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Programa Voyager - Wikipédia, a enciclopédia livre

Programa Voyager

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Concepção artística da espaçonave Voyager no espaço
Concepção artística da espaçonave Voyager no espaço

Voyager foi um programa de sondas de espaço profundo que pesquisou os confins do nosso sistema solar. Consistiu de duas missões: Voyager 1 e Voyager 2.


Índice

[editar] História

Foram lançadas em 1977 e 1978, respectivamente, para aproveitar uma chance única: todos os planetas gasosos estariam de tal forma dispostos que, uma nave viajando rumo aos confins do sistema solar poderia cruzar com todos os quatro planetas sem ter que alterar sua trajetória. Em 1979, a Voyager 1 chegou a Júpiter, e tirou fotografias impressionantes do planeta. Também estudou a famosa mancha de Júpiter, um ciclone do tamanho da Terra que começou a girar há 300 anos. A NASA, após a viagem da Voyager 1 a Júpiter, lançou uma missão chamada Galileu. A nave foi lançada em 1989 e alcançou Júpiter em 1995.

Em 1983/84, a Voyager 1 chegou a Saturno. Estudou o planeta e descobriu que ele possui as tempestades mais devastadoras já registradas, com ventos de até 5.000 km/h (100 vezes mais poderosas que um tornado de classe F5). A Voyager 1 também detectou hidrocarbonetos sob a atmosfera do satélite Titã. Por esse motivo, em 2004 uma sonda de um bilhão de dólares foi estudar sua superfície. A missão Cassini-Huygens detectaria a presença de água em Titã, em 2006, o que poderia criar condições favoráveis à existência de vida no satélite.

Em 1988, a Voyager 2 sobrevoou Urano. Estudou seus anéis, seus satélites e descobriu que o maior deles, Miranda, teria sido atingido por um objeto com metade do volume do satélite. Os estilhaços criaram os anéis do planeta. A nave ainda constatou que, em relação aos outros planetas gasosos, a atmosfera de Urano é serena. Não existem tempestades sob suas nuvens. O dia em urano dura 84 anos, o mesmo tempo que o ano uraniano. Isso porque Urano tem um ângulo de inclinação de quase 90º, e rola sobre sua órbita ao invés de rotacionar ao longo dela. Ou seja, caso Urano pudesse ser habitado, quem morasse na parte escura do planeta, viveria sempre no escuro, e quem vivesse na parte clara viveria sempre sob o Sol.

Em 1992, A Voyager 2 passou por Netuno. O Voyager 2 descobriu seis novos satélites, que elevaram o total de satélites conhecidos de Netuno para oito. O Voyager 2 descobriu ainda que o maior dos satélites do planeta, Tritão, tem uma translação contrária à rotação do planeta. Netuno é assolado por tempestades fortíssimas, como o olho do gato, um ciclone giratório que dá a volta no planeta de tempos em tempos. Netuno, assim como a Terra, também possui sprites em suas nuvens mais altas.

Após estudar os quatro planetas gasosos, a Voyager 2 continuou a vagar para fora do sistema solar. Em 2003, a sonda oficialmente entrou no espaço interestelar, e estava a 40 mil anos de viagem da estrela mais próxima.

A missão Voyager ainda está ativa, transmitindo dados que são recebidos através de uma antena de 70 metros. Em 15 de agosto de 2006 a Voyager 1 atingiu a distância de 100 Unidades Astronômicas (UA) do Sol, o que significa que ela se encontra 100 vezes mais distante do que a Terra do Sol, ou seja, mais de 15 bilhões de quilômetros a partir do Sol.

As sondas Voyager transmitem de forma ininterrupta sinais para a Terra a aproximadamente 30 anos, graças ao gerador termoelétrico de radioisótopos de alta longevidade, ao projeto robusto e resistente que possuem, além de uma equipe de profissionais dedicados que hoje está reduzida a apenas 10 pessoas.

[editar] Fonte de Energia

Gerador termoelétrico do projeto Voyager.
Gerador termoelétrico do projeto Voyager.

Diferentemente dos satélites artificiais que orbitam a Terra, a energia elétrica das sondas Voyager é fornecida por três geradores termoelétricos de radioisótopos. Eles são alimentados pelo decaimento do Plutônio-238 (diferente do isótopo Plutônio-239 usado em armas nucleares) e forneciam aproximadamente 470 W em 30 volts em DC quando a sonda foi lançada. O Plutônio-238 decai com uma meia-vida de 87.74 anos[1] de modo que os geradores de energia têm um decréscimo de potência de 1 - \sqrt[87.74]{0.5} por ano. Em 2006, 29 anos após o lançamento, os geradores conseguiam prover apenas 470 W × 2-(29/87.74) ~= 373 W, ou seja, 79.5% da potência inicial. Entretanto, como o acoplamento bi-metálico (Termopar) usado para converter a energia térmica em energia elétrica também perde eficiência com o tempo, a energia disponível é ainda menor. Em 11 de agosto de 2006 a energia gerada em Voyager 1 e Voyager 2 eram de apenas 290 W e 291 W, respectivamente, ou seja, apenas 60% da energia inicial no lançamento. Esses valores, contudo, são melhores que os cálculos preditivos na fase de projeto. Por conta das limitações de potência dos geradores várias funcionalidades das sondas foram desligadas ao longo do tempo[2], permanecendo apenas as funcionalidades básicas.

[editar] Comunicação de Dados

A comunicação de dados com as sondas Voyager 1 e Voyager 2 é realizada através de um canal de 160 bps monitorada 16 horas por dia, embora algumas vezes esse tempo seja compartilhado com outras sondas e estudos do Deep Space Network[3] que conta com 3 antenas parabólicas de 34 metros espalhadas em aproximadamente 120 graus: uma em Goldstone no Deserto de Mojave, Califórnia, uma perto de Madri, Espanha e uma nas proximidades de Canberra, Austrália. Uma vez por semana, por sonda, são adquiridas informações num canal de alta velocidade (115,2 kbps) durante 48 segundos. Essas informações são captadas pelo Sistema de Estudo de Ondas de Plasma PWS (Plasma wave investigation) das sondas Voyager. Em 2010 e 2012 (Voyager 1 e Voyager 2, respectivamente) essas comunicações serão limitadas a 1,4 kbps.

[editar] Estudos dos limites do sistema solar

Com base em dados recentemente obtidos da sonda Voyager 2, 30 anos após o lançamento da sonda, adquiridos pelo subsistema de estudo das ondas de plasma ainda operante, a NASA dispõe de informações de que o sistema solar é achatado[4]. A sonda Voyager 2 atingiu a região conhecida como "choque de terminação" numa distância de 1,6 bilhão de quilômetros mais perto do que a Voyager 1. Nessa região os ventos solares emanados do sol são significativamente desacelerados, formando uma camada turbulenta quando se defrontam com o gás fino do espaço interestelar.

[editar] Curiosidades

As sondas interestaleres Voyager carregam consigo uma mensagem da humanidade para um improvável resgate por outra civilização. As sondas Pioneer 10 e Pioneer 11, que precederam as missões Voyager, também tinham inscrições sobre a origem das sondas (humanidade). As sondas Voyager, contudo, carregam consigo um conjunto ainda mais amplo de informações gravados num disco fonográfico de 12 polegadas (similar aos LP de vinil, feitos de cobre e foleados em ouro. Esses discos, conhecidos como Disco de Ouro do Programa Voyager[5][6] carregam consigo informações de como decifrar as mensagens gravadas por meios analógicos afim de obter acesso às 115 fotos[7] e a uma variedade dos sons da Terra[8][9][10]. As mensagens enviadas pelas sondas Voyager no LP de ouro, mais que tentar passar informações a alguma outra civilização, passam uma mensagem à própria humanidade no sentido de reunir valores importantes das diversas culturas mundiais num tempo em que vigorava a Guerra Fria.

[editar] Citação nos cinemas

O Filme da Série Star Trek protagonizado pela personagem V'Ger[11] (de Voyager onde as letras "oya" foram danificadas pelo tempo) faz referência a uma suposta sonda Voyager 6, nunca lançada mas que é uma reprodução das sondas Voyager 1 e Voyager 2. Esse filme narra a história de uma civilização digital formada através da sonda Voyager 6 que busca incansavelmente o conhecimento e seu criador.

Referências

  1. "NMT Division Recycles, Purifies Plutonium-238 Oxide Fuel for Future Space Missions", 1996-06-26. Página visitada em 2007-09-07.
  2. "Voyager - Science - Interstellar Science", 2007-06-22. Página visitada em 2007-09-07.
  3. "About the Deep Space Nerwork", 2007-08-01. Página visitada em 2007-09-07.
  4. Sistema Solar tem forma amassada, afirma Nasa. Terra (11 de dezembro de 2007). Página visitada em 2007-12-12.
  5. "Voyager Spacecraft - Goldem Record", 2003-01-14. Página visitada em 2007-09-07.
  6. Sagan, Drake, Lomberg et.al. (1992). Murmurs of Earth. Warner News Media.
  7. "Voyager Spacecraft - Goldem Record - Scenes From Earth", 2003-01-14. Página visitada em 2007-09-07.
  8. "Voyager Spacecraft - Goldem Record - Greetings From Earth", 2003-01-14. Página visitada em 2007-09-07.
  9. "Voyager Spacecraft - Goldem Record - Sounds From Earth", 2003-01-14. Página visitada em 2007-09-07.
  10. "Voyager Spacecraft - Goldem Record - Music From Earth", 2003-01-14. Página visitada em 2007-09-07.
  11. "V'Ger". Página visitada em 2007-11-07.

[editar] Ver também


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