Castro
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Um castro é um tipo de povoado existente nas montanhas do noroeste da Península Ibérica, na Europa, e que são característicos da Idade do Ferro com estruturas predominantemente circulares, revelando desde cedo a implementação de uma «civilização da pedra», quer nas zonas de granito quer nas de xisto.
Uma cividade (substantivo feminino antigo de cidade) ou Citânia é um castro de maiores dimensões e importância, habitado continuamente. A designação Citânia é comparado com o "Cytian" dos povoados fortificados nas ilhas Britânicas.
Durante muito tempo consideraram-se os castros como "povoados fortificados" mas esta designação, consagrada pelo uso, é evidentemente muito redutora, porque recobre realidades arqueológicas muito diversas e susceptíveis de variadíssimas interpretações. Recentemente, tem-se vindo a aperceber que estes sítios são de uma enorme a complexidade, que de maneira alguma se podem apenas subsumir numa qualquer "cultura" local (ou várias), e muito menos numa "função" militar.
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[editar] Arqueologia
Os castros estão quase invariavelmente localizados no topo de montes que são defesas naturais e permitem o controle táctico dos campos em redor. Estes montes tinham sempre fontes ou pequenas ribeiras, e naqueles mais desprovidos de água eram construídos reservatórios pelas populações, provavelmente para resistir aos cercos.
Um castro típico é fortificado por uma até quatro muralhas, mas mais comummente três, que complementam as defesas naturais do sítio. As casas têm cerca de três a cinco metros de diâmetro, e são na sua maioria circulares com algumas rectangulares, feitas de pedra solta e terra, com telhado cónico de colmo suspenso por um pilar de madeira central. As ruas são algo regulares, sugerindo organização social avançada. Os castros variam de algumas dezenas a algumas centenas de metros em diâmetro.
Julga-se que os castros eram locais de refúgio durante as guerras tribais Célticas e pré-Célticas, mas muitos, incluindo todas as citânias, eram verdadeiros centros populacionais continuamente habitados.
[editar] História
Castros já existiam durante o Neolítico e a Idade do Bronze, muito antes das Invasões Célticas. Julga-se que a Cultura Ibérica desses povoados se misturou com os elementos célticos sem quebras de continuidade. O Céltico, provavelmente o dialecto Goidélico, tornou-se a lingua franca de toda a Cultura Atlântica. Muitos dos megalitos da Idade do Bronze como menires e dólmenes estão situados em regiões em que também há castros, e são anteriores aos Celtas quer em Portugal e na Galiza, quer na costa atlântica da França, Grã-Bretanha e Irlanda. Estes monumentos continuaram a ser utilizados pelos druidas celtas.
Os Romanos destruíram muitos castros, devido à resistência feroz dos povos castrejos ao seu domínio, mas alguns foram aproveitados e expandidos como cidades romanas. Segundo Jorge de Alarcão "Aos castros, deram os Romanos o nome de castella, que aparece nas inscrições do século I d.C. sob a forma abreviada de um C invertido[...]"
[editar] Localização
A zona nuclear castreja corresponde a toda a Galiza e à região portuguesa de Entre-Douro-e-Minho que confina a leste com a área ocupada na antiguidade pelos povos da etnia Zoelae para além do rio Sabor.
Existe uma grande densidade de castros no Alto Minho, em especial nos territórios dos concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Paredes de Coura, Viana do Castelo, Ponte de Lima e Esposende.
No entanto, na bacia do Ave-Vizela existe um maior conjunto de castros de grande dimensão: a Citânia de Sanfins, Citânia de Briteiros, Cividade de Bagunte, o Castro de Alvarelhos e ainda nas proximidades a Cividade de Terroso.
Menos densas são a região de Basto e ainda menos densa é a planície litoral a Sul do Douro. Em Trás-os-Montes, existe uma concentração significativa nas zonas de terras altas, com altitude superior a 750 metros, nos concelhos de Montalegre, Boticas e parte dos concelhos de Vinhais e Bragança.
Novas perspectivas sobre a celtização do NO de Portugal e o território dos Callaeci Bracari valorizam características culturais e linguísticas de filiação céltica no substrato castrejo, ainda com forte expressão durante o período galaico-romano (inscrição da Fonte do Ídolo em Braga e o nome da cidade galaico-romana de Tongóbriga).
Também há alguns castros no Centro de Portugal e nas Astúrias (região de Espanha). Povoados semelhantes também foram encontrados na França Atlântica (Bretanha), Grã-Bretanha e Irlanda.
[editar] Estruturas muradas
Observam-se normalmente cinco tipos diferentes de muros castrejos:
- Muralha de alinhamento, espessura e aparelho irregulares constituída or camadas de pedras colocadas horizontalmente, como ocorre no Castro do Coto da Pena.
- Muralha espessa com duas faces regularizadas de grandes blocos preenchidos por um aglomerado de pedras sem argamassada, como ocorre no Castro de Sabroso.
- Uma grande construção constituída por dois muros paralelos de faces verticais, normalmente de grandes blocos dispostos irregularmente, com intervalo preenchido por terra, tal como acontece na Cividade de Terroso.
- Construção sólida com muros de reforço adossados tal como ocorre no Castro de Romariz.
- Muralha simples com espessura média de 1,50 metros, normalmente formada por dois paramentos paralelos, tal como ocorre na Citânia de Briteiros.
[editar] Fases
- A cultura castreja formou-se num contexto atlântico com relações continentais e mediterrânicas por volta do ano 900 a.C.
- A segunda fase inicia-se por volta de 500 a.C. e desenvolve-se com as migrações túrdulas, o comércio púnico e as primeiras importações provenientes da Península Itálica. É igualmente a fase da chegada de elementos étnicos célticos cujos contornos cronológicos e históricos devem ser entendidos no âmbito dos diversos processos regionais de celtização peninsular.
- A terceira fase é a da proto-urbanização da cultura castreja com apogeu e declínio na era da romanização.
[editar] Candidatura a património mundial
Os castros do Noroeste de Portugal e Galiza serão conjuntamente avaliados pela UNESCO para serem candidatos a património mundial. Entre as 7 mil ruínas de castros galaicos, seis foram seleccionados por reunirem condições para a candidatura e serão posteriormente avaliados por inspectores da UNESCO. Estes são:
Candidatos da linha da frente a serem avaliados pela UNESCO:
- Castro Monte Mozinho - Penafiel
- Castro Romariz - Santa Maria da Feira
- Citânia de Briteiros - Guimarães
- Citânia de Sanfins - Paços de Ferreira
- Cividade de Terroso - Póvoa de Varzim
Castros na linha da frente (um deles ou ambos):
- Castro de São Lourenço - Esposende
- Citânia de Santa Luzia - Viana do Castelo
Castros candidatos à linha da frente:[1]
Até 2010, por altura da formalização da candidatura, espera-se que este número chegue às duas dezenas.
[editar] Ver também
- Berrão
- Cultura castreja
- Dragano
- Geografia romana em Portugal
- Lista de castros
- Lista de castros de Portugal
- Pedra Formosa
[editar] Referências
- Coelho Ferreira da Silva, Armando- A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins, 1986
- Alarcão, Jorge de- Populi, Castella e Gentilitates. Revista de Guimarães. Volume Especial, I, Guimarães, 1999. Casa de Sarmento.
- COSTA, Ricardo da. "52. A cultura castreja (c. III a.C. - I d.C.): a longa tradição de resistência ibérica", em Revista Outros Tempos, São Luís, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), volume 3, 2006 (ISSN 1808-8031), p. 37-58.
- Coutinhas, José Manuel - "Callaeci Bracari - aproximação à identidade etno-cultural". Porto. 2006.
- Guimarães Apontamentos para a sua História. Padre António José Ferreira Caldas.2.ª Edição, Guimarães, CMG/SMS, 1996, parte I, pp. 240/243