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Genocídio armênio - Wikipédia, a enciclopédia livre

Genocídio armênio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Genocídio armênio, (Հայոց Ցեղասպանութիւն ,"Hayots tseghaspanut'iun" em armênio), Holocausto armênio ou ainda o Massacre dos armênios é como é chamada a matança e deportação forçada de centenas de milhares ou até mais de um milhão de pessoas de origem armênia que viviam no Império Otomano, com a firme, irreversivel e cruel intenção de arruinar sua vida cultural, econômica e seu ambiente familiar, durante o governo dos chamados Jovens turcos, de 1915 a 1917.

Está firmemente estabelecido que foi o primeiro genocídio, e há evidências do plano organizado e intentado de eliminar sistematicamente os armênios. É o segundo mais estudado evento desse tipo, depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra, e vários estudiosos afirmam ter Hitler pronunciado a frase Afinal quem fala hoje do extermínio dos armênios ? em 1939, nas vésperas da invasão da Polônia. Adota-se a data de 24 de abril de 1915 como início do massacre, por ser a data em que dezenas de lideranças armênias foram presas e massacradas em Istambul.

O governo turco atual rejeita o termo genocídio organizado e que as mortes tenham sido intencionais.

Índice

[editar] Cenário

Cenas do genocídio armênio.
Cenas do genocídio armênio.

Embora as reformas de 8 de fevereiro de 1914 não satisfizessem as exigências do povo armênio, pelo menos abriam o caminho para realizar o ideal pelo que havia lutado durante gerações, com sacrifício de inúmeros mártires. "Uma Armênia autônoma dentro das fronteiras do Império Otomano", era o anseio do povo armênio. Um mês mais tarde, em 28 de julho, começava a Primeira Guerra Mundial.

Esse conflito resultou trágico, pois deu oportunidade ao movimento político dos Jovens Turcos de realizar seu premeditado projeto de aniquilação o povo armênio. Na noite de 24 de abril de 1915 foram aprisionados em Constantinopla mais de seiscentos intelectuais, políticos, escritores, religiosos e profissionais armênios, que foram levados a força ao interior do país e selvagemente assassinados.

Depois de privar o povo de seus dirigentes, começou a deportação e o massacre dos armênios que habitavam os territórios asiáticos do Império. Mewlazada Rifar, membro do Comitê de União e Progresso, em seu livro Bastidores obscuros da Revolução Turca, disse:

Em princípios de 1915 o Comitê de União e Progresso, em sessão secreta presidiada por Talat, decide o extermínio dos armênios. Participaram da reunião Talat, Enver, o Dr. Behaeddin Shakir, Kara Kemal, o Dr. Nazim Shavid, Hassan Fehmi e Agha Oghlu Amed. Designou-se uma comissão executora do programa de extermínio integrada pelo Dr. Nazim, o Ministro da Educação Shukri e o Dr. Behaeddin Shakir. Esta comissão resolveu libertar da prisão os 12.000 criminosos que cumpriam diversas condenações e aos quais se encarregava o massacre dos armênios.
Mewlazada Rifar

O Dr. Nazim Bei escreve:

Se não existissem os armênios, com uma só indicação do Comitê de União e Progresso poderíamos colocar a Turquia no caminho requerido. O Comitê decidiu liberar a pátria desta raça maldita e assumir ante a história otomana a responsabilidade a que este fato implica. Resolver exterminar todos os armênios residentes na Turquia, sem deixar vivo a um só deles; nesse sentido foram outorgados amplos poderes ao governo.
Nazim Bei

A cidade de Alepo caiu na mão dos ingleses e foram encontrados muitos documentos que confirmavam que o extermínio dos armênios teria sido organizado pelos turcos. Um destes documentos é um telegrama circular dirigido a todos os governadores:

À Prefeitura de Alepo: Já foi comunicado que o governo decidiu exterminar totalmente os armênios habitantes da Turquia. Os que se opuserem a esta ordem não poderão pertencer então à administração. Sem considerações pelas mulheres, as crianças e os enfermos, por mais trágicos que possam ser os meios de extermínio, sem executar os sentimentos da conseqüência, é necessário por fim à sua existência. 13 de setembro de 1915.
O ministro do Interior, Talat.

[editar] Testemunhos

Citação
«Em geral, as caravanas de armênios deportados não chegavam muito longe. À medida em que avançavam, seu numero diminuía com conseqüência da ação dos fuzis, dos sabres, da fome e do esgotamento... Os mais repulsivos instintos animais eram despertados nos soldados por essas desgraçadas criaturas. Torturavam e matavam. Se alguns chegavam a Mesopotâmia, eram abandonados sem defesa, sem viveres, em lugares pantanosos do deserto: o calor , a umidade e as enfermidades acabavam, sem dúvida, com a vida deles.»
(René Pineau)


Uma viajante alemã escutou o seguinte de uma armênia, em uma das estações do padecimento de um grupo de montanheses armênios:

Citação
«Por que não nos matam logo? De dia não temos água e nossos filhos choram de sede; e pela noite os maometanos vêm a nossos leitos e roubam roupas nossas, violam a nossas filhas e mulheres. Quando já não podemos mais caminhar, os soldados nos espancam. Para não serem violentadas, as mulheres se lançam à água, muitas abraçando a crianças de peito.»


Mapa representando as deportações
Mapa representando as deportações

O governo cometeria ainda outra vileza: a maioria dos jovem armênios mobilizados ao começar a guerra não foram enviados à frente, mas integraram brigadas para construção de caminhos. Ao terminar o trabalho todos eles foram fuzilados por soldados turcos.

Jacques de Morgan assim se refere às deportações, aos massacres e aos sofrimento padecidos pelos armênios:

Citação
«Não há no mundo um idioma tão rico, tão colorido, que possa descrever os horrores armênios, para expressar os padecimentos físicos e morais de tão inocentes mártires. Os restos dos terríveis massacres, todos testemunhos da morte seus entes queridos, foram concentrados em determinados lugares a submetido a torturas indescritíveis e a humilhações que os faziam preferir a morte.»
(Jacques de Morgan)


O povo armênio não desapareceu quando estava nos desertos da Mesopotâmia: as mães armênias ensinavam a ler aos seus filhos desenhando as letras do alfabeto armênio na areia.

[editar] Referências

  • Sokatch,Daniel - É preciso condenar o genocídio armênio, OESP, pg 22, 6 de Maio de 2007.
  • Akçam, Taner, From Empire to Republic: Turkish Nationalism and the Armenian Genocide, Zed Books, 2004.

[editar] Ligações externas


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