Anfibologia
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Anfibologia (do grego amphibolia) vem a ser, na lógica e na lingüística moderna, o mesmo que ambigüidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Um enunciado é ambíguo e, portanto, anfibológico quando permite mais de uma interpretação.
Na lógica aristotélica, designa uma falácia baseada no dúbio sentido - proposital ou não - da estrutura gramatical da sentença de modo a distorcer o raciocínio lógico ou a torná-lo obscuro, incerto ou equivocado.
A ambigüidade pode ser proposital ou inconsciente (ato falho) ou, ainda, dar-se por mero descuido do falante ou do escritor ao organizar as palavras do enunciado. O uso proposital da ambigüidade é comum na poesia (licença poética) e também na linguagem informal, sobretudo no cotidiano do registro falado de uma língua (em brincadeiras, insinuações, por meio de trocadilhos e jogos de palavras). Neste caso, a utilização da ambigüidade se vale da polissemia das palavras, fenômeno lingüístico presente em praticamente todas as línguas.
De um modo geral, a ambigüidade é considerada um vício de linguagem, e a anfibologia, uma falácia.
A intensidade do emprego da ambigüidade também é variável de acordo com a aceitação cultural de cada país ou cultura.
Uma vez que a anfibologia ou a ambigüidade está estreitamente associada à sintaxe, isto é, à posição e organização das palavras dentro de um enunciado, à relação delas entre si e, de um modo geral, à construção das frases, a ocorrência dessa falácia ou desse vício de linguagem assumirá diferentes formas de acordo com a língua de que se trate, pois cada idioma possui sua própria estrutura e sua sintaxe.
[editar] Exemplos de Anfibologia
Na língua portuguesa, a ocorrência da ambigüidade se dá mais comumente nos seguintes casos, entre outros:
1) Uso de sujeito posposto a verbo que seja transitivo direto:
Venceu o Brasil a Argentina - Quem foi o vencedor: o Brasil ou a Argentina?
2) Uso de pronome possessivo na terceira pessoa - "seu", "seus", "sua", "suas" - (é um uso que, se o escritor não estiver atento, freqüentemente produz ambigüidade):
Meu pai foi à casa de José em seu carro - No carro de quem, de José ou do pai?
3) Uso de certas comparações:
Na década de 70, os jogadores do Vasco não levavam os treinos a sério, como acontecia no Cruzeiro. - O que acontecia no Cruzeiro? O autor da frase quis equiparar os jogadores do Cruzeiro aos do Vasco ou, ao contrário, quis fazer uma oposição, afirmando que os cruzeirenses levavam os treinos a sério, diferentemente dos vascaínos?
4) Uso da preposição "de" em certos casos entre dois substantivos - as preposições também são freqüentemente fonte de ambigüidade:
Onde está a cachorra da sua mãe? - Está-se referindo à cachorra que pertence à mãe ou está-se insultando-a?
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