Paulo Mendes da Rocha
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Paulo Archias Mendes da Rocha (Vitória, 25 de outubro de 1928) é um arquiteto e urbanista brasileiro. Pertencente à geração de arquitetos modernistas liderada por João Batista Vilanova Artigas, Mendes da Rocha assumiu nas últimas décadas uma posição de destaque na arquitetura brasileira contemporânea, tendo sido galardoado no ano de 2006 com o Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial.
É autor de projetos polêmicos e que constantemente dividem a crítica especializada, como o do Museu Brasileiro da Escultura e do pórtico localizado na Praça do Patriarca, ambos em São Paulo. É nesta cidade também que o arquiteto passou a maior parte da vida.
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[editar] Biografia
Formou-se arquiteto e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo em 1954, fazendo parte de uma de suas primeiras turmas. Nesse período essa faculdade ainda estava ligada a um modelo historicista de arquitetura e Mendes da Rocha passou a participar de um grupo de alunos interessados na arquitetura moderna (como Jorge Wilheim e Carlos Millan).
A arquitetura proposta por Vilanova Artigas o influencia desde seu primeiro grande projeto, o ginásio do Club Athlético Paulistano. Já nessa primeira obra, Paulo projeta usando o concreto armado aparente, grandes espaços abertos, estruturas racionais, entre outros elementos que viriam a caracterizar a "Escola Paulista" supracitada.
Passa a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) em 1961, em meio a um intenso debate social promovido por professores e alunos. Discute-se neste momento o papel social do arquiteto, o que não viria a agradar o governo militar que se instaurou no País em 1964. Em decorrência disso, seus direitos políticos são cassados em 1969 e é proibido de dar aulas. Retorna à Universidade apenas em 1980, juntamente com outros professores cassados (entre os quais, Vilanova Artigas).
Em 1998 Paulo Mendes torna-se professor titular de Projeto arquitetônico naquela escola, mesmo ano em que se aposenta compulsoriamente.
Desde então recebe uma série de prêmios internacionais pela sua obra, realizada em várias partes do mundo, dentre os quais se destacam o Prêmio Mies van der Rohe para a América Latina pelo projeto de reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo (galardeado em 2001) e o Prêmio Pritzker (em 2006).
[editar] Obra arquitetônica
A arquitetura de Paulo Mendes da Rocha costuma ser apontada como um exemplo paradigmático do pensamento estético que caracteriza aquilo que é chamado de Escola Paulista da arquitetura brasileira, uma linha de projeto que foi encabeçada pela figura de João Batista Vilanova Artigas e bastante difundida na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, escola na qual Mendes da Rocha viria a ser professor. A Escola Paulista (obviamente chamada assim pois tornou-se famosa nas mãos de arquitetos paulistas ou que trabalharam principalmente em São Paulo), apesar de bastante criticada nas últimas décadas pelo seu alto custo social e econômico, preocupava-se essencialmente com a promoção de uma arquitetura "crua, limpa, clara e socialmente responsável" (de uma certa maneira, influenciada pelos ideais estéticos do Brutalismo europeu), e apresentava soluções formais que supostamente permitiriam a imediata apreensão, por parte dos usuários da arquitetura, dos ideais de economia e síntese espacial expostos em seus elementos formais, dentro de um raciocínio que se convencionou chamar de verdade estrutural da arquitetura. Também caracteriza o movimento a procura de soluções formais que propiciassem a apresentação de um projeto de cidade ou de um projeto utópico na realidade interna do edifício.
Na obra de Paulo Mendes da Rocha vários destes elementos aparecem, reunidos segundo uma clara intenção espacial evidenciada pelas escolhas de projeto arquitetônico. É uma obra em que a influência dos ditos "mestres da Arquitetura Moderna" transparece: a preocupação com uma arquitetura que mesmo sintética e limpa se exprime pelos detalhes construtivos rigorosamente estudados (Mies van der Rohe), o concreto aparente aliado aos grandes vãos nos quais a relação indivíduo-espaço é ora íntima e ora monumental (Vilanova Artigas), a arquitetura formalista procurando denotar a funcionalidade (Le Corbusier/International Style), a busca de espaços supostamente incentivadores do convívio humano, dentro de um projeto de cidade e de sociedade (Rino Levi, Artigas, Alvar Aalto, etc).
O gesto arquitetônico promovido por Paulo Mendes da Rocha, ou seja, as intenções projetuais que exprimem uma dada visão de mundo ou um certo desígnio procuram cada um a seu modo propor também um "projeto de humanidade", e tal ato evolui na medida em que sua carreira progride. Tal projeto, que não se resume a sua obra, é expresso também, genericamente, em toda a obra da Escola Paulista. Dado que tal gesto é, supostamente, sempre confiante, as obras de Paulo Mendes acabaram caracterizando-se por uma atitude rígida, certeira sobre o território: o arquiteto acredita que o domínio do sítio - seja através da mudança da topografia, de sua completa redefinição ou mesmo de uma mera ação sobre os fluxos de circulação do entorno - é um elemento fundamental na expressão do domínio e da integração do homem sobre e com a Natureza. Segundo suas palavras, a primeira e primordial arquitetura é a geografia [1].
Sua obra também é dita por alguns como caracterizada por um "raciocínio de pórticos e planos". De fato, em vários de seus projetos, a plena configuração espacial se dá através de um rápido jogo estrutural, promovido pelo domínio compositivo de elementos construtivos tradicionais (pilares e vigas, assim como paredes simples e lajes). Os projetos nos quais mais se torna clara esta característica são os do Museu Brasileiro de Escultura, da loja Forma e de algumas residências. Apesar da influência visível dos já citados Mies van der Rohe e Artigas, Paulo Mendes da Rocha é aclamado por alguns como um legítimo mestre quando lida com esta linguagem.
[editar] Obra - cronologia
- 1957 - Ginásio do Clube Atlético Paulistano, São Paulo
- 1969 - Pavilhão brasileiro da Feira Internacional de Osaka, Japão, juntamente com Flávio Motta, Júlio Katinsky e Ruy Othake, demolido.
- 1973 - Estádio Serra Dourada em Goiânia
- 1975 - Museu de Arte Contemporânea da USP (com Jorge Wilheim), São Paulo, não construído
- 1986 - Museu Brasileiro da Escultura (MUBE), São Paulo
- 1989 - Museu de Arte de Campinas
- 1989/1990 - Casa Gerassi
- 1988/1999 - Reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo
- 1996/1998 - Reforma do Centro Cultural da FIESP, São Paulo, com a colaboração dos escritórios MMBB e SPBR [1]
- 1998 - Edifício do serviço estadual Poupatempo no bairro de Itaquera, em São Paulo, juntamente com o escritório MMBB.
- 2002 - Projeto para uma cobertura sobre a Galeria Prestes Maia, na Praça do Patriarca em São Paulo
- 2006 - Intervenção e reforma da Estação da Luz, em São Paulo e projeto do Museu da Língua Portuguesa naquele local
- 2008 - Novas instalações do Museu Nacional dos Coches nos terrenos das antigas Oficinas Gerais do Exército, na zona de Belém, em Lisboa.
[editar] Referências
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[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- Enciclopédia virtual do design brasileiro.
- Texto de Flávio Motta - Revista Ponto
- Artigo de André Augusto Alves - Revista Ponto
- Artigo - Revista ARCOweb
- Website del pritzker ganado en 2006
[editar] Bibliográficas
- ARTIGAS, Rosa (org.). Paulo Mendes da Rocha. São Paulo: Cosac & Naify, 2000.
- PIÑON, Hélio; Paulo Mendes da Rocha; São Paulo: Romano Guerra Editora, 2002.Amostra do livro
- SOLOT, Denise Chini. Paulo Mendes da Rocha. Estrutura: o êxito da forma. Viana & Mosley, Rio de Janeiro, 2004.
- SPIRO, Annette. Paulo Mendes da Rocha. Bauten und Projekte. Niggli, Zurique, 2002.
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