Unzó Matamba Tombenci Neto
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Unzó Matamba Tombenci Neto é um terreiro de Candomblé originário da casa de angola mais antiga da Bahia, a de Maria Genoveva do Bonfim (mais conhecida como Maria Nenem), localizada em Ilhéus, Bahia.
Maria Nenem era filha-de-santo de Roberto Barros Reis, africano que teria recebido esse sobrenome por ter sido escravo de certo Barros Reis. Nascida em 1865 e falecida em 1945, Maria Nenem, em data incerta, abriu, em Salvador, o Terreiro Tumbensi.
Paralelamente, em 1885, Tiodolina Félix Rodrigues (Iyá Tidu) abria, em Ilhéus, o terreiro Aldeia de Angorô, permanecendo até sua morte, em 1914, sob seu comando. Mais ou menos nessa época, Euzébio Félix Rodrigues (Tata Gombé), filho carnal de Iyá Tidu, conheceu, em Salvador, um africano chamado Hipólito Reis (Dilazenze Malungo), que viria a tornar-se seu pai-de-santo. Ambos visitavam Ilhéus com freqüência e, em 1915, Gombé assumiu o terreiro da mãe, que passou a se chamar Terreiro de Roxo Mucumbo, já que este (que na nação ketu tem como equivalente o orixá Ogum) era seu inquice — assim como Angorô (Oxumarê) era o de Iyá Tidu.
Euzébio permaneceu à frente do terreiro até sua morte, em 1941, quando sua irmã, Izabel Rodrigues Pereira (Mameto Bandanelunga), assumiria a direção. Dona Izabel, ao lado de suas filha Ilza, com 6 ou 7 anos de idade, também passou pelos rituais de iniciação preliminares com Dilazenze Malungo, que, depois disso, voltou para a África, não podendo, portanto, concluir suas obrigações — o que teria levado Dona Izabel/(Dona Roxa) a decidir que, antes de assumir definitivamente o terreiro, deveria fazê-lo. Para isso, chamou Marcelina Plácida, conhecida como Dona Maçu, filha-de-santo da fundadora do Terreiro Tumbensi em Salvador, a famosa Maria Nenem. Realizadas todas as obrigações, o terreiro retomou suas atividades em 1946, já no bairro da Conquista, em Ilhéus, com o nome de Terreiro Senhora Sant’Ana Tombenci Neto.
Dona Roxa faleceu em 25 de outubro de 1973 e foi sucedida por Ilza Rodrigues, uma de suas quatro filhas carnais (ela teve também três filhos homens), também iniciada por Dona Maçu. A sucessão de Dona Roxa, em 1973, apresentou surpresas. Quase todos esperavam que a sucessora fosse uma das irmãs de Dona Ilza Rodrigues (Mameto Mucalê), mas, após o enterro e os ritos funerários, Dona Maçu revelou que Dona Roxa deixara explícito que a sucessora deveria ser a própria Ilza, indicação que, como é estritamente necessário, foi confirmada pelo jogo de búzios. Mameto Mucalê assumiu e o terreiro deu origem a mais de cinqüenta casas (os “Tombenci Bisnetos”), espalhadas não apenas pela Bahia, mas também em São Paulo e no Rio de Janeiro. Organizado sobre uma base familiar, composta pela mãe-de-santo, seus quatorze filhos carnais (todos iniciados em diferentes graus) e suas respectivas famílias, o Tombenci caracteriza-se também por possuir uma intensa vida comunitária, com ligações privilegiadas com a área dos Carilos e com o bairro da Conquista em geral.
Em 1986, alguns jovens da família e do terreiro fundaram o Grupo de Preservação da Cultura Negra Dilazenze, Bloco-afro cujo objetivo principal, segundo seus estatutos, é “a preservação e divulgação da cultura afro-brasileira na região sul da Bahia”. Em 2004, foi fundada a Organização Não-Governamental “Organização Gongombira de Cultura e Cidadania”. Em 2005, organizou-se a “Associação Beneficente e Cultural Matamba Tombenci Neto”. E, em 2006, foram inaugurados o “Memorial Unzó Tombenci Neto”, que reúne objetos importantes da história do terreiro, e a “Galeria Ingué Kaitumba”, que reúne fotos do acervo histórico do terreiro.