Mit brennender Sorge
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Mit brennender Sorge (Com profunda ansiedade) (14 de Março de 1937). Carta Encíclica de Pio XI que fez a condenação expressa e formal dos erros do nacional-socialismo alemão (nazismo).
A encíclica foi escrita em Roma, em alemão para facilitar a sua compreensão, e enviada à Alemanha, lá foi impressa em segredo para não ser apreendida pela Gestapo e distribuída a todos os bispos, padres e capelães e lida, simultaneamente, em todas as Igrejas da Alemanha no dia 21 de março de 1937.
O texto que serviu de base foi redigido pelo cardeal de Munique, Michael von Faulhaber e recebeu intervenções do cardeal Secretário de Estado Eugênio Pacelli, futuro Papa Pio XII. A reação de Hitler através da Gestapo foi violenta e recrudesceu fortemente a perseguição de católicos na Alemanha.
No documento, o Papa Pio XI adverte dois anos antes do início da II Guerra Mundial e da Shoah: "Todo o que tome a raça, o povo ou o Estado, ou uma forma determinada de Estado, os representantes do poder estatal ou outros elementos fundamentais da sociedade humana ... e os divinize com culto idolátrico, perverte e falsifica a ordem criada e imposta por Deus", numa clara aluzão ao regime nazista.
A encíclica ao se dirigir aos religiosos católicos da Alemanha de então diz:
- "A todos aqueles, que conservaram para com seus Bispos a fidelidade prometida na ordenação, àqueles que, no cumprimento de seu ofício pastoral, tiveram e têm de suportar dores e perseguições - alguns até serem encarcerados ou mandados a campos de contração -, a todos estes chegue a expressão da gratidão e o encômio do Pai da Cristandade. Nossa gratidão paterna se estende igualmente aos religiosos de ambos os sexos, uma gratidão unida a uma participação íntima pelo fato de que, como conseqüencia de medidas contra as Ordens e Congregações religiosas, muitos foram arrancados do campo de uma atividade bendita e para eles gratíssima. Se alguns sucumbiram e se mostraram indignos da sua vocação, seus erros, condenados também pela Igreja, não diminuem o mérito da grandíssima maioria que com desinteresse e pobreza voluntária se esforçam por servir com plena entrega a seu Deus e ao seu povo. O zelo, a fidelidade, o esforço em aperfeiçoar-se, a solícita caridade para com o próximo e a prontidão benfeitora daqueles religiosos cuja atividade se desenvolve nos cuidados pastorais, nos hospitais e na escola, são e seguem sendo gloriosa aportação ao bem-estar público e privado: um tempo futuro mais tranqüilo lhes fará justiça mais que o turbulento que atravessamos."
[editar] Efeitos
Na época foi uma surpresa geral para os fiéis, as autoridades e a polícia, a leitura da encíclica nas missas do domingo de Ramos, 21 de março de 1937, em todo os templos católicos alemães, que eram então mais de 11.000 igrejas, a unanimidade foi absoluta. Em toda a breve história do Terceiro Reich, nunca recebeu este na Alemanha uma contestação da amplitude que se aproximasse da que se produziu com a Mit brennender Sorge.
Como era de se esperar, no dia seguinte o órgão oficial nazista, Völkischer Beobachter, publicou uma primeira réplica à encíclica. Mas, surpreendentemente foi também a última. O ministro alemão da propaganda, Joseph Goebbels, foi o suficientemente inteligente e perspicaz para perceber a força que havia tido a declaração.
E, com o controle total da imprensa e do rádio que já tinha por essa ocasião, decidiu que o mais conveniente para o regime era ignorar o mais completamente a encíclica e não lhe dar outra repercussão além da que tivera.
Após a leitura e publicação da encíclica, as perseguições anti-católicas tiveram lugar. Em maio de 1937, 1.100 padres e religiosos são lançados nas prisões do Reich. 304 sacerdotes católicos são deportados para Dachau em 1938. As organizações católicas são dissolvidas e as escolas confessionais interditadas.