Prata Palomares
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Prata Palomares é um filme brasileiro de 1971, dirigido por André Faria Jr.. Dois revolucionários se escondem em uma igreja de Porto Seguro e conhecem uma mulher desejosa de engravidar.
Prata Palomares, proibido pela censura, retoma o tema da guerrilha, presente em outros filmes realizados entre a segunda metade dos anos de 60 e o início da década seguinte, tais como Terra em Transe (Glauber Rocha, 1967), Blá, blá, blá (Andrea Tonacci, 1968), Dezesperato (Sérgio Bernardes Filho, 1968) e República da Traição (Carlos Alberto Ebert, 1970).
A trama gira em torno de dois guerrilheiros que, cercados pelos inimigos, se escondem numa igreja da fictícia Porto Seguro, aguardando uma oportunidade para escapar em direção à área ocupada pelos seus companheiros. Um dos guerrilheiros (Renato Borghi), se faz passar pelo padre que os poderosos do lugarejo esperam, enquanto o outro (Carlos Gregório) permanece escondido fabricando um barco para a fuga. Inesperadamente o falso padre começa a acreditar na nova identidade e procura se transformar em líder messiânico do lugar, envolvendo-se com os poderosos que torturam e matam um líder popular dentro da igreja. O falso padre entra em conflito com o colega guerrilheiro e morre após acreditar-se com poderes miraculosos. Uma diferença marcante entre a película de André Faria Jr. e outras do mesmo período com temática claramente politizada é que em Prata Palomares há uma abordagem da religião através do guerrilheiro que trai a revolução, acreditando afinal no fanatismo religioso como solução para os impasses sociais e políticos, dimensão esta inexistente ou presente de forma tênue nos demais filmes.
Também chama a atenção no filme o imbricamento entre situações de cunho verossímil e oníricas.Após algum tempo escondidos, em meio a discussões e muita tensão, os guerrilheiros encontram a personagem de Ítala Nandi na igreja e ela anuncia que quer ter um filho de ambos, e faz amor com eles num clima fortemente simbólico. A mesma personagem aparecerá depois como seguidora de um líder popular local, assumindo um caráter verossímil.Torturada barbaramente pelos agentes do poder, ela ressurge no final do filme para reencontrar o guerrilheiro que construiu o barco. A própria relação entre os dois guerrilheiros sofre esse tipo de mudança radical, que se estende também à interpretação dos atores. O ritmo temporal distendido e a sofisticada fotografia contribuem para a criação da atmosfera ao mesmo tempo mágica e sufocante do filme, como o da missa na praia ou da tortura do líder popular na igreja, realizada com o auxílio de objetos do templo religioso.
Dois guerrilheiros estão cercados pelas forças da repressão e decidem esconder-se na igreja de um pequeno vilarejo. Ali, um deles se faz passar pelo padre que estava sendo aguardado, enquanto o outro permanece escondido construindo um barco para a fuga de ambos.
Em 1972 participou do Festival de Cannes na Semana da Crítica. O filme foi selecionado mas não pode ser projetado por exigência da censura do governo brasileiro.
[editar] Elenco
- Ítala Nandi
- Renato Borghi
- Carlos Gregório
- Otávio Augusto
- Elke Hering
- Renato Dobal
- Carlos Prieto
- Paulo Augusto
- Elisabeth Kander
[editar] Fontes
- Vídeos - Guias Práticos Nova Cultural, 1988.