Líquido sinovial
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Líquido sinovial (fluido sinovial ou sinóvia) é um líquido transparente e viscoso das cavidades articulares e bainhas dos tendões. É segregado pelas membranas sinoviais. O termo sinóvia pode apresentar certa ambiguidade, pois alguns autores a consideram sinônimo de membrana sinovial.
O líquido sinovial é um dos elementos que formam o Sistema Locomotor, junto com os ossos, músculos, ligamentos e articulações. Tem a função de lubrificar as articulações sinoviais, permitindo seu movimento suave e indolor (Nas articulações imóveis, como as suturas cranianas, não existe o líquido sinovial).
É formado por um ultrafiltrado do plasma através da membrana sinovial, cujas células secretam um mucopolissacarídeo contendo ácido hialurônico e pequena quantidade de proteínas de alto Peso Molecular (tais como fibrinogênio e globulinas), a qual se soma a esse ultrafiltrado. Como essa filtração plasmática não é seletiva --- exceto no que diz respeito a essas proteínas de alto Peso Molecular --- o líquido sinovial normal tem, essencialmente, a mesma composição bioquímica do plasma[1]. Fornece nutrientes para as cartilagens e atua como lubrificante das faces articulares móveis.
[editar] Análise Clínica
O Líquido sinovial é obtido para análise através da punção sinovial com agulha (artrocentese), realizada sob condições de esterilidade estrita[2]. É recomendado um jejum de pelo menos 6 horas, o que permite um equilíbrio com a glicose sanguínea (glicemia) --- idealmente, deve ser colhida concomitantemente uma amostra de sangue para determinação comparativa. Geralmente é colhido da articulação do joelho, onde seu volume total normal não ultrapassa os 3,5 mL. Tem a coloração amarela pálida, é límpido, não apresenta cristais e não coagula espontaneamente. Em amostras patológicas pode haver fibrinogênio em quantidade aumentada, pelo que é recomendável que se colham amostras com anticoagulante - respectivamente EDTA e/ou Heparina, para as análises citológica e bioquímica - e sem anticoagulante, para a análise microbiológica.
A análise do líquido sinovial começa pela determinação do volume total colhido[2]. A aparência e coloração são observados em um tubo transparente, contra um fundo branco. A leucocitose e a presença de cristais e gotas de gordura, ou outras células degeneradas, podem produzir um aspecto turvo. A coloração avermelhada produzida pela presença de sangue deve ser diferenciada entre coleta traumática (denotada pela concentração decrescente de sangue à medida que a coleta progride, e pela presença de rajas de sangue vivo) e condições patológicas como fratura atingindo a superfície articular, tumor, artrite traumática, artropatia neurogênica, artrite hemofílica, entre outras. A viscosidade é avaliada grosseiramente deixando-se o fluido correr a partir da ponta de uma seringa, sendo um fio ininterrupto de 4 a 6 cm considerado normal; está diminuída em condições inflamatórias e nas efusões traumáticas rápidas. Pelo Método de Ropes, a adição de ácido acético causa a formação de um coágulo que pode ser avaliado como bom (coágulo sólido), regular (coágulo mole), pobre (coágulo friável), e ruim (coágulo ausente).
A glicose no líquido sinovial é inferior em cerda de 0 a 10 mg/dL à do sangue[3]; está diminuída nas artrites bacterianas (incluindo a tuberculosa). O aumento da concentração de proteínas pode ocorrer em casos de gota, artrite reumatóide, e artrite séptica, refletindo tanto o aumento da permeabilidade vascular como a síntese de imunoglobulinas (anticorpos). A determinação de outros componentes bioquímicos usualmente carece de significação clínica.
O estudo imunológico pode ser feito pela determinação do fator reumatóide, que embora inespecífico etá presente em cerca de 60% dos pacientes com artrite reumatóide. A detecção de Adenosina Deaminase (ADA) em concentração elevada é indicativa da tuberculose[3]. A determinação de fatores antinucleares e mensuração do complemento têm-se mostrado desprovidas de utilidade clínica.
O exame microscópico inclui contagem celular total e diferencial, que podem ser efetuadas através da contagem celular em câmara de Neubauer, seguida da análise de distensão corada por corantes do tipo Romanowski (Leishman, Wright ou May-Grünwald-Giemsa). Um microscópio de luz polarizada deve ser usado para a avaliação da presença de cristais[2] . Qualquer cristal presente no líquido sinovial é considerado anormal, sendo muito comuns os cristais de ácido úrico, associados ao acometimento por Gota.
O estudo microbiológico deve sempre incluir a coloração de Gram e, sempre que a tuberculose for suspeita, a coloração de Ziehl-Neelsen. A cultura é positiva na maioria das atrites não-gonocóccicas, mas a Neisseria gonorrheae é isolada em apenas cerca de 50% dos casos positivos[2]. A cultura para Mycobacterium tuberculosis é positiva em cerca de 80% dos casos. Este germe pode também ser detectado através de técnicas de biologia molecular. Outros organismos de crescimento fastidioso podem não ser detectados por cultura em meios tradicionais.
Referências
- ↑ STRASINGER, Susan K, Uroanálise e Fluidos Biológicos, São Paulo, SP: Editorial Médica Panamericana, 2a edição, 1991, ISBN 85-303-0019-X
- ↑ 2,0 2,1 2,2 2,3 HENRY, John B, (ed). Clinical Diagnosis & Management by Laboratory Methods. USA: Saunders, 20th Edition, 2001. ISBN 0-7216-8864-0.
- ↑ 3,0 3,1 TIETZ, Norbert W (ed), Clinical Guide to Laboratory Tests, USA: Saunders, Third Edition, 1995, ISBN 0-7216-5035-X