] Ligações externas
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