Francisco Solano López
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Francisco Solano López (Assunção, 24 de Julho de 1827 — Cerro Corá, 1 de Março de 1870) foi um militar paraguaio, presidente de seu país de 1862 à data de sua morte.
Filho do presidente Carlos Antonio López, foi nomeado general-de-brigada aos dezoito anos de idade. Comandou por duas vezes (1846 e 1849) as forças de seu país enviadas à província de Corrientes para combater o governo argentino de Juan Manuel de Rosas. Entretanto, não participou de batalhas.
Entre 1853 a 1856 viajou diversas vezes à Europa, onde estudou e absorveu o sistema militar prussiano. Durante suas viagens comprava armas e munições para as forças armadas paraguaias, contratou técnicos estrangeiros e conseguiu a ratificação de tratados comerciais com a França e com a Inglaterra, além de freqüentar a corte de Napoleão III. Lá foi apresentado à irlandesa Elisa Lynch, que se tornou sua amante e se mudou para Assunção passando a exercer grande influência nos assuntos de Estado.
Ao ser nomeado pelo pai ministro da Guerra e da Marinha, Solano adotou nas forças armadas paraguaias o sistema militar aprendido na Europa.
Após a morte de Carlos Antonio López, Solano convocou um congresso especialmente reunido para elegê-lo presidente da república por dez anos, em 16 de outubro de 1862.
Há diferentes teorias que explicam a guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança, que Solano López iniciou em 1864. Nas últimas décadas, alguns historiadores de simpatia mais à esquerda, como Chiavenatto, entenderam que, dada a independência econômica paraguaia em relação à Inglaterra, condição francamente distinta das condições econômicas dos outros países da América do Sul (profundamente ancorados em dívidas e dependentes dela), a coroa britânica teria feito com que Argentina e Brasil iniciassem uma guerra contra o Paraguai. Como o pai de Solano López, Carlos Antonio López, havia firmado em 1850 um tratado com o Uruguai, comprometendo-se a defender este país se a sua soberania fosse ameaçada (a soberania do Uruguai era fundamental para a manutenção do equilíbrio na bacia do Plata), Brasil e Argentina utilizaram-se desse tratado, depondo à força o governo de Bernardo Berro em favor do caudilho Venâncio Flores. Com isso, o Uruguai passou para o lado do Brasil, assinando o "Tratado da Tríplice Aliança", no qual os três países comprometiam-se a lutar contra López, que iniciou as hostilidades, capturando o navio brasileiro Marquês de Olinda, da Marinha Mercante Imperial, o qual levava ao Mato Grosso o Coronel Carneiro de Campos, nomeado então seu governador, iniciando assim a guerra.
Outra teoria, porém, sustenta que foi a ambição desmedida de Solano López, diferente de seu pai e do dr. Francia, que fora o primeiro governante do Paraguai, e que eram ambos mais prudentes, que teria causado a guerra. Mesmo que o Paraguai se tenha sentido ameaçado pela intervenção de seus maiores vizinhos no Uruguai, Francisco Solano López deu mostra, durante a longa guerra, de ações bastante cruéis, chegando a mandar matar familiares próximos por seus lanceiros. Essa tese é sustentada em particular por Francisco Doratioto, diplomata brasileiro que realizou vasta pesquisa em arquivos dos países que participaram do conflito.
No início do conflito López obteve êxitos militares significativos, mesmo com um exército em desvantagem numérica e todo tipo de suprimento produzido no próprio Paraguai, pois havia dentro das forças da Aliança rivalidades entre os caudilhos. Porém, logo a guerra evoluiu de forma adversa para o Paraguai.
Tão logo isso ocorreu, surgiu uma oposição à guerra nas elites paraguaias. Solano, vendo-se cercado de conspiradores, começou a se utilizar de subterfúgios naturais ao despreparo de uma derrota. Em 1868, acusou vários de seus compatriotas de traidores e conspiradores, mandando executá-los, entre estes seu irmão Benigno e o bispo Palácios. Foi o chamado Massacre de San Fernando.
[editar] A perseguição final
O general Correia da Câmara e sua tropa perseguiram Lopez até encontrá-lo ferido e solitário quando tentava atravessar o rio Aquidabã, após perder a batalha de Cerro Corá, em 1º de março de 1870. Sendo intimado a render-se, López teria gritado "¡Muero con mi Patria!" e avançado a cavalo em direção às tropas brasileiras. Foi atingido na virilha pelo lanceiro brasileiro Chico Diabo e na testa pelo sabre de um outro soldado brasileiro. Socorrido por dois de seus oficiais, López tenta atravessar o riacho Aquidaban-nigui (Aquidabã), mas não consegue; perdeu muito sangue e está fraco. No chão, é novamente intimado a render-se e, com a segunda negativa, o General Câmara manda desarmá-lo, ao que ele impõe fraca resistência e leva um tiro pelas costas, morrendo. Depois de morto, um oficial brasileiro lançou-se sobre ele, cortando-lhe uma orelha, outro cortou-lhe um dedo, ainda outro arrebentou-lhe a boca com a coronha do fuzil para colher-lhe os dentes. O cadáver de Francisco Solano López foi enterrado, junto ao de seu filho Panchito, pelas mãos de Madame Lynch que, ajudada pela filha menor, cavou com uma lança a sua sepultura. Seus despojos estão guardados no "Panteão dos Heróis", em Assunção.
[editar] Bibliografia
- CHIAVENATO, Júlio José - Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai. 18ª Edição. São Paulo: Brasiliense, 1985.
- DORATIOTO, Francisco - Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.