Palazzo Farnese em Roma
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O Palazzo Farnese em Roma é um proeminente palácio do Alto Renascimento situado na capital italiana.
Actualmente, acolhe a Embaixada Francesa na Itália.
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[editar] História
"O mais imponente palácio italiano do século XVI", de acordo com Sir Banister Fletcher(1), este edifício foi desenhado por Antonio da Sangallo o Jovem (1484-1546), um dos assistentes de Bramante no desenho da Basílica de São Pedro. A construção começou em 1515, depois de um ou dois anos de preparação[1], encomendada por Alessandro Farnese, o qual havia sido nomeado cardeal, em 1493, com a idade de 25 anos (graças à sua irmã, que era amante oficial do Papa Alexandre VI Borgia) e tinha um estilo de vida principesco. A obra foi interrompida pelo Saque de Roma, em 1527.
Quando, em Janeiro de 1534, o Cardeal Alessandro foi feito Papa, como Papa Paulo III, encarregou Michelangelo de completar o terceiro andar, com a sua profunda cornija, e de rever o pátio, como uma emblemática "casa de poder" apropriada para a família Farnese. A fachada maciça domina uma pequena piazza; os elementos mais memoráveis da sua fachada são os frontões que cobrem as janelas do piano nobile (andar nobre), o portal central rusticado e a proeminente cornija de Michelangelo. A janela central foi revista por Michelangelo quando o cardeal se tornou Papa, tendo o arquitecto adicionado uma arquitrave para suportar o maior brasão com a tiara papal que Roma alguma vez vira. Quando Paulo III subia à varanda, toda a fachada se tornava num cenário para a sua pessoa[2]. O pátio, inicialmente com arcadas abertas, é cercado por um exercício académico em ordens ascendentes (Dórica, Jónica e Coríntia). O andar nobre foi embelezado por Michelangelo.
O palácio foi redesenhado en 1534 e em 1541, modificado por Michelangelo, depois da morte de Sangallo, a partir de 1546, ajustado para o sobrinho papal Ranuccio Farnese por Vignola e completado por Giacomo della Porta, com as fachadas porticadas em direcção ao Tibre, para o segundo Cardeal Alessandro Farnese, sendo concluído em 1589. Várias salas principais receberam afrescos com elaborados programas alegóricos, incluíndo uma série de afrescos de Hércules e outra com "Os Amores" dos Deuses", por Annibale Carracci e outros artistas, executada entre 1597 e 1608. Durante gerações, a sala com os afrescos de Hércules (Sala d'Ercole) acolheu a famosa escultura da Antiguidade Greco-Romana conhecida como o Hércules Farnese. No palácio também estiveram instalados outros trabalhos da colecção de escultura clássica da família.
No lado do jardim, o qual enfrenta o Tibre, Michelangelo propôs dar à vasta massa do palácio algumas salas arejadas com uma ponte que, atravessando a Via Giulia (completada), ligasse o centro da fachada do jardim com a villa dos papas, a Villa Farnesina, no lado do Trastevere. Para a Piazza Farnese, a face "urbana" do palácio, chegaram, no século XVI, dois tanques vindos das Termas de Caracala.
Depois da morte do Cardeal Odoardo Farnese, em 1626, o palácio manteve-se virtualmente inabitado durante vinte anos. No final das Guerras de Castro com o papado, o Duque Odoardo ficou habilitado a recuperar as propriedades da sua família, as quais haviam sido confiscadas. O inventário resultante é o mais antigo inventário completo sobrevivente do Palazzo Farnese. Depois da morte de Odoardo, o Papa Alexandre VII permitiu que a Rainha Cristina da Suécia se alojasse no palácio durante vários meses, mas ela "revelou-se uma inquilina do inferno"[3]. Depois da sua partida para Paris, as autoridades papais descobriram que os seus indisciplinados criados haviam, não só, roubado as pratas, tapeçarias e pinturas, como também tinham "destruído portas para usá-las como lenha" e removido secções da cobertura de cobre[4].
O Palazzo Farnese em Roma passou por herança dos Farnese para os Bourbon, Reis de Nápoles, de quem o governo francês o comprou em 1874. Embora o governo de Mussolini tenha resgatado o edifício em 1936, a Embaixada Francesa permanece no palácio através de um arrendamento por 99 anos.
[editar] Uso actual
Actualmente, o Palazzo Farnese está ocupado pela Embaixada da França em Itália.
É neste palácio que se encontra instalada a grande biblioteca erudita acumulada pela Escola Francesa de Roma (Ecole Française de Rome), concentrada especialmente na arqueologia da Itália e na história papal da Idade Média. A Ecole Française de Rome embarcou num projecto massivo de publicação de grande parte da documentação de construção do palácio, os seus afrescos e mobiliários, biblioteca e obras de arte, totalmente anotada e indexada. Os primeiros três volumes são:
- F.C. Uginet, Le palais farnèse à travers les documents financiers[5] (Roma, 1980).
- A. Chastel, Le Palais Farnèse. Ecole Française de Rome I.1 e I.2, e II[6] (Roma, 1980-1982).
- F. Fossier. Le Palais Farnèse III.2. La bibliothèque Farnèse. Étude des manuscrits latins et en langue vernaculaire[7] (Roma, 1982).
- B. Jestaz, Le Palais Farnèse III.3. L'inventaire du palais et des propriétés Farnèse à Rome en 1644[8] (Roma, 1994)
[editar] Influências
- Na ópera Tosca de Puccini (1900), situada na Roma napoleónica, a confrontação da heroína com o malévolo chefe de polícia, Scarpia, tem lugar no Palazzo Farnese.
- O desenho do Palazzo Farnese tem sido imitado em vários edifícios fora de Itália, incluíndo o Château Grimaldi em Puyricard, próximo de Aix-en-Provence, o "National Building Museum", em Washington, D.C., e o "Chief Secretary’s Building", em Sydney.
[editar] Visitas
As visitas ao Palazzo Farnese são permitidas às segundas e quintas-feiras, às 15, 16 e 17 horas. As visitas são guiadas, em francês ou italiano, e as reservas têm que ser feitas telefonicamente para o nº +39 06 6889 2818 ou por email para visitefarnese@france-italia.it. É aconselhado assegurar as reservas com 2 a 3 meses de antecedência.
[editar] Notas
- ↑ A data definitiva, baseada em nova informações documentadas, foi publicada por Christoph Frommel, (in A. Chastel, ed. Le palais Farnèse; Murray 1963 cita que a construção começou em 1513, enquanto Giedion afirma que foi em 1514.
- ↑ "A magnificência incrivelmente pretenciosa desta residência para um único homem aponta para a eminência do Barroco (...) Esta monumental janela parece aguardar a chegada do grande senhor que está prestes a mostrar-se à populaça", regista Siegfried Giedion, em Space, Time and Architecture (1941) 1962, pp 56-57.
- ↑ Citação de: Colvin, Clare. Eccentric Rebel Without a Crown (Rebelde Excêntrica sem Coroa). Independent, 24 de Maio de 2004.
- ↑ Pavel Muratov, Imagens de Itália, Berlim, 1924. Reeditado em São Petersburgo, 2005. ISBN 5352014762. Vol. 2, página 155.
- ↑ O Palazzo Farnese através dos documentos financeiros
- ↑ O Palazzo Farnese. Escola Francesa de Roma
- ↑ A biblioteca Farnese. Estudo dos manuscritos latins e em língua vernácula
- ↑ O inventário do palácio e das propriedades Farnese em Roma em 1644
[editar] Referências
- Murray, Peter (1963). The Architecture of the Italian Renaissance. Schocken Books, New York, 158-164.
[editar] Ligações externas
- Um guia arquitectónico ilustrado
- página do "Rome art lover" com uma impressão de 1765 por Giuseppi Vasi
- Entrada do "Rome art lover" por Farnese
- Fotografia por satélite- O Palazzo Farnese é o maciça, quase quadrada, estrutura com pátio no centro da fotografia, a Norte do Rio Tibre. O edifício mais pequeno (baixo) situado a sudoeste, ao longo do Tibre, é a Villa Farnesina.