Palatinado
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Um palatinado é um território administrado por um conde palatino, originalmente o representante direto do soberano, mas depois, o governante hereditário do território subordinado ao suserano da coroa. Este artigo diz respeito ao território histórico do Sacro Império Romano-Germânico conhecido como o Palatinado do Reno ou Palatinado Eleitoral (alemão: Pfalzgrafschaft bei Rhein, Kurpfalz).
O histórico Palatinado Eleitoral foi um território maior do que aquele que ficou conhecido mais tarde como o Palatinado do Reno (Rheinpfalz), na margem esquerda do rio Reno. O Palatinado Eleitoral incluía também o território que ficava na margem direita do Reno, contendo as cidades de Heidelberg e Mannheim.
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[editar] História
O Palatinado surgiu do Condado Palatino da Lotaríngia, que teve seu início no século X. Durante o século XI ele foi dominado pela dinastia dos Ezzones, que governaram vários países nas duas margens do rio Reno. A partir de 1085/1086, depois da morte do último conde palatino ezzoniano, Herman II da Lotaríngia (+1085), o Palatinado perdeu a sua importância militar na Lotaríngia. A autoridade territorial do conde palatino ficou reduzida aos seus condados ao longo do Reno, desde então chamados de Condado Palatino do Reno.
O primeiro conde palatino hereditário do Reno foi Conrado de Hohenstaufen, que era o filho mais jovem do Imperador Frederico Barbarossa. Os territórios anexados ao seu cargo hereditário começaram por aqueles mantidos pelos Hohenstaufens na Francônia e Renânia (outros ramos dos Hohenstaufens receberam as terras da Suábia, Franche-Comté, e assim sucessivamente). Muitos deles tinham pertencido a seus antecessores imperiais, os imperadores da Francônia e uma parte dos ancestrais maternos de Conrado, os Saarbrücken. Essa base hereditária explica a composição do Alto e do Palatinado do Reno durante os séculos seguidos de heranças.
No início do século XIII, o território passou para o domínio dos duques da Baviera da família dos Wittelsbach, que eram também condes palatinos da Baviera. Durante a última divisão do território entre os herdeiros do Duque Luís II da Alta Baviera em 1294, o ramo mais antigo dos Wittelsbachs tomaram posse do Palatinado do Reno e dos territórios na "Nordgau" da Baviera (Baviera, norte do rio Danúbio) com o centro em torno da cidade de Amberg. Como essa região era politicamente ligada ao Palatinado do Reno, o nome Alto Palatinado (Oberpfalz) ficou comum a partir do início do século XVI em oposição ao Baixo Palatinado, ao longo do Reno.
Na Bula dourada de 1356, o Palatinado foi "reconhecido" como um dos seculares eleitorados e recebeu o título hereditário de Administrador (Erztruchseß) do Império e Vigário Imperial (Reichsverweser) da metade Ocidental da Alemanha. Deste momento em diante, o Conde Palatino do Reno foi geralmente conhecido por Eleitor Palatino (Kurfürst von der Pfalz). A posição como príncipe-eleitor já havia existido anteriormente, sendo, portanto, difícil estabelecer o momento exato que surgiu tal cargo.
Devido a prática da divisão de terras entre os diferentes ramos da família, no começo do século XVI a linhagem mais jovem dos Palatinos Wittelsbachs tornou-se a governante de Simmern, Kaiserslautern e Zweibrücken, no Baixo Palatinado e em Neuburg e Sulzbach, no Alto Palatinado. O Eleitor Palatino, agora baseado em Heidelberg, converteu-se ao Luteranismo na década de 1530.
Quando o ramo mais antigo da família desapareceu em 1559, o Eleitorado passou para Frederico III de Simmern, um forte calvinista e o Palatinado tornou-se um dos maiores centros do Calvinismo na Europa, apoiando as rebeliões calvinistas nos Países Baixos e França. O neto de Frederico III, Frederico IV e seu conselheiro, Cristiano de Anhalt, fundaram a União Evangélica dos estados protestantes em 1608. Em 1619 o Eleitor Frederico V (o "Rei de Inverno") (genro do Rei Jaime I da Inglaterra) aceitou o trono da Boêmia oferecido pelos estados protestantes da Boêmia rebelados contra Fermando II, o católico Imperador do Sacro Império Romano. Ele foi logo derrotado pelas forças do Imperador na Batalha da Montanha Branca em 1620 e as tropas da Espanha e da Baviera logo ocuparam o próprio Palatinado. Em 1623, Frederico foi banido do Império e seus territórios e o cargo de príncipe-eleitor foram dados ao Duque (agora Eleitor) da Baviera, Maximiliano I.
Pela Paz de Vestfália em 1648, o filho de Frederico V, Carlos Luís teve o direito de retornar ao Baixo Palatinado e lhe foi concedido um novo título de eleitor, mas o Alto Palatinado e o título de eleitor principal permaneceu com a linha bávara. Em 1685, a linhagem dos Simmern desapareceu e o Palatinado foi herdado por Felipe Guilherme, Conde Palatino de Neuburg (e que foi também Duque de Jülich e Berg), um católico. A linhagem de Neuburg, que mudou a capital de Heidelberg para Mannheim em 1720, durou até 1742, quando ela, também, foi extinta e o Palatinado foi herdado pelo Duque Karl Theodor de Sulzbach. Karl Theodor também herdou a Baviera, porém, pelo fato de não ter deixado herdeiros, sua linhagem eleitoral se tornou extinta em 1777. Seu herdeiro, Maximiliano José, Duque de Zweibrücken (na fronteira com a França), reuniu todos os territórios dos Wittelsbach sob um único governo em 1799. O Palatinado foi dissolvido nas Guerras da Revolução Francesa - primeiro seus territórios da margem esquerda foram ocupados e então anexados pela França começando por 1795 e depois, em 1803, seus territórios da margem direita foram tomados pelo Margrave de Baden. Em 1806, Baden foi elevado a Grão-Ducado.
No Congresso de Viena em 1814 e 1815, o Palatinado da Margem Esquerda acrescido de outras regiões (por exemplo, o antigo bispado de Speyer) retornou aos Wittelsbachs e se tornou parte do Reino da Baviera em 1816 e depois desse tempo, foi esta região que ficou principalmente conhecida por Palatinado. A área permaneceu sendo uma parte da Baviera até depois da Segunda Guerra Mundial, quando ela foi separada e se tornou parte do novo estado da Renânia-Palatinado, juntamente com os antigos territórios da margem esquerda que pertenciam à Prússia e Hessen-Darmstadt.
[editar] Condes Palatinos da Lotaríngia, 915–1085
- Wigeric da Lotaríngia, conde de Bidgau (por volta de 915/916–922)
- Godfrey, conde de Jülichgau (por volta de 940)
- Hermann I da Lotaríngia 945–994
- Ezzo da Lotaríngia 994–1034
- Otto I da Lotaríngia, 1034–1045 (Duque da Suábia 1045–1047)
- Heinrich I da Lotaríngia 1045–1061
- Hermann II da Lotaríngia 1061–1085 (entre 1061–1064 sob a tutela Anno II, arcebispo de Colônia)
[editar] Condes Palatinos do Reno, 1085–1356
- Heinrich II de Laach 1085–1095
- Sigfried de Ballenstadt 1095–1113
- Gottfried de Kalw 1113–1129
- Wilhelm de Ballenstadt 1129–1139
- Henrique IV Jasomirgott 1139–1142
- Hermann III de Stahleck 1142–1155
- Conrado de Hohenstaufen 1156–1195
- Henrique V de Welf 1195–1211
- Henrique VI de Welf 1211–1214
Casa de Wittelsbach, também duques da Baviera
- Luís I 1214–1227
- Otto II 1227–1253
- Luís II 1253–1294
- Rodolfo I 1294–1317
- Adolfo 1317–1327
- Rodolfo II 1327–1353
- Ruperto I 1353–1356
[editar] Eleitores Palatinos, 1356–1803 (Casa de Wittelsbach)
- Ruperto I 1356–1390
- Ruperto II 1390–1398
- Ruperto III 1398–1410
- Luís III 1410–1436
- Luís IV 1436–1449
- Frederico I 1449–1476
- Felipe 1476–1508
- Luís V 1508–1544
- Frederico II 1544–1556
- Oto Henrique 1556–1559
Casa de Palatinado-Simmern
- Frederico III 1559–1576
- Luís VI 1576–1583
- Frederico IV 1583–1610
- Frederico V 1610–1623
Casa da Baviera
- Maximiliano I da Baviera 1623–1648
Casa de Palatinado-Simmern (restaurada)
- Carlos I Luís 1648–1680
- Carlos II 1680–1685
Casa de Palatinado-Neuburg
- Felipe Guilherme 1685–1690
- João Guilherme II 1690–1716
- Carlos III Felipe 1716–1742
Casa de Palatinado-Sulzbach
- Carlos IV Teodoro (também Eleitor da Baviera a partir de 1777) 1742–1799
Casa de Palatinado-Zweibrücken
- Maximiliano José 1799–1803 (morto em 1825)