Santa Iria
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Santa Iria (também conhecida como Santa Irene, embora este seja igualmente o nome de uma santa de origem grega) é uma mártir lendária da cidade de Nabância (próxima da moderna Tomar).
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[editar] Lenda de Santa Iria
Nascida de uma rica família de Nabância, Iria recebeu educação esmerada e professou num mosteiro de monjas beneditinas, o qual era governado pelo seu tio, o Abade Sélio.
Devido à sua beleza e inteligência, Iria cedo congregou a afeição das religiosas e das pessoas da terra, sobretudo dos jovens e dos fidalgos, que disputavam entre si as virtudes de Iria.
Entre estes adolescentes contava-se Britaldo, herdeiro daquele senhorio, que alimentou por Iria doentia paixão. Iria, contudo, recusava as suas investidas amorosas, antes afirmando a sua eterna devoção a Deus.
Dos amores de Britaldo teve conhecimento Remígio, um monge director espiritual de Iria, ao qual também a beleza da donzela também não passara despercebida. Ardendo de ciúmes, o monge deu a Iria uma tisana embruxada, que logo fez surgir no corpo sinais de prenhez.
Por causa disso foi expulsa do convento, recolhendo-se junto do rio para orar. Aí, foi assassinada à traição por um servo de Britaldo, a quem tinham chegado os rumores destes eventos.
Jactado ao rio, o corpo da mártir ficou depositado entre as areias do Tejo, aí permanecendo, incorruptível, através dos tempos.
[editar] Lenda alternativa
Outra lenda, corrente no romanceiro popular, refere-se também a uma Santa Iria. A Jovem Iria é raptada da sua casa por um hóspede nocturno e é degolada num outeiro. Sete anos mais tarde, o seu assassino regressa àquele local, onde já se ergue uma ermida em memória da sua vítima. Ele pede perdão mas, numa atitude pouco cristã, a sua vítima nega-lho.
[editar] Culto
O seu culto foi muito popular durante a dominação visigótica, de tal forma que a velha Scallabis romana passou a ser chamada de Santa Iria (e daí derivou a moderna Santarém, através de Sancta Irene). O culto foi perpetuado através do rito moçárabe, mantendo-se ainda hoje como padroeira de algumas igrejas portuguesas, muito embora não seja considerada uma santa canónica pela Igreja Católica.
[editar] Iconografia
Santa Iria é representada habitualmente segurando a palma do Martírio.
A imagem de Santa Iria da Torre da Magueixa (Batalha) representa-a a segurar uma "panela de manteiga" e a imagem da Faniqueira (Batalha) mostra Santa Iria a segurar uma colher de pau, em lugar da palma do martírio. Esta iconografia parece remeter mais para a lenda alternativa do que para a versão mais conhecida de Tomar.
[editar] Ligações externas
Bibliografia:
- OLIVEIRA, P. Miguel de: Santa Iria e Santarém. Lenda e História. Estudos hagiográficos, Lisboa, União Gráfica, 1964
- COSTA, P. Avelino de Jesus: Santa Iria e Santarém, revisão de um problema hagiográfico e toponímico. - Coimbra, FLUC, 1972
- FERNANDES, A. de Almeida: Considerações acerca de Santa Iria. Identificação, lendas e toponímia. - Tarouca, Separata da Revista Camoniana, Ano VII, Dez 1985, n.º 12
- ESPÍRITO SANTO, Moisés: Os mouros fatimídas e as aparições de Fátima. - Lisboa, ISER - Universidade Nova de Lisboa, 1995