Discussão:Greve

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[editar] A Greve e a Bíblia

Tratar de temas que nos afligem à luz da Bíblia, é ao mesmo tempo, um desafio, pois nos obriga a encarar realidades que por vezes preferiríamos “manter embaixo do tapete”, e por outro lado, é impar oportunidade de crescimento em Deus, pois Ele não nos deseja alienados, e sua atuação na história permitirá escrever uma “nova história”, completamente diferente de tudo o que podemos pensar ou imaginar, e muito além do que qualquer esforço humano jamais conseguiu ou conseguirá. Quanto ao tema Greve, especificamente, a Bíblia não diz nada, simplesmente porque pelo tipo de relações existentes à época não era sequer pensável tal possibilidade. A Bíblia, no entanto, como um manual completo que é, não deixa silente esse tema, delineando-nos alguns valores aplicáveis ao caso. Antes, todavia, é interessante notarmos alguns aspectos desse movimento.

O termo "greve foi oficialmente utilizado pela primeira vez na França, no final do século XVIII, pois insatisfeitos com as baixas remunerações, altas jornadas de trabalho e condições precárias de trabalho, tanto trabalhadores quanto desempregados se reuniram em uma praça, denominada Place de Grève, assim chamada pelo fato de que na referida praça, acumulavam-se gravetos trazidos pelas enchentes do rio Sena. Daí o termo grève, originário de graveto. A greve somente é concebível a partir do trabalho assalariado, onde alguém que detêm os meios de produção Terra e Capital, paga à força de trabalho um salário.

É forçoso reconhecermos que via de regra em todo o fenômeno grevista há uma legítima luta por uma remuneração mais digna, condições melhores de trabalho e uma jornada mais equilibrada. Se olharmos na história veremos estarrecidos as desumanas condições a que eram submetidos seres humanos pelo simples intuito do lucro rápido do capitalista. Grandes avanços foram conquistados pelas greves, muitos dos quais usufruímos hoje enquanto trabalhadores, todavia, que não raro deixaram um rastro de sangue em sua história. Atualmente a greve é um direito conquistado dos trabalhadores, que tem limites legais estabelecidos, tudo visando uma solução mais equilibrada dos conflitos relacionais trabalhistas e à ordem social.

Deixando de lado essa introdução necessária, se fizermos a pergunta à Bíblia - a Deus -, que resposta teremos: "A greve é Bíblica?"

A primeira resposta que temos da Bíblia já nos dá uma indicação de que algo está errado. A Palavra de Deus, em Mateus 22:37-40, mostra claramente a natureza do desejo de Deus, que o ser humano O ame (a Deus) em primeiro lugar e acima de todas as coisas, e em segundo lugar, que ame ao seu próximo como a si mesmo. Disso depende toda a lei e os profetas, diz Jesus Cristo. A greve como uma situação de conflito que é, já não agrada a Deus com certeza, pois Ele deseja que nos amemos uns aos outros, não que vivamos em conflito e o levemos aos extremos.

Que dizer então: "-É deixar o patrão fazer o que quiser e ficarmos caladinhos?", dirá o corpo de funcionários, ou no dizer dos patrões "-É deixar esses arruaceiros tomarem conta de tudo e destruir um patrimônio muito suado para se conseguir?"

Veja bem, não estamos dizendo nem uma coisa nem outra. Aqui começamos chamando a atenção para o fato de que a situação de conflito, seja ela qual for, não é do agrado de Deus, isso é claro na Bíblia. Se não agrada a Deus, e nosso desejo é agradá-lo, obviamente devemos buscar então uma solução, e isso tem que começar com um diálogo isento, preferencialmente por pessoa não ligada ao dia-a-dia da empresa (isenta), seguir com uma acurada análise das causas da insatisfação e sua efetiva existência ou virtualidade, contínua abertura ao diálogo, e especialmente atenção a algumas realidades que nos rodeiam, e sua correção aos moldes bíblicos:

1. Do lado do Empresariado - É forçoso reconhecermos que, especialmente por conta da exacerbação do capitalismo, da exigência pela competitividade em um ambiente globalizado, e a busca desenfreada pelo lucro, temos assistido historicamente a um "desprezo" pelo humano, seja pelas baixas remunerações, anti-humanidade do ambiente de trabalho, alienação mental, etc. Isso não é do agrado de Deus, pois Ele sempre condenou a opressão, seja no velho testamento, como, por exemplo, no Êxodo, onde a atenção a esse detalhe seria o garantidor da benção, ou a inobservância, a certeza da maldição. O Povo ("empresários" os ricos da época), desagradando a Deus, não observou os seus mandamentos no tocante a isso, e mesmo a despeito do envio de vários profetas alertando para o fato, e conclamando à correção de rumos, tudo somente piorou, obrigando Deus a permitir os diversos exílios, como o Babilônico. A bíblia ainda fala aos patrões mais recentemente em Efésios 6:9 "E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o SENHOR deles e vosso está no céu, e que para com ele não há acepção de pessoas.".

2. Do lado dos empregados, é também de Efésios que encontramos a recomendação de que devemos respeitar a autoridade dos patrões (autoridade é muito diferente de despotismo ou autoritarismo), e acima de tudo, fazermos tudo não como se estivéssemos fazendo para homens, mas como para o próprio Deus, e mais interessante ainda, tendo a consciência que a recompensa vem é do próprio Deus: "Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo; Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens. Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre." (Efésios 6:5-8).

Já sei: a esta altura, se você for uma pessoa administradora de uma empresa, deverá estar pensando: "E como sobreviver em um mundo desses com essa lógica? Isso é utópico!". Se for do corpo sindical provavelmente dirá: "Lindo!, mas nossas necessidades são imediatas, precisamos comer e garantir o futuro, nosso e de nossos filhos. Se não for assim, nada mudará!"; Ou quem sabe, se for uma pessoa sozinha querendo agira da forma correta, dirá: "como agirei sozinho contra a correnteza?!".

Todos esses questionamentos não são inéditos. Já foram a base do não cumprimento do que o próprio Deus ordenava através da Lei para que o homem vivesse bem, em paz e usufruísse das bênçãos de Deus. Infelizmente é ainda hoje a base para, seja como patrões, seja como empregados ou como um "solitário empregado" não ouvirmos à voz de Deus, e consequentemente não recebermos dEle as bênçãos.

Devemos lembrar que não é o nosso trabalho, nem o nosso esforço os garantidores da prosperidade, e sim a bondosa mão de Deus. Quando Deus não permite, em vão vigiamos e em vão trabalhamos. Não adiantará nada nos matarmos, levantamos cedo, comermos pão de dores ou fazemos o que nos custar a própria vida se não tivermos as bênçãos de Deus(Salmo 127), pelo contrário, quando não há a aprovação de Deus, a paisagem é como a descrita no livro de Joel (leia o livro de Joel e constate isso).

Ao que clama diante da opressão: não devemos nos esquecer que a Mão do Senhor não está encolhida, nem seu ouvido agravado para não poder ouvir (Isaías 59), mas a exemplo de quando ouviu o clamor do seu povo na escravidão do Egito, que trabalhava cada vez mais feliz, não obstante o diário aumento da carga de trabalho e as humilhações (Êxodo 3), assim Ele poderá nos ouvir e agir em nosso favor, se clamarmos à pessoa certa – A Deus. Falta-nos, humilhar, e orar, e buscar a face de Deus, e nos convertermos dos nossos maus caminhos, porque aí pela Fé (necessária para agrademos a Deus), já poderemos contemplar a certeza de que Ele nos ouvirá dos céus, perdoará nossos pecados e sarará a nossa terra. Isso é um clamor de Deus, ele anseia por nos abençoar. Precisamos crer mais em Deus e menos nos números ou nas evidências dos jornais, e viver uma lógica contrária do mundo, mas que agrade a Deus.

Por fim, concluímos essa breve exposição dizendo que o momento vivido na empresa é momento de necessária reflexão do que é necessário ser mudado, seja nos empregados, seja no patronato, seja na pessoa específica (se for o caso), abertura de um franco diálogo onde Deus tenha prioridade de ser ouvido, através da sua Palavra, e mais interessante, é momento ímpar de mostrar que os mandamentos e os propósitos de Deus são para nós e que funcionam. Muitos se converterão pelo exemplo do amor, pela abordagem bíblica dos conflitos, pelo ambiente acolhedor que surgirá, enfim, precisamos dar um Salto de Fé, e acreditar de uma vez por todas que a Palavra de Deus é para ser crida e fielmente aplicada, mesmo que o mundo nos chamar de loucos, Deus honrará a Sua Palavra, pois Ele é Poderoso, Fiel, Não mente, Não muda, e se agrada em nos abençoar.

Fique na Paz, e estamos à disposição. Samuel Amorim Coordenador [coord@escolabiblica.com.br]