Companhia de Tecidos Rio Tinto

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A Companhia de Tecidos Rio Tinto é uma extinta fábrica de tecidos brasileira sediada na cidade de Rio Tinto, Paraíba. Junto com a Companhia Paulista (esta última na área metropolitana do Recife), já deteve a condição de o maior complexo têxtil-fabril da América do Sul.

Índice

1 História
- 1.1 Primórdios da companhia e apogeu
- 1.2 Tensões geradas pela Segunda Grande Guerra Mundial e declínio
2 Curiosidades
3 Ligações externas e fonte

[editar] História

[editar] Primórdios da companhia e apogeu

Em 1917, o comerciante sueco Theodor Herman Lundgren comprou do fazendeiro Alberto de Albuquerque, por dois mil contos de réis, 601 quilômetros quadrados de terras cobertas de Mata Atlântica, habitadas por tribos potiguaras, onde a atual cidade de Rio Tinto nasceria.

Em 1918, inicia-se o projeto de criação da fábrica. Navios começam a trazer da Europa para Cabedelo as primeiras máquinas para o fabrico de tecidos. Pouco tempo depois, o rio Mamanguape ganhava um atracadouro para o desembarque de peças mecânicas de até 100 toneladas conduzidas desde o Porto de Cabedelo em barcos da própria fábrica. Com a implantação da companhia de tecidos e o desenvolvimento do parque fabril vieram os equipamentos comunitários (vilas residenciais, igreja, chalés, cinema, barracão e delegacia, ainda hoje considerados atrativos histórico-culturais da cidade). Foram contratados também mais de 80 homens contratados na Alemanha para cargos técnicos e de direção. Com eles vieram também suas famílias.

Com a morte de Theodor Lundgren, o comando dos negócios ficou, sucessivamente, com os filhos, educados na Alemanha e Inglaterra. A fase áurea da Companhia de Tecidos Rio Tinto deu-se no início dos anos 60, no auge das exportações para a Europa e os Estados Unidos. Com esse apogeu, Rio Tinto tinha então uma das maiores arrecadações tributárias do interior nordestino, o que significava o pleno funcionamento de centenas de teares em 50 galpões com área construída de 52 mil metros quadrados. Doze caldeiras queimavam por dia 80 caminhões de lenha, enquanto a fábrica gerava 15 mil empregos diretos. A fábrica foi o motivo para que quase tudo o que hoje está de pé na cidade fosse edificado, o que inclui 2.613 casas residenciais, o hospital, as praças e o armazém destinado ao suprimento das despensas de técnicos, dirigentes e operários. Com toda essa prosperidade, os trabalhadores tinham privilégios incomuns para o interior nordestino da época, como emprego fixo e assistência médica.

Em 1933, a fábrica recebe a visita de Getúlio Vargas e consegue um contrato para produzir mescla azul e brim branco para a Marinha do Brasil. O prestígio do Grupo Lundgren era então enorme.

[editar] Tensões geradas pela Segunda Grande Guerra Mundial e declínio

Em 18 de agosto de 1945, cerca de dois mil operários da fábrica de tecidos invadem os chalés dos alemães, quebrando tudo e exigindo que os estrangeiros fossem deportados. Tanto no país quanto em Rio Tinto ardia o ódio advindo do torpedeamento de navios da Marinha Mercante do Brasil por submarinos alemães durante a Segunda Grande Guerra mundial. Com a situação mais calma, a Companhia de Tecidos Rio Tinto acionou judicialmente o Estado em busca da indenização dos prejuízos, nunca obtida. Os alemães, enquanto isso, lá permaneceram para insatisfação dos locais.

Em 1963, um ex-operário da fábrica, o torneiro mecânico Antonio Fernandes de Andrade, elege-se prefeito municipal contra os interesses dos antigos patrões. A partir de então, os Lundgren mostram-se desestimulados. Com os galpões, o palacete (onde não se pode entrar), marcenarias e oficinas de manutenção fechados, o espólio dos Lundgren, hoje administrado por um pequeno escritório local, vive do recebimento do aluguel de 80% das casas de Rio Tinto, empregando, para tanto, em torno de 70 pessoas.