Adolf Brand
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Adolf Brand (1874-1945) foi um escritor alemão, anarquista e activista pioneiro da aceitação da homossexualidade masculina.
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[editar] Biografia
Nascido em Berlim em 14 de Novembro de 1874, Brand foi durante algum tempo professor, antes de se fundar uma editora que publicou o jornal homossexual alemão Der Eigene em 1896, a primeira publicação regular homossexual no mundo[1], que se manteve até 1931. O nome do jornal foi inspirado nos escritos do filósofo do ego, Max Stirner, que havia influenciado fortemente o jovem Brand, e refere-se ao conceito de Stirner de "soberania individual". Der Eigene baseava-se em materiais culturais e académicos, e deve ter tido cerca de 1500 subscritores por edição ao longo da sua existência, embora os números exactos não sejam conhecidos. Entre os contribuidores para o jornal contam-se Erich Mühsam, Kurt Hiller, John Henry Mackay (com o pseudónimo Sagitta) e os artistas Wilhelm von Gloeden, Fidus e Sascha Schneider. Brand contribuiu com vários poemas e artigos.
Em 1899/1900 Brand publicou uma antologia influente de literatura homoerótica, Lieblingminne und Freundesliebe in der Weltliteratur, editada por Elisar von Kupffer, que foi reimpressa em 1995.
Em 1899 Brand foi condenado a um ano de prisão por ter atacado um membro do parlamento com um chicote de cão.
Brand envolveu-se com o Wissenschaftlich-humanitäres Komitee ("Comité Científico-Humanitário") de Magnus Hirschfeld, a primeira organização pública de direitos dos homossexuais), até que se deu uma cisão em 1903; nesse ano Brand liderou a organização da Gemeinschaft der Eigenen (GdE) com os cientistas Benedict Friedlaender e Wilhelm Jansen. Para este grupo o amor homem-homem era visto como um simples aspecto da panóplia de opções viris disponíveis para todos os homens; rejeitavam as teorias médicas, como as de Hirschfeld, que defendiam que um gay era um certo tipo de pessoa, o sexo intermédio. O GdE era uma espécia de movimento de escuteiros que ecoava as doutrinas guerreiras de Esparta, os ideais de pederastia da Grécia Antiga e as ideias sobre o erotismo pedagógico Gustav Wyneken. O GdE envolveu-se fortemente em campismo e montanhismo, praticando ocasionalmente nudismo, este último como parte da Nacktkultur ("cultura da natureza") que varria a Alemanha, e que nos anos 1920s acabaria por se desenvolver na Freikörperkultur ("cultura da liberdade do corpo") de Adolf Koch.
O GdE era um grupo semelhante a vários outros dessa época na Alemanha , tais como o Wandervogel. Wilhelm Jansen, o co-fundador do Gemeinschaft der Eigenen, era também um dos principais patrocinadores financeiros do Wandervogel, que também liderava[2].
Os escritos e teorias do anarquista romântico John Henry Mackay (1864-1933) tiveram significativa influência no GdE a partir de 1906[3]. Mackay tinha vivido em Berlim durante uma década e tinha feito amizade com Friedlaender, que não partilhava as inclinações anarquistas de Brand e Mackay, adoptando, em vez disso, as teorias sobre direitos naturais e a reforma agrária, então em discussão na Alemanha.
Brand era apoiante da denúncia (outing) de homossexuais famosos, muito tempo antes do termo ter sido cunhado; quando em 1907 ele publicou que o Chanceler da Alemanha, o Príncipe Bernhard von Bülow (1849-1929) tinha uma ligação homossexual com o Conselheiro Max Scheefer, foi processado por difamação e condenado a dezoito meses na prisão. Justificando mais tarde a sua decisão de denúncia, Brand declarou: "Quando alguém ... prefere perseguir os contactos mais íntimos dos outros ... nesse momento os seus próprios romances deixam de ser assuntos privados."
Brand foi também condenado a dois meses de prisão ao abrigo do Parágrafo 175 do Código Penal Alemão, alegadamente por permitir que "escrita lasciva" fosse publicada no Der Eigene. Durante a Primeira Guerra Mundial, Brand e o GdE congelaram as suas actividades; Brand foi mobilizado para o exército alemão durante dois anos e casou com uma enfermeira, Elise Behrendt. Depois da guerra a aplicação do Parágrafo 175 foi sendo reduzida lentamente.
O GdE e outros grupos activistas uniram-se para formar um Comité de Acção com o grupo de Magnus Hirschfeld, para proporem a formulação de uma nova lei que substituisse o Parágrafo 175. Em 1925 novos grupos se juntaram e formou-se o mais abrangente "Cartel para a Reforma da Lei sobre Ofensas Sexuais". As suas propostas de lei, enviadas ao Parlamento, nunca foram votadas e, em 1929, com o crescente poder dos Nazis, perdeu-se a oportunidade de reformar a lei.
Adolf Brand abandonou o activismo homossexual em inícios da década de 1930s, após persguições sistemáticas pelos nazis, que silenciaram Der Eigene. destuiram o emprego da sua mulher e que o deixaram na ruína financeira. Depois do incêndio dos livros e da ocupação do Institut für Sexualwissenschaft, Brand finalmente enviou uma carta aos seus seguidores, anunciando formalmente o fim da organização. Ele e a sua mulher foram mortos por uma bomba aliada em 2 de Fevereiro de 1945.
Referências
- ↑ Karl Heinrich Ulrichs tinha lançado um jornal, chamado Prometheus, em 1870, mas apenas um número foi publicado. (Kennedy, Hubert, Karl Heinrich Ulrichs: First Theorist of Homosexuality, In: 'Science and Homosexualities', ed. Vernon Rosario (pp. 26–45). New York: Routledge, 1997.
- ↑ Mills, Richard.1980. A Man of Youth: Wilhelm Jansen and the German Wandervogel Movement. In: 'Gay Sunshine', 44/45
- ↑ Kennedy, Hubert. 2002. Anarchist of Love, 2nd Ed.
[editar] Bibliografia
- James D. Steakley. The Early Homosexual Emancipation Movement in Germany. (1975).
- John Lauritsen and David Thorstad. The Early Homosexual Rights Movement, 1864-1935. (segunda edição revista)
- Günter Grau (ed.). Hidden Holocaust? Gay and lesbian persecution in Germany 1933-45. (1995).
- Mark Blasius & Shane Phelan. (Eds.) We Are Everywhere: A Historical Source Book of Gay and Lesbian Politics (ver capítulo: The Emergence of a Gay and Lesbian Political Culture in Germany).
- Harry Oosterhuis. (Ed.) Homosexuality and Male Bonding in Pre-Nazi Germany: The Youth Movement, the Gay Movement, and Male Bonding Before Hitler’s Rise: Original Transcripts from Der Eigene, the First Gay Journal in the World. (1991).
[editar] Ligações externas
- Brand exhibition in Germany, 2000. Inclui uma foto de Brand e outras imagens.