Clarice Lispector
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Clarice Lispector | |
Nascimento | 10 de dezembro de 1920 Tchetchelnik, Ucrânia |
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Falecimento | 9 de dezembro de 1977 Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | Ucraniana-brasileira |
Ocupação | Romancista, contista e cronista |
Escola/tradição | Modernismo (Terceira Geração Modernista) |
Influências | Herman Hesse, Fiodor Dostoievski, Franz Kafka, Katherine Mansfield, James Joyce |
Clarice Lispector (Tchetchelnik, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977) foi uma escritora brasileira nascida na Ucrânia.
De família judaica, recebeu o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorreu durante a viagem de emigração da família ao continente americano. Aportaram no Brasil quando tinha pouco mais de um ano de idade.[1]
A família chegou a Maceió em março de 1922, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin. Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tania – irmã, todos mudam de nome: o pai passa a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia – irmã, Elisa; e Haia, Clarice. Pedro passa a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.[2]
Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância. Falava vários idiomas, entre eles o francês e inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno familiar, o iídiche.
Índice |
Obra literária
Em 1944 publicou seu primeiro romance, Perto do coração selvagem.
A literatura brasileira era nesta altura dominada por uma tendência essencialmente regionalista, com personagens contando a difícil realidade social do país na época. Clarice Lispector surpreendeu a crítica com seu romance, seja pela problemática de caráter existencial, completamente inovadora, seja pelo estilo solto elíptico, e fragmentário, que críticos reputaram reminiscente de James Joyce e Virginia Woolf, se bem que ainda mais revolucionário.
Em verdade, a obra de Clarice ultrapassou qualquer tentativa de classificação. A escritora e filósofa francesa Hélène Cixous vai ao ponto de dizer que há uma literatura brasileira A.C. (Antes da Clarice) e D.C. (Depois da Clarice).
Seu romance mais famoso talvez seja A hora da estrela, o último publicado antes de sua morte. Este livro narra a vida de Macabéa, uma nordestina criada no estado de Alagoas que migra para o Rio de Janeiro, e vai morar em uma pensão, tendo sua rotina descrita por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M.
Faleceu de câncer (cancro) em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57º aniversário. Foi inumada no Cemitério Israelita do Cajú, no Rio de Janeiro.
Livros de sua autoria
- Romance
- Perto do coração selvagem (1944)
- O lustre (1946)
- A cidade sitiada (1949)
- A maçã no escuro (1961)
- A paixão segundo G.H. (1964)
- Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (1969)
- Água viva (1973)
- A hora da estrela (1977)
- Um sopro de vida (pulsações) (1978)
- Conto
- Alguns contos (1952)
- Laços de família (1960)
- A legião estrangeira (1964)
- Felicidade clandestina (1971)
- A imitação da rosa (1973)
- A via crucis do corpo (1974)
- Onde estivestes de noite (1974)
- Crônica
- Entrevistas
- De corpo inteiro (1975)
- Literatura infantil
- O mistério do coelho pensante (1967)
- A mulher que matou os peixes (1968)
- A vida íntima de Laura (1974)
- Quase de verdade (1978)
- Coletâneas de contos, crônicas ou entrevistas organizadas e publicadas postumamente
- A bela e a fera (1979) – reunião de contos inéditos escritos em épocas diferentes
- A descoberta do mundo (1984) – seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973
- Como nasceram as estrelas (1987) – contos infantis
- Cartas perto do coração (2001) – cartas trocadas com Fernando Sabino
- Correspondências (2002)
- Aprendendo a viver (2004) – seleção de crônicas publicadas em jornal entre agosto de 1967 e dezembro de 1973
- Outros escritos (2005) – reunião de textos de natureza diversa
- Correio feminino (2006) – reunião de textos publicados em suplementos femininos de jornais, nas décadas de 1950 e 1960
- Entrevistas (2007) – seleção de entrevistas realizadas nas décadas de 1960 e 1970
- Minhas queridas (2007) – correspondências
Curiosidades
Clarice verteu para o português, em 1976, o livro Entrevista com o Vampiro, da autora estadunidense Anne Rice.[3]
A primeira edição de Onde estivestes de noite foi recolhida por ter sido colocado, erroneamente, um ponto de interrogação no título.
Em artigo publicado no jornal The New York Times, no dia 11/03/2005, a escritora foi descrita como o equivalente de Kafka na literatura latino-americana. A afirmação foi feita por Gregory Rabassa, tradutor para o inglês de Jorge Amado, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa e de Clarice.[4]
"A descoberta do mundo", de Clarice Lispector, foi um dos livros prediletos do cantor, compositor e poeta Cazuza.[5]
Referências
- ↑ Clarice Lispector – Biografia, Releituras, 07 de fevereiro de 2008.
- ↑ Clarice Lispector – Biografia, Releituras, 07 de fevereiro de 2008.
- ↑ Editora Rocco – Catálogo – Entrevista com o Vampiro
- ↑ Julie Salamon (11 de março de 2005). An Enigmatic Author Who Can Be Addictive. The New York Times. Página visitada em 12 de setembro de 2007.
- ↑ Cazuza – Livros
Projetos relacionados
Ligações externas
- Site Oficial
- Biografia
- Autores Judeus. Com prefácio do escritor riograndense Moacyr Scliar.
- Video Entrevista em três partes
- Fotobiografia de Clarice