As Horas de Maria
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As Horas de Maria é um filme português de longa-metragem de António de Macedo, de (1976). A obra, iconoclasta, cujos exteriores foram filmados em Fátima, foi alvo de críticas severas da hierarquia da Igreja católica e, quando saiu em sala, provocou reacções violentas e agressões dos meios mais conservadores da época. (Ver: Novo Cinema)
O filme teve ante-estreia em Lisboa no cinema Satélite a 7 de Junho e foi estreado no cinema Nimas a 3 de Abril de 1979.
[editar] Ficha sumária
- Argumento: António de Macedo
- Realização: António de Macedo
- Produção: Cinequanon
- Ano de produção: 1976
- Formato: 35 mm (amp. 16 mm)
- Género: ficção (comédia dramática)
- Duração: 105’
- Distribuição: Cinequanon
- Estreia: cinema Nimas, em Lisboa, a 3 de Abril de 1979.
[editar] Sinopse
«Maria, uma jovem cega, supostamente violada pelo padrasto, é internada no pavilhão isolado e em ruínas dum hospício, mantendo firmemente a esperança de um milagre da Nossa Senhora de Fátima. Confiada por Ângela, sua tia freira, aos cuidados do Dr. Firmino, um médico impotente, terá momentos de desespero, graça e espanto – entre crenças, fantasmas e revelações…» (cit. José de Matos-Cruz, O Cais do Olhar – ed. Cinemateca Portuguesa, 1999.
[editar] Enquadramento histórico
As Horas de Maria é uma obra de valor simbólico, numa época de bruscas e dramáticas mutações em Portugal. No ano em que o filme foi produzido, 1976, não teria por certo acontecido o que aconteceu três anos mais tarde, quando estreou em Lisboa. A suposição não é sem fundamento. O recuo das forças progressistas da Revolução dos Cravos, num contexto social que lhes era desfavorável, fez-se sentir com avanços da direita em políticas em que muito recuara, como a cultura. A viragem foi rápida.
Na estreia, a 3 de Abril de 1979, um evento insólito deu relevo ao filme nos meios de comunicação e gerou considerável polémica: um grupo agressivo de manifestantes de direita, sentindo-se apoiados pelo repúdio já manifestado pela Igreja católica, que achava a obra blasfema, insultaram e agrediram espectadores em frente da sala – o Nimas, na Av.5 de Outubro, em Lisboa, – com actos violentos e apedrejamentos. O ritual manter-se-ia por vários dias, com agrupamentos a rezar o terço e a entoar ladainhas para a conversão de Macedo, dos espectadores contaminados, dos fãs heréticos.
A explicação do insólito é assim dada por João Bénard da Costa : «O realizador, baseado nos chamados Evangelhos apócrifos, propunha uma visão não trascendental de Jesus e punha em causa a virginidade de Maria». (João Bénard da Costa, Histórias do Cinema, Sínteses da Cultura Portuguesa, Europália 1991, ed. Imprensa Nacional).
Voltam ao de cima certas sensibilidades, próximas das que dominavam antes. O efeito que o filme provocou ilustra isso e não só: as bem prováveis consequências de um atrevimento assim. De mais um: a filmografia de Macedo está cheia disso.
[editar] Ficha artística
- Irmã Ângela – Cecília Guimarães
- Maria – Eugénia Bettencourt
- Dr. Firmino – João d’Ávila
- Jesus / Tomé – Carlos Boavida Fernandes
- Simão Pedro – Leonel Brito
- Salomé – Filomena Augusta
- Judas o Galileu – Raul Mendonça
- Virgem Maria – Cremilde Mourão
- Judas Iscariote – Nuno Aboim
- Barrabás – José Manuel Bissau
- Mercador – João Roque
- Sebastião Nobre
- Joaquim de Matos
- José Mourato
[editar] Ficha técnica
- Realizador: António de Macedo
- Assistente realizador: Amílcar Lyra
- Director de produção: Lionel Brito
- Assistente de produção: César O. Monteiro
- Secretária de produção: Cremilde Mourão
- Fotografia: Elso Roque
- Assistente de imagem Pedro Efe
- Chefe electricista : João de Almeida
- Electricistas: Amadeu Lomar, Fernado Augusto
- Adereços: João Luís
- Caracterização: Luís de Matos, Isabel Santos
- Anotação: Manuela Moura
- Director de som: João Diogo
- Operador de som: José de Carvalho
- Músicas: Requiem de Verdi, Cânticos Religiosos (Fátima)
- Montagem: Maria Manuela Moura
- Interiores: Pavilhão do Instituto de Agronomia
- Exteriores: Fátima
- Ante-estreia: cinema Satélite, em Lisboa, a a 7 de Junho de 1977
- Estreia: Nimas, em Lisboa, a 3 de Abril de 1979
[editar] Festivais e prémios
- Festival de Lecce (Itália) – Menção Honrosa à Cinematografia
- Festival de Biarritz – Prémio da Interpretação Feminina (Eugénia Bettencourt)
[editar] Ver também
[editar] Ligações externas
- As Horas de Maria em Amor de Perdição
- As Horas de Maria em Random Precision
- As Horas de Maria na IMDb