Bispo de Roma
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O Bispo de Roma é o Bispo da Santa Sé e é referido na tradição católica como o Papa. O Bispo de Roma é o sucessor do apóstolo Pedro na Igreja de Roma, e por isso possui uma primazia sobre os demais bispos da Igreja desde a Antiguidade.
[editar] A primazia do Bispo de Roma na Antiguidade
Clemente I que foi o terceiro sucessor do apóstolo Pedro, depois de Lino e Anacleto na Sé de Roma, em sua Primeira Epístola aos Coríntios (Ep. 59), no ano 95 ou 96 d.C., portanto, ainda no século I da era cristã, e só trinta anos após martírio de Pedro diz que se recebam os bispos que tinham sido expulsos injustamente dizendo:
"Se algum homem desobedecer às palavras que Deus pronunciou através de nós, saibam que esse tal terá cometido uma grave transgressão, e se terá posto em grave perigo”. E Clemente incita então os coríntios a "obedecer às coisas escritas por nós através do Espírito Santo."(Clemente, Ep.59).
É altamente significativo o fato de que o Bispo de Roma, e ele só, tenha intervindo em questões internas da comunidade de Corinto, embora em Éfeso ainda vivesse o apóstolo João, e outras comunidades que não a de Roma tivessem talvez relações mais freqüentes e fáceis com Corinto.
Leve-se em conta também a deferência que a igreja de Corinto (embora fosse, como a de Roma, fundada por um Apóstolo) prestou ao documento de Roma: a admoestação surtiu o almejado efeito, como se depreende do fato de que em 170 aproximadamente a carta de S. Clemente ainda era habitualmente lida nas reuniões dominicais dos fiéis de Corinto (cf. Eusébio, Hist. eci. IV 23, 11).
O Papa Vítor I, Bispo de Roma (189-198 d.C.), impôs às igrejas asiáticas que se conformassem ao costume do resto da Igreja, na questão da Páscoa. Polícrates de Éfeso resistiu dizendo que os costumes que seguia procediam do próprio apóstolo João. O Bispo de Roma Vítor o excomungou por isso. Depois, Vítor, instado por Ireneu, tendo visto que sua insistência poderia provocar mais dano que bem, retirou a excomunhão. Mas tanto pela excomunhão imposta, como pela sua retirada por Vítor, fica patente a primazia da Sé de Roma (cf. Eusébio, Hist. eci. V 24, 9-18).
Muito significativa é a profissão de fé dos bispos Máximo, Urbano e outros do Norte da África que aderiram ao cisma de Novaciano, rigorista, mas posteriormente resolveram voltar à comunhão da Igreja sob o Bispo de Roma Cornélio em 251:
"Sabemos que Cornélio é Bispo da Santíssima Igreja Católica, escolhido por Deus todo-poderoso e por Cristo Nosso Senhor.. Confessamos o nosso erro... Todavia nosso coração sempre esteve na Igreja; não ignoramos que há um só Deus e Senhor todo-poderoso, também sabemos que Cristo é o Senhor...; há um só Espírito Santo; por isto deve haver um só Bispo à frente da Igreja Católica" (Denzinger-Schõnmetzer, Enchiridion 108 [44]).
À medida que nos adiantamos no decorrer dos séculos, vão aumentando em número e significado os textos e fatos que atestam o primado de Roma. Visando a brevidade, pode-se limitar a recordar que, por ocasião dos litígios teológicos verificados do século IV em diante, a Sé de Roma foi geralmente tida como supremo tribunal de apelo, donde os teólogos e os simples fiéis, bispos, patriarcas tanto do Ocidente como do Oriente, esperavam ouvir a palavra da verdade.
Os arianos, por exemplo, pediram ao Papa Júlio I (337- 352) que aprovasse a deposição ao Patriarca de Alexandria, Atanásio; Atanásio apelou a Roma contra a decisão do Concílio de Tiro (335 d.C.) que o destituíra de sua diocese. O Papa Júlio anulou as decisões desse Concílio, restituindo a suas sés episcopais, tanto a Atanásio como a Marcelo de Ancira.
"Se eles (Atanásio e Marcelo) realmente agiram mal, como dizem, o juízo deveria ter sido realizado de acordo com os cânones eclesiásticos, e não dessa maneira... Não sabe que o costume é que primeiro nos dirijam cartas a Nós (plural majestático) e depois procedam conforme se defina então?" (Atanásio, Apologia, 35).
Muitas vezes os Imperadores, querendo impor sua vontade a Cristandade, sabiam que para isso ser feito era necessário a aprovação do Bispo de Roma, e por isso, os Bispos de Roma sofreram exílios e perseguições.