Língua servo-croata
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Servo-croata | ||
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Falado em: | Sérvia, Montenegro, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Albânia, Áustria, Hungria, Itália, Romênia, Rússia, Eslovênia, Turquia, República da Macedónia. | |
Total de falantes: | 21 milhões | |
Família: | Indo-européia Eslava Meridional Oriental Servo-croata |
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Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | bo, hr, sr | |
ISO 639-2: | bos, scr, scc (B) | hrv, srp (T) |
ISO/DIS 639-3: | hbs | |
SIL: | SRC |
A língua servo-croata é uma língua eslava falada principalmente na Sérvia, em Montenegro, na Croácia e na Bósnia e Herzegovina por pouco menos de 20 milhões de pessoas. Seus códigos ISO 639 são sh, scr e scc.
É composta por um diassistema, dividida em duas línguas principais:
- a língua croata, que usa o alfabeto latino
- a língua sérvia, que usa dois alfabetos: o alfabeto cirílico e o alfabeto latino
A ex-Iugoslávia era um verdadeiro caldeirão de misturas: dois alfabetos, três línguas oficiais, três religiões predominantes, quatro etnias e seis repúblicas. Com sua dissolução se produziu uma simplificação notável no sentido de que cada nova entidade se identificou com um Estado determinado, seja, Sérvia, Croácia, Bósnia e Herzegovina ou República da Macedónia. Apesar de tudo, as dificuldades em todos os níveis nesta região dos Bálcãs persistem. Inclusive no aspecto lingüístico.
A Sérvia entrou num período de estagnação após a derrota sofrida ante os invasores turcos-otomanos em 1389 e só a Igreja Ortodoxa manteve a aprendizagem da literatura viva. A língua da Igreja e a ortografia baseada no alfabeto cirílico influíram notavelmente nos escritos seculares, tanto na Sérvia, dominada pelos turcos, quanto na Voivodina, pelos húngaros.
A partir de 1700 ambas as nações entram na esfera do Império Austro-Húngaro, originando-se uma literatura um tanto ambígua em suas normas e inteligível somente para os que conheciam a língua da Igreja. Enquanto isso, os croatas, ligados administrativamente e pela religião católica com os países europeus a norte e a oeste, cultivaram a literatura em línguas vizinhas e em sua própria. Os escritores da costa do Adriático utilizaram o latim e o italiano assim como os dialetos de Dubrovnik e Split; em troca os que viviam no norte da Croácia usavam o alemão, o húngaro, o latim e seus dialetos locais. A ortografia era principalmente latina, traduzindo os sons não latinos por meio do húngaro ou de convencionalismos gráficos semi-italianos. Como na Croácia se manifestam as maiores diferenças dialetais de todo o território do servo-croata, há grandes diferenças entre o escrito em Zagreb ou Varazdin no norte, que o escrito na costa do Adriático.
Não obstante os croatas também têm uma tradição da Igreja Eslava, pois as regiões costeiras e insulares mantiveram a liturgia, contra a vontade da hierarquia, em textos eslavos escritos em alfabeto glagolítico, prática mantida na ilha de Krk. O glagolítico serviu também como veículo secular e os croatas desenvolveram caracteres de forma e cursivos peculiares.
Índice |
[editar] Dados
O servo-croata é falado na Croácia, Bósnia e Herzegovina e Sérvia e Montenegro, todas ex-repúblicas da ex-Iugoslávia até 1991, junto com a República da Macedónia e a Eslovênia. Todas as repúblicas se converteram em países independentes.
O servo-croata é a língua nativa de quatro grupos étnicos: os sérvios (8,5 milhões), os croatas (4,5 milhões), os montenegrinos (600 mil) e os muçulmanos bósnios (bosníacos) (2 milhões). Na ex-Iugoslávia, este último grupo se considerava, por sua religião, uma etnia à parte; sem dúvida, a partir de um ponto de vista histórico, são naturalmente descendentes de sérvios e croatas que se converteram ao islamismo no grande período de dominação turca na Bósnia e Herzegovina.
A divisão dos países coincide quase exatamente com a distribuição dos diversos grupos étnicos. A Sérvia, habitada fundamentalmente por sérvios, conta também com uma importante minoria croata (cerca de 150.000), montenegrina (150.000) e muçulmana (200.000). Na Croácia, cerca de 75% da população é croata, mas também conta com uma minoria sérvia de quase 0,5 milhão de habitantes. Montenegro também inclui minorias muçulmanas e sérvias. Na Bósnia e Herzegovina se misturam os quatro grupos étnicos: junto com os muçulmanos bósnios, residem 1,25 milhões de sérvios e 750 mil croatas.
Devido às imigrações históricas que ocorreram por motivos políticos e econômicos, existe também um bom número de falantes de servo-croata na Áustria, Hungria, Romênia e na província italiana de Molise. Além disso, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Suécia e Alemanha abrigam um bom número de emigrados de língua servo-croata. Finalmente, não se deve esquecer que o servo-croata constituía a língua franca de todos os povos da antiga Iugoslávia.
[editar] Dialetos
O termo servo-croata é mais usual em âmbitos acadêmicos e era muito utilizado na ex-Iugoslávia. Não obstante, paralelamente a esta denominação, encontramos termos alternativos como croata-sérvio, e croata e sérvio, freqüentes entre os lingüistas croatas. Os falantes desta língua, dependendo de sua origem étnica, fazem menção à mesma como croata ou sérvio.
Os dialetos servo-croatas se dividem em três grupos: Kajkaviano ou ekaviano, que se subdivide em seis subdialetos. Seu uso se concentra no norte da Croácia, em torno de Zagreb, e compartilha vários termos com o esloveno. Cakaviano, que é falado na Ístria, na costa dálmata e nas ilhas adriáticas; corresponde-se com o ekaviano e com o ikaviano, ou uma mistura de ambos e também se subdivide em seis subdialetos. Stokaviano, dialeto principal, que pode se corresponder tanto com o (i)jekaviano, ekaviano e ikaviano; este dialeto apresenta onze subdivisões e seu uso se localiza no resto da Croácia, Bósnia e Herzegovina e Sérvia e Montenegro. Os dialetos stokavianos podem dividir-se, a partir de um outro ponto de vista, em dois grandes blocos: o neosokaviano e o sokaviano antigo.
Para simplificar, poderíamos dizer que existem duas formas de se classificar os dialetos servo-croatas: A primeira toma como referência o pronome relativo interrogativo (sto, cak e kaj), enquanto a segunda toma como referência~a evolução da vogal proto-eslava jat. De acordo com esse critério caso se preserve o som original je (ou o grupo ije), diz-se que é uma variante (i)jekaviana; se passa a ser e, trata-se de uma variante ekaviana; se passa a ser i, trata-se de uma ikaviana. Por exemplo, tomemos a palavra estrela: em ijekaviano é zvijezda, em ekaviano é zvezda e em ikaviano é zvizda. A grosso modo, poderíamos dizer que todos os idiomas eslavos podem se considerar pertencentes a uma variante ou outra. Os extremos opostos seria o russo (fortemente jekaviano), e o esloveno (fortemente ekaviano). O ucraniano apresenta uma notável tendência ikaviana, como se pode observar no seguinte exemplo: russo (pronunciado) mjesto, esloveno mesto, ucraniano misto. Os idiomas centrais (eslovaco, tcheco e polonês) são de tendência jekaviana. A peculiaridade do servo-croata é que, dentro do mesmo idioma, observam-se as três tendências.
Em termo gerais, podemos dizer que os croatas falam dialetos kajkavianos, cakavianos e stokavianos, enquanto os sérvios, montenegrinos, bósnios e muçulmanos só falam dialetos stokavianos. A língua literária servo-croata baseia-se no dialeto (i)jekaviano neostokaviano da Herzegovina oriental.
[editar] Escrita
Os croatas e bósnios utilizam o alfabeto latino. Já a maioria dos sérvios e montenegrinos usam o cirílico, enquanto parte considerável destes dois povos prefere o latino. Em grandes cidades como Belgrado, usam-se indistintamente e concomitantemente os dois alfabetos, sendo muito comuns letreiros de lojas e placas de rua apresentarem as duas grafias lado a lado. O mesmo acontece, por exemplo, nas cédulas de papel-moeda da Sérvia e da antiga Iugoslávia. Na parte ortodoxa o alfabeto cirílico é usado desde o século XII enquanto na região católica (Croácia) se usa o alfabeto latino desde o século XIV. Na Bósnia, até o início do século XX, utilizava-se o alfabeto árabe para escrever em servo-croata, o que é uma peculiaridade.
[editar] Gramática
Entre os sérvios e croatas existem notáveis diferenças léxicas e sintáticas, ainda que sua fonética e morfologia sejam menos diferenciadas. O servo-croata possui três gêneros, dois números e sete casos, incluindo o vocativo.
Os pronomes pessoais são: singular 1ª pessoa ja, 2ª pessoa ti, 3ª pessoa on/ona/ono; plural 1ª pessoa mi, 2ª pessoa vi, 3ª pessoa oni/one/ona.
A numeração de 1 a 10: jedan/jedna/jedno, dva/dve/dva, tri, chetiri, pet, šest, sedam, osam, devet, deset; 11 jedanaset, 12 dvanaset, 20 dvadeset, 30 trideset, 40 chetrdeset, 100 sto.
A ordem da frase é sujeito, verbo e objeto ou verbo, sujeito e objeto.