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Aldosterona - Wikipédia, a enciclopédia livre

Aldosterona

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Estrutura química da aldosterona
Estrutura química da aldosterona
Regulação da diurese pelo ADH e aldosterona
Regulação da diurese pelo ADH e aldosterona

Aldosterona é um hormônio esteróide (da família dos mineralocorticóides) sintetizado na zona glomerulosa do córtex das glândulas supra-renais. Faz regulação do balanço de sódio e potássio no sangue.

Foi isolado pela primeira vez por Simpson e Tait em 1953.

[editar] Ações fisiológicas

Aumento da natremia (concentração de sódio no sangue)

Diminuição da caliemia (concentração de potássio no sangue)

  • Aumento da reabsorção de cloro do filtrado urinário
  • Aumento da excreção de potássio para o filtrado urinário

Aumento do pH do sangue ou alcalose

  • Secreção de ions de hidrogênio para o filtrado urinário

Aumento da pressão arterial e da volemia (volume de sangue circulante)

  • Aumento de reabsorção de água

A função principal da aldosterona é a manutenção do volume de fluído extracelular, por conservação do Na+ corporal; a sua produção depende de aferências renais, estimuladas quando é detectada uma redução no volume de fluído circulante.

Quando há redução do sódio extracelular, como acontece, por exemplo, na restrição dietética de sódio, a diminuição volume plasmático e do fluído extracelular diminui o fluxo e pressão de perfusão renais, o que é detectado pelas células justaglomerulares renais, que segregam, como resposta, renina para a circulação periférica. A renina converte o angiotensinogénio ( a2-globulina plasmática sintetizada no fígado ) em angiotensina I que, depois, é clivada pela enzima de conversão da angiotensina presente em muitos leitos capilares, sendo classicamente destacado como mais importante o pulmonar, originando a angiotensina II.

A angiotensina II fixa-se a receptores membranares específicos a nível da supra-renal, produzindo segundos mensageiros como o Ca2+ e derivados do fosfatilinositol; a activação da cínase C altera a expressão enzimática favorecendo passos da síntese de aldosterona.

Alterações mínimas no sistema angiotensina plasmático são suficientes para desencadear respostas máximas de produção de aldosterona. Após algumas horas-dias as velocidades de secreção de renina e aldosterona podem ser aumentadas consideravelmente, de 4 a 8 vezes no caso de dieta com restrição de sódio, e 2 a 4 vezes, no caso de hemorragias, ortostatismo prolongado ou diurese aguda. Por oposição, na ingestão excessiva de sódio e na retenção de grandes quantidades de volume extracelular a secreção de renina e aldosterona está suprimida. Deste modo, há um sistema de “feedback” negativo resultante da interacção entre a zona glomerular e as células justaglomerulares.

Outros estímulos para a secreção de renina:

maior actividade simpática, ex. na hipovolemia, por acção da noradrenalina em receptores b-adrenérgicos renais. Prostaglandinas locais – por isso medicamentos como agentes anti-inflamatórios não-esteróides ( inibidores da ciclo-oxigénase) reduzem a resposta de produção de aldosterona, nas situações de baixo fluxo sanguíneo renal. Mecanismos de “feedback”:

a angiotensina II exerce uma acção local de inibição da libertação de renina, participando num “feedback” negativo. O ANP (peptídeo auricular natriurético) contraria os efeitos do sistema renina-angiotensina na produção de aldosterona. Quando há expansão do volume plasmático os miócitos auriculares, sensibilizados pela distensão, libertam o ANP que se fixa a receptores específicos na zona glomerulosa, inibindo a síntese e libertação da aldosterona (nestas circunstâncias, os valores de angiotensina são, também, reduzidos, encontrando-se o sistema renina-angiotensina inactivo); por outro lado, o ANP também actua indirectamente, reduzindo a libertação de renina.

O principal condicionante da actividade da aldosterona é, no entanto, o potássio; as relações de “feedback” existentes com o potássio são vitais. A aldosterona é um facilitador biológico da depuração de potássio, sendo a sua secreção aumentada na presença de níveis aumentados de potássio. As elevações do potássio plasmático, ou da sua ingestão na dieta são fortes estímulos para a libertação de aldosterona.

O potássio estimula a libertação de aldosterona por despolarização das células endócrinas da suprarrenal, abrindo canais de Ca2+ dependentes da voltagem. A elevação da concentração de Ca2+ intracelular é responsável pela activação da produção.

O ACTH também se associa, como acontece com o cortisol, à estimulação da produção de aldosterona; contudo, face à acção continuada do ACTH, este efeito sofre uma atenuação e anulação em poucos dias, porque seus efeitos de “feedback” negativo da aldosterona inibem a sua secreção, impondo-se ao estímulo positivo do ACTH. O papel do ACTH parece ser uma estimulação tónica basal, na sua ausência a resposta da zona glomerulosa a outros estímulos está francamente diminuída.

Os estímulos positivos para a secreção de aldosterona ([Na+] reduzida, angiotensina II, [K+] alta e ACTH) estão interrelacionados, cada um deles facilita a acção dos restantes.

Há outros factores de regulação em estudo, entre os quais um outro peptídeo, também derivado da POMC (mas diferente do ACTH), a acetilcolina e a serotonina, todos estimulatórios, e a dopamina, inibitória (reduz os níveis de AMPc, por intermédio de uma proteína G inibitória).

O padrão de secreção diária de aldosterona (circadiana) parece ser independente de qualquer um destes estímulos; é uma propriedade intrínseca da glândula. O pico de secreção ocorre às 8 horas da manhã e o mínimo às 23 horas da noite.

Acções da Aldosterona e restantes Mineralocorticóides A aldosterona fixa-se ao receptor de mineralocorticóides e altera a transcrição génica; normalmente, é necessária uma latência de uma a duas horas até que se verifiquem os efeitos hormonais.

O rim é o principal alvo. É estimulada a reabsorção activa de sódio a nível tubular, pelas células dos túbulos colectores e túbulos contornados distais, sendo preservado o principal, e vital, catião extracelular; a água sofre reabsorção passiva, acompanhando o Na+, de modo que a expansão do volume extracelular se faz sem alteração da osmolaridade.

Apesar da aldosterona interferir em apenas 3% da capacidade total de reabsorção de Na+, o défice de aldosterona cria um saldo negativo considerável no equilíbrio do Na+.

A acção subcelular faz-se sentir no polo luminal, aumentando o número de canais membranares que permitem passagem de Na+ a favor do gradiente electroquímico, no polo basal, aumentando a ATPase Na+ - K+, que exterioriza Na+ para os capilares, nas mitocôndrias, estimulando as reacções do ciclo de Krebs e aumentando a produção energética e, no citosol, aumentando a actividade da fosfolípase e a síntese de ácidos gordos para formação de membranas biológicas.

Simultaneamente, há excreção activa de potássio para o lúmen tubular renal; a electronegatividade luminal, gerada após a passagem do Na+ para as células tubulares favorece a difusão passiva de K+ para o lúmen. A aldosterona é responsável por um nível mínimo de excreção de K+. A maioria da excreção diária de potássio depende da secreção tubular distal a nível renal, sendo essencial a presença da aldosterona; ao contrário do que acontece com o sódio, o fluxo de potássio não arrasta consigo água e, portanto, a retenção de potássio plasmática não altera a volemia, mas, por isso mesmo, manifesta-se rapidamente como elevação perigosa das concentrações de potássio.

A retenção de Na+ e H2O, na administração continuada de aldosterona, resulta num aumento da pressão sanguínea e volume plasmático.

No entanto, volvidos alguns dias esta retenção cessa, porque se atinge um estado de equilíbrio, porque a hipervolemia aumenta a taxa de filtração glomerular e o ANP (libertado em situação de hipervolemia, inibe a libertação da aldosterona e diminui a sua actividade nos túbulos renais). Apesar do referido, persiste a perda de K+ e de H+ por troca com Na+ reabsorvido, desenvolvendo-se uma alcalose metabólica.

A aldosterona, para além da acção renal, também altera as trocas iónicas noutros órgãos; estimula a reabsorção de sódio no cólon, aumentando a excreção de potássio nas fezes. Acontece algo semelhante na saliva e suor.

A aldosterona também poderá aumentar a pressão arterial por acção vasoconstrictora directa, actuando em receptores de mineralocorticóides, nas células musculares lisas vasculares. Poderá contribuir para o desenvolvimento de fibrose no sistema cardiovascular, em situações patológicas como a insuficiência cardíaca e a doença isquémica do miocárdio.

Apesar do cortisol se associar com elevada afinidade ao receptor de mineralocorticóides a sua actuação é escassa, dados os elevados níveis de enzimas inactivadoras a nível local.

[editar] Farmacologia

Sua função é alterada pelos Inibidores da Aldosterona, como a Espironolactona e o Eplerenone.

[editar] Relacionados

Síndrome de Conn - hiperaldosteronemia primária, em 80% dos casos associada com adenomas de adrenal hiperfuncionantes e em 20% dos casos com hiperplasia adrenal bilateral.


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