Ilhéu de Vila Franca
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O Ilhéu de Vila Franca (latitude 37º 42.30' N; longitude 25º 26.52' W) é uma pequena ilhota vulcânica, com uma área total de 95 hectares, dos quais estão emersos 61,6 hectares, sita a cerca de 500 m da costa frente a Vila Franca do Campo, na ilha de São Miguel, Açores. O ilhéu dista 1200 m do cais do Tagarete, no centro de Vila Franca do Campo, funcionando, com partida deste porto, ligações regulares com o ilhéu durante a época balnear.
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[editar] Morfologia e história
O ilhéu é de forma semicircular, com uma abertura por onde o mar penetra livremente na cratera. A cratera, com uma profundidade máxima de 20 m, forma um círculo quase perfeito com 150 m de diâmetro. A abertura, designada por Boquete, está voltada a norte, isto é na direcção da costa da ilha, o que impede a entrada da agitação marítima para o interior.
O ilhéu é um cone vulcânico de origem hidromagmática, muito desmantelado pela erosão marinha, pelos movimentos tectónicos e por assentamentos diferenciais. Na sua constituição predominam os tufos palagoníticos muito litificados, em formações caracterizadas por forte fracturação vertical, de que resultam grandes estruturas colunares e algumas cavidades subaquáticas.
Apesar do solo esquelético, o ilhéu foi cultivado, subsistindo ainda restos das antigas curraletas de vinha que ocupavam a sua parte alta. O ilhéu foi durante séculos apontado como sendo o local ideal para a construção de um porto de abrigo, tendo-se procedido a diversos estudos e projectos, o último dos quais por volta do ano de 1840. A ideia apenas foi definitivamente abandonada com a construção do porto de Ponta Delgada.
Nos dias imediatos à batalha Naval de Vila Franca, ocorrida a 26 de Julho de 1582, o ilhéu foi usado como local de execução de prisioneiros, sendo nele enforcados algumas centenas de marinheiros franceses e portugueses capturados da armada comandada por Filippo Strozzi.
[editar] O Porto do Ilhéu
Logo após o sismo de 1522, o rei D. João III de Portugal, a requerimento do capitão do donatário, mandou examinar o ilhéu para determinar da viabilidade de se construir no seu interior um porto de abrigo. Ficou então estabelecido que o ilhéu comportaria um porto para 30 navios, sendo para tal necessário alargar o Boquete e criar os necessários cais. Contudo, este projecto não teve execução, sendo retomado novamente nos anos de 1654 (por ordem de D. João IV, novamente a pedido do capitão do donatário) e de 1691 (nos tempos de D. Pedro II), igualmente sem qualquer efeito prático.
Com a criação da Capitania Geral dos Açores, em 1766, e por força do impulso reformador do marquês de Pombal, foram feitos novos estudos, esbarrando a execução com a falta de fundos para financiar as obras.
Nos anos de 1830, graças ao entusiasmo de João António Garcia de Abranches, o projecto foi retomado, sendo fundada uma Companhia do Porto de Abrigo Marítimo no Ilhéu de Vila Franca do Campo, dotada de estatutos com aprovação real de D. Maria II. A rainha chegou a oferecer um padrão para ser levantado no ilhéu e uma imagem de Nossa Senhora da Glória para ser colocada numa ermida que ali deveria ser construída.
Estas intenções foram novamente goradas pela falta de fundos e pela realização que os navios da época já eram maiores, o que tornava a caldeira exígua e exigia um grande alargamento do Boquete, e que não era prático ter um porto fora da ilha, já que as cargas teriam forçosamente de ser transportadas por via marítima até ao ilhéu e aí novamente manuseadas.
A construção, com início em 1861, de um porto artificial em Ponta Delgada, com adequadas estruturas de acostagem, levou ao abandono definitivo do projecto.
[editar] Reserva Natural do Ilhéu de Vila Franca
Pelo Decreto Legislativo Regional n.º 3/83/A, de 3 de Março, do parlamento açoriano, o ilhéu de Vila Franca foi classificado como Reserva Natural. Aquela classificação foi alterada, com um considerável alargamento da área marítima protegida e com a introdução de restrições ao uso de parte da área terrestre, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 22/2004/A, de 3 de Junho. O uso balnear daquele espaço foi reordenado e foram recentemente criadas novas infra-estruturas de desembarque e de apoio aos visitantes, incluindo instalações sanitárias e de recolha de resíduos.
A Reserva Natural, tanto na parte marinha como na terrestre, visa proteger biótopos de elevada biodiversidade (no interior da cratera o biótopo marinho tem um Índice de Margalef de 8.0) e defender a zona de nidificação do cagarro, uma ave marinha protegida.
[editar] Literatura
- Ilhéu de Vila Franca do Campo, in Arquivo dos Açores, volume VI, pp. 379-404.
- João António Garcia de Abranches, Memória Concernente à Construção da Doca do Ilhéu de Vila Franca do Campo na Ilha de São Miguel, Ponta Delgada, 1834.
- João António Garcia de Abranches, História do Ilhéu de Vila Franca do Campo da Ilha de São Miguel, Ponta Delgada, 1841.
- Manuel Ferreia, Penhascos Dourados – O Ilhéu da Vila, Ponta Delgada, 1989.
[editar] Ligações externas
- Informação sobre mergulho no Ilhéu (na página da Universidade dos Açores).
- Artigo sobre o ilhéu.
- Vista aérea do ilhéu.
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