Centro Democrático Social / Partido Popular
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O Centro Democrático Social - Partido Popular (CDS-PP) é um partido político português inspirado pela Democracia cristã e é aberto também a Conservadores e Liberais clássicos. Fundado em 19 de Julho 1974 por Diogo Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Basílio Horta, Vítor Sá Machado, Valentim Xavier Pintado, João Morais Leitão e João Porto.
O CDS integrou governos, sempre em coligação: com o PS de Mário Soares, com o PSD e o PPM constituiu a Aliança Democrática em 1979-1980, e novamente com o PSD após as eleições legislativas de 2002.
Nas eleições legislativas portuguesas de 20 de Fevereiro de 2005 foram eleitos pelas suas listas 12 deputados. O resultado foi considerado fraco pelo líder do partido, Paulo Portas, que apresentou a sua demissão nesse dia.
O CDS é actualmente de novo liderado por Paulo Portas e conta com um grupo parlamentar de 12 deputados na Assembleia da República. Está na oposição ao Governo Socialista de José Sócrates.
O Partido tem também algumas organizações autónomas que perfilham os seus ideais políticos. Entre elas, a Juventude Popular e a Federação dos Trabalhadores Democratas Cristãos (FTDC).
É membro da IDU - União Democrática Internacional.
Índice |
[editar] Base de Apoio
O eleitorado do CDS é diverso, mas o peso eleitoral do partido é maior no Norte e no Centro do País, sendo extremamente reduzido a sul do Rio Tejo.
Alguns dos seus eleitores tendem, em eleições legislativas, a transferir o seu voto para o Partido Social-Democrata (o chamado "voto útil"). Este fenómeno foi observável em 1987, com as eleições legislativas e europeias realizadas simultâneamente, tendo o CDS registado um resultado inferior a 5% nas legislativas, e de aproximadamente 15% nas Europeias.
O partido, autonomamente, tem uma reduzida expressão autárquica, no entanto, participa em coligação (usualmente com o Partido-Social Democrata) na governação de dezenas de autarquias.
[editar] História
[editar] A fundação
O Partido do Centro Democrático Social foi fundado a 19 de Julho de 1974. Nessa altura Portugal vivia momentos conturbados: instabilidade, violência e grandes tensões sociais após a Revolução de 25 de Abril do mesmo ano. O CDS declarou-se rigorosamente ao centro, mas já então contava com grande parte da Direita Portuguesa nas suas fileiras. No dia 13 de Janeiro de 1975, os responsáveis do CDS entregaram no Supremo Tribunal de Justiça a documentação necessária à legalização do partido. O primeiro congresso foi a 25 de Janeiro de 1975 no Pavilhão Rosa Mota no Porto.
[editar] Primeiros anos de oposição
Depois de 11 de Março de 1975, o regime que já se tentava dominar o País defeniu como principais vectores as questões sociais, a intervenção na economia e a tutela militar. Tudo isto, somado à COPCON (organização militar criada em 1974) e aos constantes ataques ao modelo Social Democrata Ocidental, levou o CDS a declarar-se partido de oposição. Os seus 16 deputados votaram sozinhos contra a Constituição de cariz socialista de 1976, no dia 2 de Abril.
Nas eleições de 1976, o CDS conseguiu os seus objectivos ao ultrapassar o PCP e conseguindo eleger 42 deputados.
[editar] Governo PS-CDS
O CDS chegou pela primeira vez ao poder em aliança parlamentar com o Partido Socialista. O II Governo Constitucional tomou posse a 23 de Janeiro de 1978, e incluía três ministros do CDS: Rui Pena (Reforma Administrativa), Sá Machado (Negócios Estrangeiros) e Basílio Horta (Comércio e Turismo), além de 5 Secretários de Estado . Terminou o seu mandato a 29 de Agosto de 1978.
[editar] A Aliança Democrática (AD)
Em 1979 o Partido do CDS propôs a criação de uma frente eleitoral ao Partido Social-Democrata e ao Partido Popular Monárquico. Essa proposta deu origem à Aliança Democrática, conhecida por AD, que, liderada por Francisco Sá Carneiro (PSD), venceu as eleições legislativas de 1979 e 1980.
Nos governos da AD o CDS foi representado por cinco ministros e dez secretários de estado, tendo o Presidente do partido, Diogo Freitas do Amaral, sido nomeado Vice Primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros (mais tarde Vice Primeiro Ministro e Ministro da Defesa Nacional).
Na noite de 4 de Dezembro de 1980, o primeiro-ministro de Portugal, Francisco Sá Carneiro, o ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, Snu Abecassis, Maria Manuel Amaro da Costa, António Patrício Gouveia e os pilotos Jorge Albuquerque e Alfredo de Sousa morreram num trágico despenhamento de avião. Oficialmente tratou-se de um acidente, no entanto há muito que se suspeita de atentado.
Assim, o Presidente do CDS, Freitas do Amaral, foi Primeiro Ministro interino até à nomeação de um novo governo, desta vez, liderado por Francisco Pinto Balsemão. O VII Governo Constitucional tomou posse a 9 de Janeiro de 1981 e terminou o seu mandato a 4 de Setembro de 1981, após Freitas do Amaral, após desentendimentos no seio da AD se demitir do governo e da presidência do partido, acabando assim com a AD.
[editar] Uma oposição de vinte anos 1982-2002
Após a desintegração da AD, no fim de 1982, e depois da demissão de Freitas do Amaral, o partido procurava novo líder e novas estratégias. No V Congresso do partido, em Fevereiro de 1983, Francisco Lucas Pires saiu vitorioso, concorrendo contra Luís Barbosa.
Face aos fracos resultados eleitorais de 6 de Outubro de 1985, o líder do partido Lucas Pires apresentou a sua demissão. O seu sucessor foi o Professor Adriano Moreira, que, confrontado com novos resultados negativos, decidiu não se recandidatar. Assim, o fundador Freitas do Amaral voltou à Presidência em plena era cavaquista, em que o partido estava reduzido a 4 (mais tarde 5) deputados. Manter-se-ia no cargo até 1992.
Em 1992 uma nova geração tomou conta do CDS. Em março desse ano, no X Congresso do partido, foi eleito o ex-presidente da Juventude Centrista, Manuel Monteiro. Um ano depois, um congresso extraordinário adiciona a expressão "Partido Popular" ao nome do partido, passando-se a usar a sigla CDS/Partido Popular.
Nas legislativas de 1995 o CDS/PP apresenta uma recuperação eleitoral, conseguindo eleger 15 deputados. No entanto, em 1997 após fracasso eleitoral nas autárquicas, Manuel Monteiro apresenta a sua demissão, sendo convocado o XVI Congresso em Braga, em que Paulo Portas sai vencedor após derrotar Maria José Nogueira Pinto. Paulo Portas propõe a reconciliação dentro do partido e um regresso à matriz Democrata Cristã. Nas legislativas de 1999 o CDS/PP consegue manter o seu grupo parlamentar de 15 deputados.
Após grande derrota eleitoral nas eleições autárquicas de 2001, o então primeiro ministro socialista António Guterres apresentou a sua demissão. Era hora para novas eleições.
[editar] A "Coligação Democrática"
O PSD venceu as eleições legislativas de 2002 com maioria relativa. Dadas as circunstâncias, vinte anos depois, celebrou um acordo de coligação para governar Portugal. O CDS teve direito a três ministérios (Paulo Portas na Defesa Nacional, Bagão Félix como ministro do Trabalho e Celeste Cardona sobraçando a pasta da Justiça).
No Verão de 2004 Durão Barroso foi presidir à Comissão Europeia, tendo o Presidente da República nomeado um novo governo PSD/CDS liderado por Santana Lopes. O novo governo gozou de fraca popularidade e, após quatro meses, o Presidente da República dissolveu a Assembleia que apoiava em maioria o governo. Novas eleições foram convocadas para Fevereiro de 2005.
[editar] Legislativas 2005
O CDS partia sozinho e com grandes expectativas para as eleições legislativas. Esperando beneficiar do resultado da governação dos seus ministros e da sua participação nos governos de coligação, o partido lançou-se para metas ambiciosas: Manter-se como terceira força política, impedir a maioria absoluta do PS e atingir os 10% das intenções de voto. Todos os objectivos falharam, tendo o CDS perdido 2 deputados. Isto, aliado à grande derrota do PSD, levou Paulo Portas a demitir-se e a convocar novo congresso.
[editar] "Portugal 2009"
Convocado novo congresso, os candidatos tardavam em aparecer. Após a saída de Paulo Portas, que liderou de forma carismática o CDS durante sete anos, o partido sentia-se órfão, e a ausência de candidatos à presidência do partido agravava ainda mais esse sentimento. Surgiram então dois candidatos: Telmo Correia e José Ribeiro e Castro, o primeiro era visto como claro favorito, representando a linha da continuidade de Paulo Portas. Apesar do favoritismo inicial, Ribeiro e Castro conquistou o congresso, sendo a sua moção, "2009", saído eleita. No dia seguinte Ribeiro e Castro foi eleito presidente do CDS.
[editar] Oposição e Instabilidade Interna 2005-2007
A surpreendente vitória de Ribeiro e Castro, após a saída de Paulo Portas, não agradou a muitos elementos do Partido, levando a um período de crescente instabilidade interna dentro do Partido. Ribeiro e Castro foi reeleito nas primeiras eleições directas do Partido, e, mais tarde, reeleito em Congresso, contra João Almeida, Presidente da Juventude Popular.
O facto do Grupo Parlamentar, escolhido pelo anterior Presidente, Paulo Portas, não integrar o novo Presidente do Partido (actualmente Eurodeputado), nem elementos da nova Direcção, conduziu a que Ribeiro e Castro não tivesse condições de visilibidade pública na oposição ao Governo semelhantes às dos outros líderes da oposição.
A relação com o Grupo Parlamentar atingiu um ponto de ruptura em ínicios de 2007, com a demissão do então Presidente do Grupo Parlamentar, Nuno Melo, e com troca de acusações de deslealdade entre a Direcção do Partido e do Grupo Parlamentar.
Pouco tempo depois, o ex-Presidente do Partido, Paulo Portas, anunciou que era candidato à Presidência do CDS, desafiando Ribeiro e Castro para eleições directas. Contudo, Ribeiro e Castro e os seus apoiantes viam na eleição por Congresso a única solução para esta disputa da liderança.
As eleições acabaram por ser directas e Paulo Portas saiu vencedor com 72% dos votos.
[editar] Líderes
- Diogo Freitas do Amaral (1974-1982)
- Francisco Lucas Pires (1983-1985)
- Adriano Moreira (1986-1988)
- Diogo Freitas do Amaral (1988-1991)
- Manuel Monteiro (1992-1996)
- Paulo Portas (1997-2005)
- José Ribeiro e Castro (2005-2007)
- Paulo Portas (2007 - Actualidade)
[editar] Curiosidades
- A sede do Partido fica localizada num Largo com o nome de um dos seus fundadores, Largo Adelino Amaro da Costa, em Lisboa;
- O I Congresso do Partido foi violentamente cercado por forças de extrema-esquerda, sendo este episódio muito recordado entre os militantes do CDS, pela coragem demonstrada pelos congressistas de então em prosseguir os trabalhos;
- Durante as maiorias absolutas de Cavaco Silva (1987-1995), o CDS era referido como o "Partido do Taxi", pelo facto de ter apenas 4 deputados (e portanto, cabiam à medida num Taxi);
- O facto do primeiro Presidente do Partido e fundador, Diogo Freitas do Amaral, ter saído do Partido, e apoiar Durão Barroso (PSD) e, mais tarde, o Partido Socialista, levou a que o então Presidente, Paulo Portas, mandasse retirar o retrato de Freitas da Sede Nacional. Recentemente, o retrato foi reposto na Galeria de Líderes[1].
[editar] Ver também
Lista de partidos políticos de Portugal
[editar] Ligações externas
- Sítio oficial do CDS-PP
- Sítio da Juventude Popular
- Sítio da Federação dos Trabalhadores Democrata Cristãos
- Sítio Oficial da IDU - União Democrática Internacional
- Sítio Oficial do PPE-DE