Jorge Soares de Macedo
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Jorge Soares de Macedo era primo de D. Rodrigo de Castelo Branco. Reinol, veio com ele para o Brasil em 1673.
Percorrerá mais de mil léguas de sertões em pesquisa de ouro, tendo feito ensaios de prata principalmente na serra de Itabaiana. Em 1677 foi mandado para o sul, pesquisar as minas de Paranaguá e de Sabaraboçu, como mestre de campo: alvará de 29 de novembro de 1677 lhe deu patente de mestre de campo general ad honorem além de substituto imediato do administrador geral D. Rodrigo de Castelo Branco, e João Álvares Coutinho, para prático em matéria de minas, e incumbência de primeiro examinarem as minas de ouro de Paranaguá e depois as de Sabarabuçu. Este Coutinho, natural de Sergipe, havia vivido muitos anos nas minas de prata do Peru e era perito em sua extração. Roque da Costa Barreto, o governador, o mandou acompanhar o administrador das minas D. Rodrigo de Castelo Branco nas diligências da Itabaiana.
Macedo ainda foi de fato incumbido de outra missão, sob a capa de descoberta de minas no Sul: tornara-se experimentado sertanista, no Brasil desde 1673, e teve o encargo d ir auxiliar D. Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, na penetração portuguesa para o sul e o povoamento ambicionado da parte Norte do Rio da Prata.
Macedo deixou a Bahia para São Paulo pelo caminho de terra pela costa, e em fins de 1678 estava em São Paulo angariando auxílios e gente para ir por mar até o Rio da Prata e ilha de São Gabriel, conforme instruções de antemão recebidas.
A 29 de novembro escreveria o Príncipe Regente (futuro D. Pedro II) à câmara de São Paulo e pessoas gradas da vida, recomendando-lhes auxílio e socorro a D. Rodrigo de Castelo Branco. Escreveu na mesma data às câmaras de Santos e São Paulo a fim de que aplicassem a tal mister dos novos descobrimentos o produto da taxas lançadas nesses municípios destinadas a satisfazer o donativo da Holanda e paz com a Inglaterra.
No dia 31 de dezembro de 1678, o tenente de mestre de campo general Jorge Soares de Macedo se apresentou na vila de São Paulo, como encarregado do descobrimento de minas de prata e esmeralda, para receber - como recebeu - quase dois contos de rs, ou 1:752$000 em dinheiro, mais os índios disponiveis; mais 3.000 alqueires d farinha de trigo a 720 rs o alqueire; 300 arrobas de carne de porco a 960 rs; l00 ou 200 alqueires de feijão a 480 rs; 8 mil varas de pano de algodão tecido a 80 rs, para os panos que vestia o séquito; 40 arrobas de fio torcido de algodão de três linhas a 200 rs a libra, para preparar as cordas, e duas arrobas de fio de algodão singelo; 19 espingardas, 12 catanas, 15 arrobas de tabaco de rolo. Para levar 200 índios sagitiários em reconhecimento das das galenas argentiferas do sertão do Sul até o Rio da Prata e as ilhas de São Gabriel, levando por capitão-mor da infantaria Brás Rodrigues de Arzão capitão-mor de toda a gente de leva, atento à prática e disciplina na guerra contra os índios, e como sargento-mor Antônio Afonso Vidal, da família Preto. D. Rodrigo de Castelo Branco partiria, por sua vez, para o sertão de Paranaguá.
[editar] A expedição ao Sul
No início de 1679 o mestre de campo Jorge Soares de Macedo partiu de Santos para o Sul, para descobrir minas de prata do sertão do Sul até o Rio da Prata. Chegando a São Paulo, para formar gente e obter mais socorros, apresentando as ordens reais aos oficiais da Câmara (Lourenço Castanho Taques, juiz ordinário, e os vereadores Gaspar Cubas Ferreira, Manuel da Rosa de Azevedo e Manuel de Góis) obteve deles a quantia em dinheiro que se mencionou acima além de mantimentos e munições. Levava ainda práticos de muito renome no sertanismo: Francisco Dias Velho, João Freire Farto; Manuel Ribeiro, como ajudante, que seria prisionado pelos espanhóis e prestaria depoimento ao Governador de Buenos Aires, D. José de Garro, em maio de 1680; Salvador Pires Monteiro, João de Aguiar Barriga, João Pinto Ribeiro, João Teixeira de Carvalho e outros. E ainda uma companhia de infantes, comandada pelo alferes Maurício Pacheco Tavares, o escrivão Antônio Pereira, o vedor do corpo militar Manuel da Costa Duarte e 200 índios das aldeias reais.
Macedo embarcou em Santos a 10 de março sua força, com mais de 200 índios flecheiros e arcabuzeiros em sete embarcações: seis sumacas e um patacho, comandados pelo capitão-de-mar Manuel Fernandes; outros patrões dos barcos foram Tomás de Souza Rios, João Taques, Vicente Rendon. Após dias de viagem, foram forçados pelas tormentas e ventos contrários a arribar no porto de Santos, constatando-se que tinha ido a pique uma das sumacas, na terceira arribada, e três haviam arribado à ilha de Santa Catarina, e outras três a Santos, estas trazendo a bordo Macedo, Arzão, o capitão de infantaria Manuel de Souza Pereira, o alferes Maurício Pacheco Tavares e os soldados infantes. Decidiram então partir por terra para Paranaguá e dali ao sertão do Rio São Francisco do Sul até a ilha de Santa Catarina, chegando ao tempo em que D. Manuel Lobo, governador do Rio, construia fortaleza na nova povoação da Colônia e cidade do Sacramento, em 1680. Sabendo disso, ordenou que o fossem socorrer contra o poder castelhano, que já movia exército contra ele, e assim se executou, embarcando todos (menos os 200 índios, que ficaram em Santa Catarina sob o comando do vedor Manuel da Costa Duarte) em navio que entretanto encalhou na altura do cabo de Santa Maria, salvando-se apenas 24 pessoas arrimadas em tábuas, entre os quais Macedo, Arzão, Vidal. Estes, penetrando o sertão em busca da ilha de São Gabriel e a nova cidade do Sacramento, cairam prisioneiros dos castelhanos que os levaram a Buenos Aires, prendendo-os em uma fortaleza até a data da entrega da Colônia e cidade do Sacramento aos castelhanos pelo governo de Portugal em 1681.
Desde 6 de agosto de 1680 os castelhanos já se haviam apoderado da ilha de São Gabriel e da nova cidade!
Outro autor afirma que Macedo foi feito prisioneiro com seus maiorais por uma guarda da redução jesuítica dos Reis Magos, remetido preso para Buenos Aires. Levado ao Governador D. José Garro, foi mandado recolher ao calabouço com D. Francisco Naper de Alencastre, João Freire Farto, Mauricio Pacheco Tavares e dois capelães. Em 1682 consentiram que fosse a Cordoba e em 1683 o deixaram passar a Lima.
A 22 de outubro de 1679 o Governador do Paraguai, D. Felipe Rexe Corbalán, escreveu carta ao governador de Buenos Aires, D. José de Garro, em que diz «Disse-me João de Peralta que o sindicante e desembargador visitou 14 barcos ou sumacas que estavam nos portos de Santos e São Vicente para a expedição nos quais se embarcou o tenente Jorge Soares de Macedo com 80 soldados que chegaram da Bahia para o intento e com 30 portuguseses do distrito de São Paulo, e que fora esta gente, ordenou o sindicante que toda a aldeia que chamam Barueri e constava mais de 300 familias, se despovoasse, e embarcasse nas sumacas ou barcos com todo o bando, e com efeito embarcou e duma aldeia que está a cargo dos religiosos da Companhia de Jesus tiraram 111 pessoas entre as quais muitos de ofício de ferreiros e carpinteiros. Embarcou-se com os demais Francisco Dias Velho, homem rico com 80 índios de seus e Manuel da Costa Duarte levou 15 índios, com os 30 portugueses da jurisdição de São Paulo». Silva Leme comenta o sucedido no volume VIII, pg 26 de sua «Genealogia Paulistana».
Foi nomeado primeiro governador da praça de Santos em 1700 com patente de mestre-de-campo, para fazer o descobrimento das minas da Itabaiana, sertão da Bahia, Sabarabuçu e Paranaguá. Segundo Pedro Taques, ficaram ele e D. Rodrigo de 1674 a 1678 na Itabaiana ou Tabaiana, sem resultado algum.
