Seti I
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Seti I foi o segundo faraó da XIX dinastia egípcia, ou dinastia Ramséssida. Filho de Ramsés I e da rainha Sitré, governou o Antigo Egipto entre cerca de 1291 a.C. e 1278 a.C. O seu reinado de pouco mais que uma década ficaria celebrado na história pelas numerosas e frutuosas campanhas militares e pelo esplendor artístico alcançado. É o pai do famoso Ramsés II, o Grande.
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[editar] Nomes
O faraó nasceu com o nome, o nome de Sa-ré, de Seti Merien-ptah – o que significa “O de Set, Amado de Ptah" – e escolheu para seu nome de coroação, o nome de Nesu-biti, o de Men-maet-ré – “Eterna é a Justiça de Ré". A sua titulatura completa-se com o seu nome de Horus: Kha nekhat kham uaset – “Touro forte que se manifesta em Tebas” – o seu nome de Horus de Ouro: Uehemkhau Ueserpedjutemtaunebu – “O que reaparece glorioso sobre os inimigos em todas as terras” – e ainda o seu nome de Nebti: Uehemmesut Sekhemkheoesh Derpedietpesdiet – “O que renasce, o poderoso que submete os Nove Arcos”.
[editar] Família
[editar] Ascendência
Seti I era filho do primeiro rei Ramséssida: Ramsés I. Ramsés I era vizir e confidente do anterior faraó Horemheb. Este último é muitas vezes considerado como o primeiro faraó da XIX dinastia, contudo as ligações familiares de Horemheb colocam-no como último faraó da XVIII dinastia egípcia. De facto, a sua ascensão ao trono foi legitimada pelo casamento com Mutnedjmet, filha de anterior faraó-sacerdote Ay e irmã de Nefertiti, Grande Esposa Real de Akhenaton. Ramsés I conseguiu o trono do Egipto porque Horemheb não deixou descendência e o indicou a ele, seu fiel amigo, como seu sucessor. Seti I provem, assim, de uma linhagem nobre, de grandes comandantes militares. O seu avô, Seti, era um comandante oriundo do Delta. Seu pai, antes de se tornar faraó, fora um grande comandante. A mãe de Seti, Sitré (Filha de Ré) era também uma nobre de nome Tia.
[editar] Descendência
Seti I casou no seio da sua proveniência familiar. A sua Grande Esposa Real foi Tuia, filha do tenente Raia. Conhecem-se quatro filhos deste casamento:
1 - Um rapaz que morreu muito jovem
2 - Tia-Sitre
3 - Ramsés II, sucedeu a seu pai
4 - Hanutmiré, futura esposa de seu irmão Ramsés II
A família de Seti I, os Ramséssidas, continuaria no poder por mais 93 anos, até à morte da rainha-faraó Tauseret em 1185 a.C., quando uma nova dinastia se apodera do trono.
[editar] As Guerras
Seti I esforçou-se, durante o seu reinado, por igualar os feitos militares dos primeiros faraós da XVIII dinastia: Tutmés III e Amen-hotep III; de forma a restaurar a glória do Egipto perdida com o período de Amarna e a legitimar a nova dinastia. A memória das suas campanhas militares encontr-se bem ilustrada nas paredes do Templo de Karnak.
[editar] Kadesh
A maior glória de Seti I foi a conquista da cidade síria de Kadesh e da província vizinha de Amurru ao Império Hitita. Estes territórios tinham sido perdidos no tempo de Akhenaton e malgrado as tentativas de Tutankhamon e Horemheb os hititas conseguiram conserva-los. Contudo, pouco tempo durou o domínio egípcio, pois a cidade voltou a cair pouco depois. Uma última tentativa de a tomar tomou lugar com o filho de Seti I, Ramsés II, na famosa Batalha de Kadesh. Curto foi também este último domínio egípcio e no 8º ano do reinado de Ramsés II os hititas tomaram definitivamente o controlo da cidade.
[editar] Médio Oriente
Anteriormente à conquista de Kadesh, Seti I preconizou seis anos gloriosos de ataques à Palestina, impondo o domínio egípcio naquela zona. Na mesma campanha que capturou Kadesh, Seti I voltou a conquistar os territórios do Líbano e Síria, igualmente perdidos durante a instabilidade dos reis de Amarna.
[editar] Líbia e Núbia
Durante a primeira década do seu reinado também foram lançadas algumas incursões vitoriosas contra os líbios do deserto ocidental e alguns revoltosos núbios. Crê-se que a principal função de tais campanhas fosse a de manter as fronteiras do Império.
[editar] O Reinado
Durante o seu reinado importantes obras de arquitectura e de desenvolvimento artístico tomaram lugar. Seti I iniciou a construção da famosa Sala Hipostila do Templo de Amon em Karnak, que seria depois concluída pelo seu filho Ramsés II.
Numa provável tentativa de se associar á divindade mais popular do Egipto e às origens distantes da Monarquia Egípcia do Império Antigo, Seti I mandou construir um magnífico Templo dedicado a Osíris. É considerado um dos mais belos espécimes da arte egípcia e os seus relevos não têm par. O templo possuía sete santuários: Ptah, Ré-Horakhti, Amon-Ré, Osíris, Ísis, Horus e o do próprio Seti. Existe neste templo a chamada Sala dos Registos onde os relevos mostram Seti I acompanhado do jovem Ramsés perante um interminável lista de faraós do Egipto. De notar que de Amen-hotep III a lista salta para Horemheb, eclipsando os faraós de Amarna e, nomeadamente, o inconveniente Akhenaton. Está aqui patente a grande linha directora do reinado de Seti I, comum aos dos seus antecessores Horemheb e Ramsés I, reabilitar a glória do Egipto e apagar os vestígios da heresia de Amarna. Ao lado do Templo encontra-se uma estrutura curiosa de que se desconhece a função: o Osirion. Seti I construiu ainda um Templo dedicado a seu pai, Ramsés I, também em Abido e o seu Templo Mortuário em Tebas.
[editar] O Túmulo
O último marco do seu reinado é a construção do seu túmulo no Vale dos Reis (VK 17), sendo considerado até agora como o maior e mais soberbamente decorado de todo o Vale. O túmulo, descoberto por Giovanni Belzoni em Outubro de 1917, testemunha o auge e esplendor artístico alcançados durante o reinado do monarca. Os baixos-relevos são de um requinte único e a utilização de cores vibrantes dá-lhes uma vida inesperada. É ainda notório pelas artimanhas usadas na sua defesa contra ladrões e saqueadores, embora estas se tenham revelado infrutíferas.
[editar] A Morte
Seti I morreu ainda novo, com pouco mais de 40 anos. A sua múmia, considerada a mais bela e bem preservada até hoje encontrada, não se encontrava no seu túmulo no Vale dos Reis. Repousava num esconderijo de múmias reais em Deir el-Bahari descoberto em 1881. Foram encontrados registos na múmia que nos indicam que esta foi restaurada no reinado do Sumo Sacerdote de Amon, Heithor (1080-1074 a.C.) e depois, novamente, no ano 15 de Smendes (1054 a.C.). Finalmente, foi escondida juntamente com a do seu filho Ramsés II no ano 10 de Siamon (968 a.C.).
[editar] Bibliografia
- CLAYTON, Peter A.; Crónicas dos Faraós. Lisboa: Verbo, 2004.
- KENNETH A. Kitchen; Pharaoh Triumphant: The Life and Times of Ramesses II. Warminster, 1982. ISBN 0-85668-215-2
[editar] Ligações externas
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